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Sexta-feira, 6 de Novembro de 2020

Os Estados desunidos da América.

mapa-ESTADOS-UNIDOS.png

Restam já poucas dúvidas da derrota de Trump. Mas mais do que isso há uma constatação que se impõe:

Os Estados desunidos da América.

Há claramente dois mapas dos USA. O do Litoral e o do Interior. O Litoral Democrata progressista, industrial, cultural e o Republicano conservador, retrógrado e proto-fascista nas suas expressões racistas, chauvinistas, supremacistas, agressivos, e ainda rural e bronco, nas suas expressões ignorantes, terraplanistas, negacionistas da ciência, efabuladores e fantasistas políticos, alimentados por mentiras (fake news na expressão local).

Mas não deixa também de espantar que nos votantes haja tão pouca consciência de si próprios, de auto.estima e respeito pela sua identidade, direitos e deveres.

O que espanta é que sabendo-se da relação hostil que Trump tem para com as mulheres, quase metade ainda veja no energúmeno algum argumento para votar nele.

Espanta também que após a campanha para colocar os hispânicos atrás do muro, que um em cada dois não tenha espelho. Que falando da Covid 19 como o vírus chinês, ainda haja um em cada asiático que vota nele. Depois espantem-se que os chineses não tenham respeito pelos vizinhos. E também espanta que apesar de poucos, um em cada dez de negros goste de bastonadas e de morrer com tiros da polícia.

Espanta também que quatro em cada dez votantes com ensino superior encontrem alguma afinidade com as mentiras, os negacionismos e as tretas da terra plana do Trump.

Bem precisa a Europa de se afirmar como espaço autónomo de referência civilizacional, ético, cultural, económico, de justiça e de segurança para não se afundar com o império em derrocada e poder afirmar-se face ao império emergente.

 

António Regedor

 

publicado por antonio.regedor às 21:15
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Quinta-feira, 12 de Julho de 2018

O Império repete-se. A morte é o seu destino.

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Os Estados Unidos impuseram na NATO a despesa aplicada aos parceiros de 2% do PIB. Como todos os estados aliados da Nato usam armamento essencialmente americano. Estamos mesmo a ver quem beneficia com este imposto. 

A propósito desta forma de cobrança de imposto a favor do império, refiro o livro “ A civilização Grega” de André Bonnard.

Na guerra contra a Pérsia, (Século V antes de cristo) as cidades gregas fizeram uma confederação com sede em Delos. No entanto, devido à maior força da sua frota de barcos, “Atenas gozava de privilégios particulares no seio da Confederação, devido à força única da sua frota. Tinha o comando das operações militares, donde resultava livre disposição das finanças”.  (Como hoje é tão parecido). “...algumas das cidades aliadas, cujos barcos não eram do tipo moderno” forneciam uma contribuição em dinheiro. Só três cidades pagavam em barcos, as  restantes pagavam em impostos.  O resultado natural dessa supremacia foi Péricles transferir o tesouro da confederação para Atenas.  E diz Bonnard “Em teoria,  todos os aliados são cidades autónomas e têm direitos iguais, De facto, existe um desiquilibrio entre o poder de Atenas, senhora das operações militares e das finanças, e a fraqueza relativa das cidades aliadas.” (Bonnard: 1980, p.190)  (mais uma vez o paralelismo com os dias de hoje). Quando se evidenciavam discórdias, as cidades discordantes eram subjugadas e tornadas súbditas. Atenas fixava o seu tributo anual. “Outras vêem os seus oligarcas expulsos e “democratizado” o governo”...”Instala em diversos lugares governos que lhe são dedicados.” (Bonnard: 1980, p.190) . ( sempre a repetição).     É pelos tribunais de Atenas que são julgadas as desavenças de Atenas com os seus súbditos...”. “A Confederação de Delos tornou-se Império de Atenas”  (Bonnard: 1980, p.191) .

Felizmente, tem mostrado a história ser ingrata aos impérios. Todos foram perecendo, como é já evidente com o actual império americano. Também este fenecerá, como é da história. Resta-nos a nós súbditos querer ou não erguer a cabeça. Para já, António Costa  disse que não seria 2%, mas apenas 1,98%, e não apenas com o novo Fundo Europeu de Defesa, mas também com o futuro Horizonte Europa, destinado à inovação e investigação. E quanto a este último fundo europeu, repete-se a história. Os súbditos não constroem barcos, pagam tributo de cabeça baixa.   

 

A civilização grega / André Bonnard. Lisboa : Edições 70. 1980.

publicado por antonio.regedor às 11:34
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