A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
Por volta do século primeiro os Romanos fixaram-se no território que hoje pertence ao Concelho de Vila Pouca de Aguiar para explorar ouro no local que denominamos por Tresminas. O ouro encontra-se sob a forma de partículas muito pequenas associado a sulfuretos minerais em filões e pequenos veios de quartzo que encaixam na rocha de xisto.
A exploração aqui praticada, difere de outras em galeria, e é idêntica no método utilizado em “Las Médulas”, na região de “El Bierzo” (terra natal da avó de D. Afonso Henriques), território fronteiriço entre Galiza e Léon, relativamente próximo de Ourense. O método consistia no desmonte da montanha.
Esse desmonte implicava a fracturação da rocha simultaneamente através de estacas que se espetavam em fendas, no alagamento dessas cunhas, com fogueiras na base da rocha e no lançamento de água criando choque térmico capaz de a fracturar.
Assim se ia sucessivamente desmontando a rocha que era esmagada na frente de trabalho. Logo aí era separadao xisto sem valor deixado ficar em enormes escombreiras. Os fragmentos com ouro eram posteriormente lavados, queimados e posteriormente moídos em moinhos de pisão e também em rotativos acionados à mão. Numa lavagem final, e por gravidade obtinha-se o ouro.
A visita a Tresminas é indispensável para a compreensão da razão da ocupação Romana nesta região, na sua relação com a restante ocupação do Noroeste Peninsular, nos métodos de exploração de ouro e do valor cultural e turístico do território.
António Borges Regedor
Tresminas foi uma enorme zona de exploração mineira que se calcula tenha abastecido o Império Romano de grande quantidade de ouro extraído nesta região de Vila Pouca de Aguiar.
O Território de Vila Pouca de Aguiar é atravessado pela falha geológica de Penacova-Régua-Verin, a que estão associados granitos. A zona de Tresminas é de xistos e grauvaques. Estas rochas resultam de fenómenos geológicos com a verificação de existência de ouro.
É provável que anteriormente aos Romanos as populações já extraíssem ouro nas areias dos rios da região. Os Romanos passaram a extrair ouro nesta região, no primeiro século d.C..
Para organizar e vigiar a exploração aurífera terá estado um destacamento da Legião VI vitrix de León ou da X gemina de Astorga. Mais tarde foram substituídos pela Legião VII gemina.
O processo de extracção assemelha-se de alguma forma ao usado em “Las Médulas” Leão, Espanha, mas sujeito à condicionante da diferença geológica. Nas médulas a característica geológica é a de rochas sedimentares de conglomerados e argilas.
Supõe-se que os romanos utilizassem trincheiras e galerias para prospecção e nos locais onde iam seguindo o filão. Este seria denominado ouro canalício. No caso da quantidade de ouro se encontrar mais disseminado, faziam o desmonte da toda a montanha num processo que localmente se denomina de cortas. A técnica era a de colocar estacas de madeira nas fissuras das rochas que com água se faziam inchar e dessa forma fracturar a rocha. Com fogueiras aqueciam as rochas que calcinadas e com água fracturavam por choque térmico. Assim sucessivamente iam desmontando a montanha.
Obtida a rocha da frente de desmonte, era triturada para separação do xisto estéril e da restante ganga. Posteriormente moído em pisões que são grandes martelos movidos a água ou mesmo em moinhos de mós circulares. Depois de moído era lavado, depositando-se o ouro por gravidade.
Esta exploração aurífera romana faz parte de uma longa linha de mineração de que conheço o “Fojo da pombas” na Serra de Santa justa em Valongo, “Jales”, perto de Vila Real mas já no Concelho de Vila Pouca de Aguiar que são ambas minas em galeria e “Tresminas” aqui referida e “las medulas” em Espanha que são minas essencialmente a céu aberto por técnica de desmonte.
O que mais fascina é o esforço do trabalho braçal necessário, as técnicas adequadas a cada tipo de terreno, bem como a capacidade de organização, controlo da extracção e transporte do ouro para Roma.
António Borges Regedor
Uma das razões para os romanos ocuparem o noroeste da península ibérica foi sem dúvida a exploração de ouro que aqui encontraram em abundância.
Impressionante o seu esforço na procura de ouro tão necessário ao império.
O “Fojo da pombas” na Serra de Santa justa em Valongo foi explorado pelos romanos. A exploração era feita em galeria subterrânea.
“Jales”, perto de Vila Real, mas já Concelho de Vila Pouca de Aguiar, é outra mina já conhecida dos romanos e que ainda há poucos anos era explorada. Terminou a exploração nos anos noventa. Era também uma mina com galerias subterrâneas a profundidade de cerca de seiscentos metros.
Mais acima e ainda no mesmo concelho a exploração romana fez-se em “Tresminas”. A importância do local leva mesmo à criação de um centro interpretativo e a visitas guiadas à mina com acesso a uma das galerias. O método era o de desmonte através da combinação da pressão de furos na rocha, de calor e água.
Já em Espanha visitei na região de “Bierzo” (terra natal de Ximena Moniz, mãe de D. Teresa condessa de Portugal e avó de Afonso Henriques rei de Portugal), visitei “las medulas”, uma das maiores explorações mineiras de ouro da península ibérica. Neste caso outros, o método de exploração foi o do desmonte das enormes montanhas argilosas com o auxilio de água. Milhões de metros cúbicos de montanhas removidas na procura de ouro, mudaram radicalmente a paisagem.
Literalmente: o ouro move montanhas.
António Borges Regedor
. Livros que falam de livro...
. Dança
. Rebooting Public Librarie...