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Recorrentemente surgem tentativas de reabilitar o nuclear através do segmento da produção de electricidade.
É sempre bom lembrar que a fissão nuclear foi desenvolvida para fins militares. Desenvolvidas no Projecto denominado Manhattan constituído especificamente para desenvolver armas nucleares. O resultado foi a explosão das armas nucleares “Trinity” como teste e das lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki.
Durante a produção de materiais usados nas armas atómicas, essencialmente plutónio, produz-se muita energia que proporcionou a oportunidade de produzir electricidade.
É claro que as centrais nucleares não são mais que um segmento da actividade de produção de combustíveis nucleares. Actualmente além do plutónio é aproveitado o urânio já cindido, designado como urânio empobrecido para o endurecimento de munições. Daí que os campos de batalha sejam hoje literalmente semeados de resíduos radioactivos. Um dos assuntos que não tem sido referido quando se aborda o tema da guerra.
A pequena história da produção eléctrica pela nuclear, cerca de sessenta anos , está cheia de acidentes nas centrais nucleares, donde se salientam os de Three Mile Island nos Estados Unidos da América em 1979, Chernobyl na Ucrânia em 1986, Fukushima no Japão em 2011.
Reconhecidos estes falhanços o lóbi nuclear tenta contornar a péssima imagem com o anúncio de novos reactores tentando convencer que se trataria de uma nova geração. No entanto tudo isso é uma mistificação. O apresentado reactor EPR como de 3ª geração, não é mais do que o antigo reactor de água pressurizada (PWR) agora denominado Evolutionary Power Reactor (EPR) e que na europa se designa European Pressurised Reactor por ser desenvolvido pela Framatone e Electricidade de França (EDF). Todas as novas centrais em construção têm sofrido atrasos e aumento de custos. São os casos da Finlândia e França. No caso Francês a central que se dizia inovadora já triplicou o orçamento inicial e a central está longe de estar terminada. As centrais chinesas vão com atraso de quatro anos na conclusão. No Reino Unido as iniciadas em 2016 em Hinkley Point só deverão terminar em 2025.
Mas os inconvenientes não se fica apenas pelo objectivo militar que possuem, nem mesmo pela construção. Problemas maiores surgem quando ao seu desmantelamento. Este é mais demorado do que se promete no início. E muito mais caro do ponto de vista financeiros, do ponto de vista energético e do ponto de vista ambiental.
E pior ainda é a gestão dos resíduos. Há os que se destinam directamente ao segmento militar, caso plutónio e urânio empobrecido, entre outros. Há a suposta reciclagem de combustível que incide no plutónio, utilizado para fins militares, e que significa apenas 1% da totalidade dos resíduos. Há a ignorância do que poderá acontecer a resíduos que mantém a sua radioactividade que vão até um milhão de anos e ainda a gestão dos materiais e contentores e estruturas para acondicionar todos esses resíduos radioactivos por um tempo histórico que é difícil de imaginar. Um Milhão de anos que será certamente muito para além da existência humana.
Qualquer tentativa de reabilitar o nuclear, seja ele qual for, é de rejeitar de forma absoluta.
António Borges Regedor
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