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Sexta-feira, 1 de Julho de 2022

Navio-Museu Santo André

20220701_154250.jpg 

A acostagem do Navio Bacalhoeiro Santo André em Ílhavo para o preservar como Navio-Museu foi uma excelente ideia da Câmara Municipal de Ílhavo para a preservação da memória da pesca do bacalhau.

Esta pesca, feita nos séculos XIX e XX, implicava a deslocação para os mares da Terra Nova, tomou o nome de Faina Maior. Feita inicialmente à linha com cada pescador no seu pequeno dóri que era depois recolhido nos barcos que evoluíram dos veleiros até aos navios vapor de arrasto como é o caso do “Santo André”.

Este barco que podemos visitar no cais do Jardim Oudinot em Ílhavo é um arrastão clássico construído em 1948 na Holanda. Tem 71,4 metros e capacidade para 1200 toneladas de peixe no porão. Deixou de pescar em 1997 e é navio-museu desde 2001.

A visita deixa perceber como seria toda a organização do navio. É impressionante ver o seu mecanismo de propulsão. O motor e a casa das máquinas são um momento de grande impacto e como seria o viver dos que aí trabalhavam no barulho dos motores paredes meias com os seus alojamentos. A cozinha deixa imaginar a azáfama necessária a manter toda a tripulação. O guincho gigantesco por onde o bacalhau era arrastado e logo daí passava para a coberta onde numa cadeia de trabalho do tipo taylorista era aberto, retiradas as vísceras, lavado e preparado para a salga no porão que acomodava 1200 toneladas ou o seu correspondente a 20 000 quintais. A unidade de medida alternativa à tonelagem.  Os alojamentos dos pescadores em camaratas de proa. Pequenos espaços em beliche. E toda a faina comandada, planeada na designada ponte de comando onde se concentra a arte das cartografia, as comunicações os alojamentos do capitão, imediato, piloto e até do enfermeiro a bordo.  Todo um organismo que fazia desta pesca a Faina Maior.

 

António Borges Regedor

publicado por antonio.regedor às 16:05
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Sexta-feira, 2 de Novembro de 2018

Bacalhau

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Em 1941 foi construído em Portugal, o primeiro navio de arrasto lateral. Construído nos estaleiros da Companhia União Fabril (CUF). Destinava-se à pesca do bacalhau. Mas logo em 1945 foi estabelecida a regulação dos recursos marinhos e controlo dos fundos do Atlântico, denominada Proclamação Truman. No ano seguinte realizou-se a Convenção Internacional de sobre pesca, em Londres. O primeiro organismo de gestão das pescarias do bacalhau do Atlântico, foi a Comissão Internacional das Pescarias do Noroeste Atlântico (ICNAF) criada em 1948. Nos dois anos seguintes era construído na Holanda o “Santo André” para a pesca do bacalhau nos bancos da Terra Nova.

Só em 1954 é que foi construído o primeiro navio de arrasto pela popa do mundo. Foi o “Fairtry” nos estaleiros de Aberdeen, na Escócia.

Mas o “Santo André” modernizava-se em 1961 com a instalação do parque de pesca coberto e de dois porões de congelados. Portugal estabelece uma Zona Económica Exclusiva de 200 Milhas em 1977 e a (ICNAF) dá lugar à North Atlantic Fisheries Organisations (NAFO).

Portugal adere em 1986 à CEE e passa a vigorar a Política comum de pesca. Bem depressa se chega à última campanha de arrastões laterais da frota portuguesa em 1991. Logo no ano seguinte o Canadá proíbe a pesca de bacalhau na Terra Nova e o “Santo André” é reconvertido em Navio-Museu.

Está hoje ancorado no Jardim Oudinot, na Gafanha da Nazaré, Município de Ílhavo. Era um navio moderno, com 71,40 metros de comprimento e porão para vinte mil quintais de peixe (1200 toneladas). No convés principal, ao centro do navio, estão instalados o guincho de manobra de redes, o sistema de roldanas, as patescas, as portas de arrasto e a rede, componentes essenciais na pesca. O guincho era manobrado por dois operadores e tinha capacidade para 25 toneladas. A fábrica de transformação de pescado tinha capacidade de processar 12 toneladas por dia.

Para ter uma ideia da máquina que fazia mover este navio, é de referir que o motor atingia a potência máxima de 1700 cv. Abastecia com 450 mil litros de gasóleo e gastava 250 litros hora. Atingia a velocidade máxima de 11 nós (cerca de 20Km/h).

Mas não só. Tinha uma caldeira para aquecer a água necessária ao aquecimento no navio, geradores a gasóleo para produzir a energia eléctrica, e um dessalinizador com capacidade de produzir 1500 litros de água potável, por dia.

Cerca de 57 pessoas viviam neste

Barco durante o período da faina. Capitão, imediato, piloto, enfermeiro, telegrafista com camarotes próprios e próximos. Cozinheiro, dois ajudantes e contramestre de salga em camarotes junto à cozinha. Chefe de máquinas, mais dois maquinistas, electricista e quatro ajudantes de maquinista com camarotes junto das máquinas. E finalmente camaratas para 40 homens.

Mas o melhor, é entrar no barco e imaginar-se na faina, com todos os barulhos, balanços e tarefas, apenas com o mar por horizonte.

 

António Regedor

publicado por antonio.regedor às 13:38
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