. O Jardim, a Ciência e a V...
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Fomos jovens nos anos sessenta. Origens humildes. Habitações pouco confortáveis. Dificuldades económicas. Mas vencemos. Estudamos numa escola que o não era. Era a adaptação de uma casa rural a escola. Mas vencemos. Fomos homens com a ameaça da guerra. Uma guerra com um inimigo difuso, que emboscava. Um guerrilheiro desconhecido e em lugar ignorado, invisível, como agora. Mas vencemos. Aqui estamos. Fizemos uma revolução que mudou regime, política, costumes que já experimentávamos desde o tempo hippie. E vencemos. Continuamos a progredir nos respectivos empregos, estudamos ainda mais e vencemos. Apanhamos o início do século vinte e um numa crise de deflação. Esse nome com que nos assustavam nas aulas de economia política. Crise, deflação, desvalorização bolsista, desinvestimento, falência, desemprego. O cenário teórico aprendido nas aulas, apresentado ao vivo e em gráficos a preto na preta da vida. Mas vencemos. Agora confinados como reclusos, com medo de outro inimigo invisível, com saídas precárias furtivas como quem vai fazer golpe de mão ao supermercado, desviando-se dos outros como quem se desvia do inimigo, falando à distância com medo de granada, pisando o caminho com a cautela de quem evita a mina. Fechados no abrigo. Sabendo que desta vez, com mais de 65 anos, em caso de queda o nosso resgate não contará com o heli que nos ventile. Mas venceremos.
António Borges Regedor
A Academia começa com as lições de Platão no Bosque Akadeomos. A essas lições acorriam vários discípulos, entre os quais Aristóteles que se manifestava irreverente face ao Mestre. “O dever de todo o discípulo é ultrapassar o seu Mestre” dizia Aristóteles. E assim deve ser, e assim se faz ciência. As conclusões de uns, são o ponto de partida para outros e também para o próprio. Face a uma ideia concebida, dessa mesma se deve duvidar. questionar e a partir dela inovar. Do ponto de vista pessoal é isto que nos faz processar, melholhar, renovar. Do ponto de vista social é assim que nos faz aclarar, esclarecer ou ainda reorganizar, renovar, reestruturar. Enfim, avançar tomando sempre novos horizontes, azimutes, proas. A nautica ensina-nos o modo mais elementar do ethos. O de que a linha que traçamos, por muito melhor que tenha sido calculada, sofre da circunstância do oikos ao longo do Kronos. Por bem que a linha tenha sido traçada, em nautica, os ventos e correntes fazem derivar a linha mapeada. A rota é desviada por efeito de deriva. Esta tem que ser permanentemente corrigida traçando novas proas, novas linhas de rumo ao longo do tempo. Inevitavelmente esses novos rumos sofrerão de novas derivas e estarão permanentemente a ser dorrigidos. . Assim é a vida. E essencialmente a ciência, de paradigma em paradigma, de lei em lei, relativizando cada uma delas ao seu objecto e objectivo. A vida, como a ciência é esta deambulação peripatética. Seja qual for o Pathos. O de Akadeomos ou o da entrada da nossa faculdade, da oficina, do condomínio ou o do forum de onde se alarga a cidade e se expressa a cidadania.
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