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A Ponte da Misarela é conhecida pela ponte do diabo. E bem assim lhe podem chamar. E por várias razões. Por razões naturais. Localiza-se num profundo vale estreito, entre duas montanhas, e por onde se chega por carreiros serpenteados nas encostas de um e outro lado. É aqui bem perto que o rio Rabagão se une ao Cávado. E é aqui onde dois maciços rochosos, estreitam o rio que cai de uma fenda e o lança em caldeiras onde as pedras rolam até se polirem e formarem bolas graníticas, brinquedos de gigantes mitológicos ou do diabo, quem sabe. Dois rochedos que se elevam de um e outro lado do rio, são os contrafortes onde a ponte granítica encaixa e se comprime de robustez. Essa ponte medieval que foi reabilitada já no século XIX. Na sua vida foi palco de várias contendas, geralmente as motivadas pela independência e pela liberdade. Em Maio de 1809, durante as invasões francesas, neste lugar da freguesia de Ferral, juntaram-se oitocentos barrosões que ousaram travar caminho aos exércitos de Napoleão. Gente da terra, sem treino militar, mas calejada na rudeza da serra, conhecedora de todos os caminhos, atalhos e veredas onde emboscar, surpreender, golpear. No local, a placa indicativa do feito, afirma que sangrou o exército de Napoleão. E assim terá sido. Com as tropas em carreiros de pé posto, de largura nunca superior a suportar dois homens armados e equipados. Carregados da bestialidade da guerra. Na ponte onde há só lugar a passar uma carroça de cada vez. Fácil terá sido aos paisanos, tisnados do sol e esgueirando-se pelo arvoredo, fazer sangrar a tropa do imperador. Os lugares são muitos de onde com mosquete, ou só à pedrada se podia atingir a tropa fardada. As invasões fracassaram, o país manteve a independência. Mais tarde na luta fracticida entre liberais e absolutistas, a ponte voltou a receber os actores de mais um drama nacional. Desde 1870 que a nação estava dividida. Desta feita foram os liberais que vacilaram diante dos absolutistas comandados pelo General Silveira a caminho de espanha onde se refugiou. Quis o fado nacional que neste mesmo lugar a contenda entre os Constitucionais, Liberais do General Antas, derrotassem os cartistas absolutistas do Marechal Saldanha, do Duque da Terceira e do Barão de Leiria.
Do ponto de vista antropológico o local está ligado ao culto da maternidade. A mulher com dificuldade em ter filhos . As mulheres com dificuldades de maternidade, deveriam acompanhadas por mais dois homens aguardar o primeiro passante na ponte que lhes baptizaria a criança ainda na barriga. Os nascidos rapazes chamar-se-iam Gervásios e as raparigas, Senhorinhas.
António Regedor
No Parque Nacional da Peneda-Gerês, já do lado do Concelho de Montalegre, há uma ponte que se impõem pela altura a que se encontra em relação ao rio. A visão que se tem dela é a de algo que aparenta estar a ser comprimida pelas margens do rio e aimultâneamente suportando a massa rochosa das duas encostas. Chama-se Ponte da Misarela. Está construída sobre o Rio Rabagão à distância de um kilómetro da sua foz que é o Cávado.
É uma ponte de estilo românico, portanto construída na Idade Média. Sua reconstrução deu-se no século XIX. Sendo certo que em 1809 foi atravessada pelas tropas de Napoleão comamdadas por Soult. Numa placa colocad no local, há registo de enfrentamento com elementos da população.
Volta a ser palco de contenda em 1837 durante a guerra civil que opôs liberais a absolutistas.
A ponte é mais conhecida por motivo da lenda que a ela se liga e que respeita ao culto da maternidade. As mulheres com dificuldades de maternidade, deveriam acompanhadas por mais dois homens aguardar o primeiro passante na ponte que lhes baptizaria a criança ainda na barriga. Os nascidos rapazes chamar-se-iam Gervásios e as raparigas, Senhorinhas.
A ponte está classificada como Imóvel de Interesse Público desde de 30 de novembro de 1993.
António Regedor
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