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Se a língua é viva e se vai modificando, a escrita vive em anarquia. Cada um escreve como lhe apraz. Uns por saber escrevem de uma forma, outros de forma diferente por não saber. Há até os que sabendo fazem as suas abreviaturas para escrever mais depressa e outros por comunicação tecnológica rápida, abreviam ainda mais. Não deixa no entanto de haver uma forma oficial da escrita da língua. Normalmente essa forma oficial serve para normalizar. Ou talvez não, quando a norma não se apresenta de forma aceitável, convincente, razoável, evidente. E aquilo que devia uniformizar, diversifica. Desde 1990 que um acordo ortográfico provoca o desacordo na escrita da língua. Passou a haver o que se diz ser a escrita de acordo com o acordo, e a escrita que não segue o acordo. Já são duas escritas. E isso é problema? Não, nem nunca o foi.
Em 1911, houve uma reforma ortográfica. Os Brasileiros tinham feito uma reforma ortográfica em 1907 e vieram a fazer um formulário ortográfico em 1943. Eu nasci já depois de 1945, data de um acordo ortográfico assinado com o Brasil. E no entanto bem gostava de ver a letra bonita, corpo redondo ou esguio, ascendentes a traçar laços como bordados, de bengalas a desenhar ganchos perfeitos, ou a terminar com orelhas ou esporas de toque feminino que só a mão firme, determinada, segura como era o seu perfil psicológico fazia corresponder ao modo e ao que a minha avó escrevia. Ella que escrevia de acordo com a ortographia anterior a 1911. E ela continuava a escrever El. E quando se queria referir a outra pessoa escrevia elle, com dois eles claro. A minha avó nasceu ainda no século XIX. A ortographia della compreendia o comprar phosphoros, ir à Pharmacia e ficar exhausta. Prohibia as minhas asneiras, mas deixava collocar os brinquedos pela casa.. E muitas outras formas de escrever aqueles signos que eu já tinha aprendido diferente. Que saudade tenho de a ver escrever e de ler o que ela escrevia.
António Borges Regedor
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