
A Produção científica e a sua condição que é ser publicada, resulta na produção bibliográfica.
Outra característica da produção científica é partir do conhecimento já existente para evoluir, produzir mais e novo conhecimento, inovar e melhorar, produzir novo e inovador “nova et nove”. Acrescentar implica fazer a revisão bibliográfica do já existente, ou como também se diz, mostrar o estado da arte.
O resultado é sempre apresentar a bibliografia das fontes utilizadas. E as fontes podem ser diversas: arquivos, livros, jornais, filmes, manuscritos, pautas musicais, imagens, e muitas outras. Vamos buscar estes documentos a lugares onde os agrupavam e mantinham. Arquivos, Bibliotecas, Centros de documentação, casas paroquiais, casas particulares, associações, e muitos outros lugares. Actualmente o recurso à web, onde estes e outros documentos estão acessíveis e são mantidos, porque foram digitalizados, ou daí já são nativos e muito vulgar. Para a Web já foram descarregados arquivos, livros, discos, filmes, imagens, jornais e muitos outros suportes físicos de informação. A Web não passa e um modo diferente de suporte de informação.
A pesquisa na Web tem hoje mais ocorrências, por ser mais cómoda. Bem mais do que ter de se deslocar fisicamente à fonte. Jornal, biblioteca ou arquivo. É mais rápida, mais versátil. Posso copiar, transferir, formatar e fazer umas tantas outras coisas que fisicamente tem mais trabalho e até custo. Mas os documentos são os mesmos do espaço físico, a web é apenas mais uma ferramenta. E comporta riscos acrescidos de erro e de validade, de verdade e credibilidade.
As regras de publicação, citação e referência de fonte, para a actividade académica ou escolar, para a investigação ou pesquisa destinada a trabalhos escolares com o fim de realizar aprendizagens, não mudaram. Nem o uso de uma ferramenta diferente muda o nome do trabalho.
O termo bibliografia é como já afirmamos, o termo usado para a descrição das fontes utilizadas na elaboração de uma nova pesquisa, reflexão e publicação. Não faz sentido alguém que apenas pesquisou em jornais, afirmasse que tinha feito uma "efémerografia", ou no caso de documentação legislativa dissesse que tinha feito uma "legisgrafia", ou até mais caricato de alguém que tivesse só consultado manuscritos, viesse a referir uma "manusgrafia".
Daqui se infere que o termo "webgrafia" não faz sentido. É inútil como neologismo. É errado como signo, ou seja, não corresponde ao seu significante. A web é apenas o local onde se depositam os recursos informativos. Livros, revistas, jornais, etc. Seria o mesmo que dizer "bibliotecografia". Ou também "arquivografia" só porque um determinado documento estaria num arquivo.
Ainda há dias no bibvirtual dava nota de como citar os vários tipos de documentos, e também os electrónicos. http://bibvirtual.blogs.sapo.pt/172259.html e http://bibvirtual.blogs.sapo.pt/citar-ou-nao-173071
Também tenho visto muita falta de rigor na aplicação da Norma Portuguesa NP 405-4 que trata da referência para documentos electrónicos. Aplica-se a livros electrónicos, bases de dados, programas, revistas, artigos e outras publicações electrónicas, a news groups, listas de discussão e mensagens. Enfim, a todos os que preferencialmente usam a web para pesquisar os seus estudos e trabalhos.
Há, no entanto, para estudos específicos de bibliometria, o estudo específico que visa apenas a produção científica publicada na web e que assume a designação de webmetria, ou o estudo quantificado do ponto de vista social da informação (âmbito específico da ciência da informação) veiculada apenas nesse meio específico e que se tem designado por infometria. Mas isso é outra coisa, e para isso se justifica um outro post.
António Regedor