. COMENTÁRIO A “BIBLIOTECÁR...
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O jornal Expresso foi alvo de um ciber ataque que lhes destruiu cinquenta anos de arquivo histórico.
O ataque ao Expresso levanta pelo menos três problemas
Este tipo de crimes são muito graves. É uma forma de criminalidade sofisticada, perigosa, que põem em causa diversos direitos fundamentais do nosso modelo civilizacional e do Estado de Direito. O roubo de dados económicos e principalmente os pessoais, para com eles chantagear e exigir resgates, pões em causa o direito à privacidade dos cidadãos, à protecção das suas informações pessoais, quer sejam fiscais, económicas, de saúde ou quaisquer outras.
O ataque ao Expresso, que aqui uso como exemplo e pretexto para reflexão, não é caso único. Sabemos que ocorrem ataques similares a este frequentemente a diversas instituições. Públicas, de soberania, de segurança, fiscais, de saúde, empresas, e muitas outras. O ataque às instituições é extensivo ás pessoas que dependem ou interagem com essas instituições. É portanto um ataque a todos. E um crime contra toda a sociedade deve ser tratado como tal.
Actualmente os arquivos da maior parte das instituições estão na “cloud”, que não e mais do que um servidor que armazena os dados de memória das instituições. É fornecido por empresas privadas, com inconvenientes que pode acarretar.
O armazenamento da produção digital de todo o tipo de informação para memória histórica deve merecer a maior confiança e não deve ser exclusivo. Para esta questão, tal como existe para os documentos analógicos (livros, jornais, discos e outros) deve colocar-se com grande rigor o problema do Depósito Legal (Lei que obriga os editores a depositar numa instituição do estado uma cópia da sua produção informativa.
A Lei do depósito legal para os vários documentos analógicos sempre foi uma garantia de memória.
A produção digital, deve merecer muita atenção quanto à sua preservação. Para além da questão de segurança coloca-se também a fragilidade do digital em manter, conservar e preservar a memória documental que produz. Fica evidente a necessidade de um repositório público em condições de segurança para memória futura. Para que a História se possa fazer.
Toda a actividade social, económica, de saúde, segurança, académica está assente em plataformas digitais. É a plena sujeição ao risco de colapso por falha dos sistemas, por acção criminosa, ou terrorista, ou ambiental. É um enorme risco estarmos dependentes exclusivamente do suporte digital. Risco por toda a nossa vida, em casa, no emprego, na segurança, na saúde, estar suportada em sistemas informáticos que quando menos se espera podem ter uma quebra, e em cadeia provocar um enorme blackout.
António Borges Regedor
Em tempos, um seminário, curso, assembleia, ou mesmo uma reunião obrigavam a deslocação para presença física. Participar numa reunião podia implicar uma saída de madrugada, horas de condução, almoços e por vezes alojamento.
A pandemia levou-nos a encontrar formas alternativas utilizando as tecnologias de que recentemente dispomos.
Demo-nos conta de que podemos reformular e fazer diferente muitas das tarefas que nos ocupavam muito tempo, muitos recursos e muito trabalho.
E o futuro não regredirá. Iremos aproveitar alguma prática passada, mas reformulada. Mas iremos essencialmente inovar e avançar muito nas experiências que iniciamos. Andaremos menos de avião e de carro para ir por vários dias a destinos distantes para uma reunião quando ela se tornar viável, mais económica, mais cómoda e de igual vantagem se for realizada no registo das novas formas de comunicação.
Cada dificuldade promove uma superação
António Borges Regedor
O Post “BIBLIOTECÁRIOS NAS BIBLIOTECAS” provocou um comentário de uma técnica profissional. Ainda bem que o fez. E seria útil se desenvolve-se o seu raciocínio. Um dos objectivos deste blog é promover/provocar a discussão de problemas que se colocam contemporaneamente à profissão e à ciência da informação.
O meu post “BIBLIOTECÁRIOS NAS BIBLIOTECAS” que aborda a questão da qualificação dos recursos humanos nas bibliotecas assenta nos seguintes pressupostos:
Os últimos vinte anos são de grande mudança qualitativa e quantitativa nas bibliotecas e arquivos.
Verifica-se um significativo desenvolvimento do conhecimento científico neste domínio.
A elevação do nível de qualidade das bibliotecas e arquivos depende muito do investimento físico e tecnológico que for feito, mas depende essencialmente da elevação do nível de qualidade dos recursos humanos.
O melhor edifício, com o maior acervo, com o melhor equipamento de nada serve sem um corpo técnico de elevada competência.
É neste sentido que apresento como proposta a requalificação na totalidades dos recursos humanos que trabalham na área da ciência da informação e documentação.
E todos estamos de acordo que as competências tradicionais dos técnicos profissionais apresentam já limitações face às novas necessidades.
Até mesmo as pós-graduações, que mostram algumas fragilidades, têm de se reorientar.
A formação coerente e mínima nesta área de conhecimento deve ser, a meu ver, a licenciatura. E julgo que todos terão a ganhar se a orientação for nessa perspectiva. Os serviços ficam com melhor pessoal, os gestores de informação ficam mais habilitados, o público tem melhores respostas.
Na perspectiva da aprendizagem ao longo da vida, vejo toda a vantagem nos técnicos continuarem os seus estudos. Não apenas em formações de curta duração para aquisição de competências específicas, mas também e essencialmente com formação que lhes confira grau académico. Ao longo do seu percurso profissional os técnicos-profissionais adquiriram várias competências e deverão ter agora oportunidade de as fazer corresponder a grau académico. Só terão a ganhar se continuarem a estudar.
E deve ter-se em conta que actualmente há menores constrangimentos para acesso ao ensino superior. Para profissionais experientes, como é o caso dos técnicos profissionais desta área de conhecimento, mesmo não tendo concluído o ensino secundário há a possibilidade do ingresso em curso superior ser efectuado através do processo para maiores de 23 anos.
Portugal terá inevitavelmente de seguir a tendência dos outros países Europeus que é o de ter uma forte componente de licenciados a trabalhar nas bibliotecas e arquivos.
Como refiro no post “BIBLIOTECÁRIOS NAS BIBLIOTECAS”, seria vantajoso que a maior parte das tarefas do circuito documental venha a ser desempenhada por licenciados.
É meu convencimento que este é o caminho que transformará as bibliotecas de equipamentos em potência para equipamentos activos, dinâmicos e imprescindíveis no quadro da sociedade da informação e do conhecimento.
António Regedor
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