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Como aconteceu com outras descobertas, também foi na China que o papel foi fabricado pela primeira vez. A data terá sido cerca do ano 105. No século V estava generalizado na China. Em Caxemira no século VI.
Na Batalha de Samarcanda em 751 os Árabes aprisionaram fabricantes de papel chineses de quem aprenderam a fazer papel. Nesta cidade havia excelentes culturas de cânhamo e linho utilizadas no fabrico de papel.
Daí em diante o papel expande-se pelo mundo de influência islâmica.
Bagdad em 793. Percorre o Norte de África: Egipto 900. Fez por volta de 1100. Passa para a Espanha do Al Andaluz: Jativa, Espanha em 1150. entra na europa também por Itália: Fabiano, Itália cerca de 1270. Troyes, França em 1348. Nuremberga, Alemanha em 1390. Portugal em 1411. Portugal já usava papel imortado antes de iniciar o seu fabrico. Foi no Reinado de D. Dinis que este ordenou em 1305 aos tabeliães que passassem a escrever em folhas de papel, substituindo assim o pergaminho mais caro. E daí que a folha de papel mais antiga na Torre do Tombo seja de inquirições da era de 1326, que corresponde ao ano de 1288. E sabemos que Gonçalo Lourenço Gomide que era o escrivão da puridade (uma espécie de secretário particular) de D. João I recebeu o privilégio de fazer papel em moinhos no Rio Lís, perto de Leiria em 1141. Só depois a Inglaterra produziu papel em 1494. E finalmente a produção de papel atravessou o Atlântico para Filadélfia em 1690.
Em Portugal o crescimento da indústria artesanal de papel deu-se nos séculos XVII e XVIII e evolui no Reinado de D. João V para industria manufactureira. Registam-se como lugares de fabrico de papel a Lousâ em 1716 e já no século XIX Vizela. Acrescento que em Terras de Santa Maria o fabrico de papel tem já trezentos anos de existência. Aí se encontra um expressivo e cuidado Museu do Fabrico de papel.
Quis o comboio que me fizesse mais tempo apeado nessa terra de Santa Maria. Como sempre acontece, aproveito razoáveis lapsos de tempo para visitar as bibiotecas dos Concelhos por onde passo. Por várias razões decidi visitar a de Santa Maria da Feira. Já não a via há bastante tempo, sou amigo da bibliotecária que conheço há cerca de três décadas e porque sempre gostei daquele espaço.
A revisitação leva-nos a pelos pormenores do balcão de atendimento, bar e sala de leitura. Reparei de imediato que a iluminação da recepção era nova. Criativa, de complexa concepção mas de simples realização. A sala de leitura tem a particularidade de beneficiar de um pé-direito que sustenta um mezanine. O peso dos livros e da sua história assentam firmes no piso da sala, enquanto a leveza digital é teclada nessa posição superior que a altura do mezanine confere.
E mais uma vez com novo olhar, há aspectos e imagens ainda não experimentadas.E elas sempre lá estiveram. Chamou-me à atenção a entrada de luz pelas claraboias da sala de leitura. A claraboia oferece o desenho de uma cruz. Um símbolo bem adequado para as Terras de Santa Maria. Um pormenor simbólico. A Bibliotecária, Etelvina Araújo, que entretanto se aproximara deu nota da inovação introduzida na sala destinada à infância. O recanto da puericultura. Mães ainda em período de amamentação dos seus filhos têm cadeiras em espaço próprio e recatado com vista para a paisagem exterior. A biblioteca pública sempre a inovar.
António Borges Regedor
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