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O ensino é caro. Corresponde a um período da vida em que o indivíduo não tem receita, mas apenas despesa. Na generalidade dos casos despesa suportada pela família, e dessa forma só as famílias mais abastadas possibilitavam formação superior aos seus filhos. A desigualdade social a começar no berço.
As sociedades modernas e que para além de estados de direito são também estados sociais tiveram primordial atenção à alfabetização, ás literacias e á formação superior. Durante alguns, poucos anos em portugal, vivemos um clima de promoção da formação, da investigação e ciência.
O modelo de Bolonha para o ensino superior, veio introduzir um paradigma neoliberal, com o estado a desconsiderar a formação académica e a ciência, desvinculando-se desses custo e transferindo-o à maneira neoliberal para quem puder pagar a sua própria formação. A redução de um em quatro anos de ensino superior significa tão só a dimnuição em orçamento de estado de 25%. O resto da formação que tendencialmente será distintiva ao nível do Mestrado ficará dependente dos recursos de cada um.
Com menos recussos dos estados, e com cada vez menos alunos capazes de pagar os seus prórios estudos, a Universidade vê-se cada vez mais limitada na sua missão, que é o de formar o melhor e maior número possível de cidadãos, e dessa forma promover a competividade do país. O país é tanto mais competitivo no seu todo, quanto mais formação superior, mais investigação, ciência estiver capaz de produzir.
Por isto se vê a Universidade e tentar procurar financiamento que lhe dê futuro e assim dê futuro ao país.
António Regedor
Eduardo Roca, Catalão, escreve “A Oficina dos livros proibidos”. Mais um romance histórico. Este no seculo XV. Um romance que imagina a passagem da oficina de cópia para a tipografia. A cópia feita por laicos de livros que já não são apenas religiosos. Desde o século XII-XIII que a cópia de livros deixou de ser feita exclusivamente nos scriptórios monásticos. A Universidade precisava de muitos livros, a cópia passou “à pecia”. Mas no século XV, período em que decorre a acção do romance, a necessidades de livros é enorme. A invenção da tipografia poderia ter sido como é apresentada no livro de Eduardo Roca. O “incunábulo” pode não apenas ter sido uma cópia de uma estética valorizada e de um valor patrimonial a preservar. Pode ter sido igualmente, como sugere o romance, uma forma de ocultação de uma técnica mais rápida e mais económica de produção do livro que convinha camuflar. A referência aos livros proibidos tem a ver com o enorme mercado do livro sem as licenças régias e religiosas que sempre aconteceu. E todo este ambiente da passagem da cópia manuscrita à tipografada é acompanhado de uma sensibiliade amorosa, sentimental, envolvente a todo o romance. Todo o livro é ternura.
No romance há um grupo heterogéneo que procura o conhecimento. Um professor universitário, um livreiro, um ourives copista, um padre de paróquia. “Ah, meus amados antigos helenos!Sabíeis que usavam o teatro para ensinar e educar o povo sobre questões políticas? Nada que ver com estes nossos tempos, onde apensa se procura manter a populaça entretida, ocupando a sua cabeça com idiotices que lhe embotam a mente...” pagina 252. De como o novo modo de pensar se afasta do ‘magister dixit’. “Tu sabelo bem, Johann, que tens assistido a alguma das minhas aulas. A propósito, aparecei lá quando vos aprouver visitar-me, tu e esse tal Lorenz. Sim, no diálogo, não só aprende o aluno como o docente. As opiniões que surgem enriquecem a todos, e as perguntas e dúvidas do aluno obrigam o professor a aprofundar mais o seu conhecimento, e estruturar o pensamento, a prevenir-se de possíveis falhas que pode haver nas suas teorias e a ver como resolvê-las.”p. 252.
A letra de forma seguiu o padrão da pena do copista. “À medida que percorria as linhas, o rosto ia-se luminando.
- A cópia é fabulosa, as letras são nítidas e regulares...Parecem dignas de um grande copista, mas... fizeste-as com a máquina, não é verdade?
Lorenz seguiuo dedo do livreiro, que apontava para a prensa. Sem poder esconder a satisfação, sorriu.” P. 430
Roca, Eduardo – A oficina dos livros proibidos: o conhecimento pode mudar o mundo. Trad. Oscar Mascarenhas. Barcarena: Marcador Editora. 2013. Original de 2011, Ed. Planeta Madrid
António Regedor
Ciência
Dia após dia, vão surgindo notícias parcelares sobre ciência e formação dos recursos humanos nacionais.
Há tempos (1) a consultora McKinsey indicava num estudo que 80% das instituições de ensino consideravam os jovens preparados para o mercado de trabalho. Mas os jovens respondem apenas com 48%. Os mais pessimistas são, naturalmente os empregadores com 33%. Estes são valores de uma visão subjectiva. O que os empregadores referem é que não preencheram vagas por não encontrarem candidatos com competências certas. E isso não significa que os jovens não estejam preparados, mas apenas que a sua formação não coincide com a necessidade do mercado.
A formação científica dos portugueses tem melhorado imenso. Apesar do investimento em investigação ainda estar abaixo da média europeia (2,07%), o país foi o que mais cresceu neste investimento desde 1995. Anualmente o número de Doutorados tem vindo a aumentar. O aumento da produção científica é constatada pelo crescimento de publicações científicas. Era de 53 por cem mil habitantes em 2002, e passou para 131 publicações por cem mim habitantes em 2012. E significativo é a publicação em colaboração com Ingleses e Espanhóis.
Esta é uma actividade lucrativa para o país. O saldo entre entradas e saídas de serviços técnico-científicos passou a positivo desde 2007, até 2010. (2)
Mas a grande prova da qualidade do ensino português, da formação científica e profissional dos portugueses e que milhares de Licenciados e Pós-graduados estão a sair do País. São procurados por países que investem mais em ciência. Portugal é dos países da Europa com mais pessoas a trabalhar em investigação em relação ás pessoas activas.
Afinal, o esforço das famílias portuguesas em formação superior, aliada à capacidade portuguesa de se adaptar a outros países, está a salvar muita gente da fome e a evitar grandes convulsões sociais.
(1) Expresso, economia 25/01/2014, p.14
(2) Nicolau Santos Expresso economia 25/01/2014, p.5
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