. Reunião científica sobre ...
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
A pandemia é uma questão de saúde que depende da ciência. Estamos a lidar com uma situação que não tem guião definido. É um vírus novo. O conhecimento científico vai sendo construído mas só depois das manifestações virais. Não há adivinhação nem futurologia. É assim a ciência.
Sendo uma questão de saúde geral, é também uma questão social. Depende do comportamento social. E sabemos que este campo é muito instável e por vezes irracional. Os comportamentos sociais podem ser tomados por pânico. Por comportamentos impulsivos e irracionalmente massificados. O tempo leva a desgaste psicológico e enfraquece o comportamento racional. Os fenómenos gregários promovem tendências de massa por vezes negativas. O desconforto, a irritabilidade, as proibições, a contestação, a rejeição, podem a qualquer momento fazer irromper acções inorgânicas, irracionais, desestabilizadoras. As sociedades são assim. Têm capacidade de contenção e momentos de explosão. Quer uma e outra linha não devem ser ultrapassadas.
É também uma situação económica. A saúde precisa de recursos para actuar eficientemente na situação pandémica. A sociedade não pode parar a actividade económica. Mas a questão da saúde pública necessita de confinamento. O confinamento prejudica a economia. A falta de economia compromete a racionalidade dos comportamentos sociais.
É à política, a administração da Polis, à gestão da coisa pública, que cabe gerir a situação, os limites de cada um dos campos e ser o vértice, o ponto de união deste difícil prisma. Tanto mais difícil quanto a posição em que cada um se encontra vê o problema e os outros problemas pelo seu prisma, e obviamente refractado.
O domínio político tem acompanhado o conhecimento científico e adaptando à economia e ao comportamento social. Equilíbrio difícil por efeitos contrários. Em bom rigor e sem outras conotações pejorativas, diz-se em náutica que quando não há carta, a navegação faz-se à vista. Cautelosa e sempre com correcções. Este é o cenário que temos, mas é o único real. Tudo o resto são visões enganadoras dependentes do prisma com que as vemos.
António Borges regedor
Há cerca de um ano atrás, fui convidado pelos meus colegas do ISCAP para integrar a comissão científica de mais um Encontro de Ciências e Tecnologias da Documentação e Informação. Fui professor na Licenciatura com esta designação ainda na Escola Superior de Estudos Industriais e de Gestão desde o ano da sua criação. Tempo de Encontros, Seminários, sempre presenciais. Este XIV Encontro de CTDI, também o havia de ser. O vírus coronavírus SARS-CoV-2, motivaram a sua suspensão. Dada a imprevisibilidade do tempo de duração da doença Covid 19, entendeu a comissão organizadora, e muito bem, realizar o Encontro em plataforma online. A meu ver com um excelente resultado.
Para além de excelentes comunicações de grande especificidade na Ciência da Informação, vi com muita atenção a intervenção do Magistrado do Ministério Público Nuno Serdoura dos Santos. Colocou a questão da consideração ou não das fake news como crime e que tipo de crime, em que circunstâncias e respondendo a uma questão minha, a consideração de diferente responsabilidade pela intencionalidade dos que produzem a fake news e dos que a replicam por partilha. Abordou-se a questão do algoritmo que junta os mesmos interesses dos diversos grupos de utilizadores. As questões relativas á supressão por alguns Estados das liberdades e concretamente da liberdade de informação. O novo conceito de infodemic. Foi referida a estratégia da União Europeia face à desinformação e considerou-se a necessidade da produção de doutrina por parte dos cientistas e a necessidade de Literacia da Informação.
Na perspectiva do Jornalismo, o Professor Fernando Zamith abordou a questão da Pós-Verdade ou até do Pós-Jornalismo. O Ciberjornalismo foi também referido. Colocou uma interrogação sobre a consideração de fake news. E claro, abordou a crise do jornalismo nos seus vários aspectos. Aludiu nomeadamente às publicações descontextualizadas, ao copy/paste, à reprodução de press release, aos conteúdos patrocinados.
O Filósofo Pacheco Pereira recorre ao Helenismo para promover a compreensão do fenómeno comunicacional actual. Remete nomeadamente para a condição da democracia no espaço público grego. Refere o Logos (razão), o Ethos (virtude ou excelência) e o Pathos ( emoção). E actualmente lembra que a demagogia emergiu nomeadamente na política e que forma a base do populismo. Ao referir-se à literacia informacional, aponta o aumento da desigualdade no saber procurar na internet. Lembra que a democracia tem de resultar da nossa escolha racional. Ela não se impões de forma natural. É nossa opção. Daí ser tão importante a nossa escolha consciente, racional e ética. Não emocional.
António Borges Regedor
. Livros que falam de livro...
. Dança
. Rebooting Public Librarie...