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Vindos de Miragaia, dessa praia onde tantos estaleiros construíram os diversos tipos de embarçações que formaram a maior parte da armada que conquistou Ceuta e deu início aos descobrimentos, entrava-se no Porto pela Porta Nobre.
Esta porta situava-se na muralha Fernandina, vindo como se disse do lado de Miragaia, passava uma ponte por cima do rio da vila. Este rio está hoje encanado e o seu curso final corresponde a actual Rua de Mouzinho da Silveira e Rua de S. João.
A imagem da imponente Sé do Porto corresponde ao que veriam os que dela se aproximavam, na Idade Média, quando escolhiam por entrada a Porta Nobre das muralhas Fernandinas.
António Borges Regedor
Ir à Sé do Porto, é uma aventura no tempo. Aí, onde ela foi construída é a Pena Ventosa. O cimo do morro ventoso, mas suficientemente defendido pela encosta íngreme, e pelo vale do rio da vila. Foram as condições encontradas para aí se instalar a povoação castreja. Depois os romanos, os visigodos aqui formaram um reino cristão que cunhou uma moeda com o nome de portugal. Os mouros destruíram a cidade, deixaram-na ao abandono até o Galego Vímara Peres a dizer sua. D. Teresa doou-a ao Bispo Francês D. Hugo. No lugar onde havia uma capela, foi erguida a Catedral. Bem podia ser uma fortaleza com as duas torres que lhe servem de fachada. E a aventura continua quando se lhe reconhecem os traços românicos, e os góticos, e os barrocos. E se o seu interior é de força e nos esmaga, o claustro protege-nos. Aí sentimos conforto e segurança. Arredados do Mundo, o que de fora fica não nos atormenta. Estamos na interioridade, voltados para nós mesmos, para a reflexão. A aventura continua quando subimos ao piso que fica por cima do claustro. Avistamos o Porto, o Rio, a cidade de Gaia. Vemos o mundo de cima. Por baixo de nós ficam os que labutam, que se apressam ou deambulam nas ruas estreitas do burgo. Mas a aventura a ainda maior quando entramos na sala do tesouro. Uma das primeiras peças em que a vista atenta pára é um missal, impresso, com gravura na folha de rosto e título a rubro e negro. Outros livros com capas protegidas a placas de prata cinzelada. Alfaias litúrgicas e paramentos bordados a ouro. Várias coroas e muitos outros objectos que brilham de valor, de história, de simbolismo.
A Sé é muito mais que o lugar de culto. É um registo de tempo histórico do Porto que não pode deixar de ser tido em conta.
António Borges Regedor
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