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Quarta-feira, 8 de Fevereiro de 2023

Mosteiro de São Salvador de Grijó.

Grijó Mosteiro.jpg 

Foi fundado no ano de 922 em Muraceses.  

O topónimo existe ainda relativamente perto do Mosteiro.  

FUNDADORES Foram os clérigos Guterre e Ausindo Soares que o  fundaram adoptando a regra da Ordem de Santo Agostinho em 938.

Foi transferido para o actual local, em 1112.  

RUÍNA Estava em ruínas quando em 1535  D. João III autorizou a sua transferência para o Mosteiro da Serra do Pilar ou serra de São Nicolau em Gaia. A iniciativa provocou descontentamento e levou o Papa Pio V em 1566 a separar os Mosteiros.

REGRESSO A GRIJÓ Os Monges voltaram para Grijó e fizeram obras. O arquitecto foi Francisco Velasquez que também já tinha desenhado a Sé de Miranda do Douro. A obra começou em 1572 e até  1600  foram ficando prontas  duas alas de claustro, refeitório e sala do capítulo.

O CLAUSTRO  é de planta quadrada. As colunas são de estilo  jónico e de estilo coríntio. O tecto é coberto de madeira. No claustro há diversos painéis de azulejos e ao centro um chafariz. Na ala norte do claustro foi colocado o túmulo de D. Rodrigo Sanches, filho ilegítimo de D. Sancho I. O túmulo é monumento nacional e hoje está na sala do capítulo.

Mas a IGREJA só terminou em 1629, trinta anos depois. A igreja é de planta longitudinal de nave única.    

O Mosteiro só durou até 1770 quando os seus bens passaram para o Convento de Mafra.

publicado por antonio.regedor às 12:49
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Quinta-feira, 20 de Outubro de 2022

Terras de Basto

Terras de basto.jpg 

Amarante

Atravessamos Amarante a caminho das Terras de Basto. Claro que Amarante exige pela sua monumentalidade uma paragem. E ela ocorre inevitavelmente  na Ponte de Pedra e no Mosteiro de S. Gonçalo. Logo ali ao lado, o Museu de Amadeu de Sousa Cardoso fica para outra visita.

Desde logo, a Ponte de S. Gonçalo impõe-se pela construção em um arcos de pedra que suportam o tabuleiro também em pedra com 50 metros de comprimento. E a singularidade do tabuleiro ter varandins semicirculares que encimam os robustos  pilares centrais.  A que hoje em dia atravessamos é do século XVIII.  A anterior era medieval e fortificada.

Mosteiro

O tabuleiro da ponte tem enfiamento num dos cunhais do Mosteiro de S. Gonçalo.  Em 1540 Frei Jerónimo de Padilha toma a iniciativa de fundar, no local onde havia uma ermida do século XIII, o mosteiro masculino da Ordem dos Pregadores (Dominicanos). A primeira pedra foi lançada em 1543 e é o cardeal D. Henrique que em 1544 fez a doação da Igreja ao Convento. AS obras prolongam-se pelos reinados de D. João III a Filipe I.  

Curiosamente ganha relevo a porta e uma  fachada lateral da igreja. Esta assume a fachada principal e onde  há uma varanda de quatro dos  Reis em cujos reinados se desenrolaram os trabalhos de edificação da Igreja. D. João III 1521-1557, D. Sebastião 1557-1578, D. Henrique 1578-1580, (há ainda D. António 1580-1580 que não figura no grupo de representados), D. Filipe I 1581-1598.

Entramos pela porta do fundo da nave central. O espanto recai primeiro no escadório do altar mor. Em contraste e de grande beleza estática o novo altar conforme às orientações do vaticano II.  Este altar é um bloco de pedra que é acompanhado no mesmo estilo de um banco de pedra sem costa (mocho). A imagem destes dois  altares remete-nos para momentos importantes da histórias da igreja católica romana.  

O altar elevado, onde se acede subindo uma escadaria palaciana, reservada ao sacerdote. Ao intermediário entre o criador e as criaturas.  A tornar ainda mais pequenos os já de si pequenos, obedientes e submissos ao peso de uma igreja que capitalizou o poder imperial acumulado com o poder espiritual exclusivo por perseguição a qualquer outra manifestação religiosa.

E mais perto do povo que é igreja, o altar pós-Vaticano II. O que se aproxima, que se nivela por igual, irmana e confraterniza. O que se torna simples e por isso um igual entre os simples.

O púlpito é também um bloco de pedra elevado a dois degraus, em contraste com o púlpito da contra-reforma ali ao lado. É ainda de referir o órgão de tubos e o túmulo do Beato Gonçalo de Amarante.

Satisfeito o espírito-de-curiosidade da visita à igreja do Mosteiro, também a satisfação do corpo para retempero das forças físicas se impõe. E bem ali ao lado numa casa que sempre foi de repasto, pelo menos na minha memória de cerca de sessenta anos, confiando que a casa terá muitos mais, é agora denominada Café-Bar S. Gonçalo.  

Para refeição escolhemos a “francesinha de cogumelos” que se revelou excelente. Boa pela novidade e pela iguaria.

 

 

Mosteiro de  S. Miguel de Refojos

Mais a Norte um outro Mosteiro. O de S. Miguel de Refojos. Este Beneditino. Visitável é a Igreja e a Sacristia.  A data de construção é  incerta.  É possível que no lugar tenha existido anteriormente  pelo século VII uma capela  de eremitas. No entanto o primeiro documento que refere este Mosteiro é do Concilio de Coyanza em  1015.  A Carta de Couto de D. Afonso Henriques é datada de  1131.   Há ainda notícia de Gueda Mendes, nobre próximo de D. Afonso Henriques ter encomendado um cálice de prata dourada em 1152.  Já no século XVI, Frei Diogo de Murça, Comendatário e Reformador do Mosteiro foi  nomeado em 1543 Reitor da Universidade de Coimbra. A Botica do Mosteiro é tida como impulsionadora de boticas nos Mosteiros Beneditinos portugueses. O Mosteiro tem a singularidade em Portugal por ter um zimbório. A Igreja do Mosteiro que actualmente conhecemos é construída de raiz no século XVIII em estilo  barroco.  A Igreja tem características muito peculiares. A fachada tem duas torres, mas só uma é sineira. O lugar de dois relógios, mas só um é verdadeiro. E no interior dos dois órgãos de tubos, um é falso ou mudo feito em madeira pintada. É realmente interessante este jogo de simetria ou falsa simetria.   O cadeiral é de 1770 e o altar  dourado de 1783.  O edifício deixou de ser Mosteiro em 1834 na sequência da Revolução Liberal de 1820  que expulsou as Ordens Religiosas.  Hoje está ocupado pela Câmara Municipal e por um colégio particular.  A Sacristia que pretende ser Museu de Arte Sacra está muito longe de conseguir essa dignidade. E actualmente um espaço praticamente vazio, onde são apresentadas apenas três imagens. E não me parece ser muito difícil dotá-lo de paramentos, alfaias litúrgicas e outros elementos divulgadores da arte e até, porque não,  da  respectiva vida monástica. E é pena que não chegue a ser Museu, como pretende.  

TERRAS DE BASTO

Foi unidade judicial medieval que compreendia, no século XIII,  Cabeceiras de Basto, Celorico de Basto , Mondim de Basto e algum território que hoje pertence a Amarante, Felgueiras, Ribeira de Pena e Vieira do Minho. Evoluiu ainda no mesmo século para três julgados. Cabeceiras de Basto, Celorico de Basto e Amarante.

Cabeceiras de Basto é obviamente dominada pelo imponente edifício que foi Mosteiro Beneditino de S. Miguel de Refojos. O elemento água é muito importante em núcleos urbanos de montanha. As praias fluviais são equipamentos que não podem deixar de merecer a atenção nestes espaços. Teoricamente Cabeceiras de Basto tem três espaços que vocaciona para essa utilização. Infelizmente em Cavez onde a paisagem e as condições de terreno são favoráveis a represa que  supostamente serviria para banhos está vazia e com aspecto de abandono.  Uma praia fluvial em Ponte da Ranha foi  investimento da Iberdrola a empresa proprietária das barragens hidroeléctricas do Tâmega. Pequena, pouco arborizada.  O lugar é bonito, mas exigia mais ousadia no investimento. Fica-se pelo marketing da empresa.

O Poço do Frade

Fácil é perceber que o local indica água. E se o frade o escolheu, alguma virtude lhe encontrou. Não é poço, mas no tempo dos frades beneditinos de S. Miguel de Refojos podia bem ser a poça onde estes se banhavam nos cálidos dias destas terras onde o clima é tão duto no inverno como no verão. O poço do frade resulta de um meandro do rio ladeado por arvoredo que lhe dá frescura, sombra, cor e abrigo à fauna que lha dá diversos sons que são contraponto ao da água corrente.  O lugar é a melhor praia que este Concelho tem e com a vantagem de ficar dentro da vila. Uma represa de enrocamento aproveita bem o meandro do rio. Arborizado como necessário ao bem estar nos dias de intenso calor de Verão. O rio permite num troço de quase 500 metros a prática de canoagem.  Tem uma entrada em degraus facilitadora da entrada e saída para a zona de banhos. O fundo é regular em areão numa grande extensão, o que lhe confere excelente característica para a natação e banhos estivais. O espaço comporta ainda zona de areal que é usada para campo de voleibol. Há um bar de apoio onde se podem fazer refeições ligeiras. Há mesas na esplanada do bar e em zona de sombra do parque. Há ainda a possibilidade de alugar espreguiçadeiras.  O ambiente é agradavelmente  calmo combinando pacificamente com a diversidade de actividades,  confortavelmente respeitoso no convívio dos grupos que notoriamente se reconhecem de outros gregarismos , suficientemente reservado no seio dos vários grupos. Enfim, bom ambiente onde se pode conversar, ler, jogar à bola, nadar, remar.  O possível frade que dá nome ao lugar sabia escolher.

 

 

 

Centro Ambiental em Cabeceiras de Basto

Mas não é só paisagem que atrai a atenção de Cabeceiras de Basto, um Concelho do Interior Norte charneira entre o Minho verde e húmido e a terra fria do Barroso. Uma boa expressão da riqueza faunística da região pode  ser apercebida num centro ambiental que é como um museu vido das espécies animais deste habitat. Num parque cercado, há delimitações para diversas espécies como  veados,  javalis, muflões, corços, perdizes, codornizes entre outras. É muito interessante ver o comportamento das várias espécies, ainda que estando em cativeiro e isso seja condicionante da observação e do próprio comportamento. Fica no entanto a imagem a poucos metros e a observação a pormenores dos animais em cativeiro que de outra forma seria muito difícil observar. Corços e veados que se afastam quando observados. O mesmo já não acontece tanto com os muflões que agem como habitualmente os carneiros. Em todo o caso todos eles já algo indiferentes à presença humana. Naturalmente resultado do seu confinamento e dependência alimentar. Curioso o comportamento dos javalis que em natureza são esquivos, fugidios ou agressivos quando ameaçados. Aqui mostram-se claramente dependentes e aproximam-se a troco de arremesso de algumas bolotas. Um comportamento já claramente próximo do animal doméstico. Muito interessante a oportunidade de observação deste espaço em Cabeceiras de Basto.  

 

Ecopista do Tâmega

A Ecopista do Tâmega resulta do canal ferroviário da linha do Tâmega desde Arco de Baúlhe a Amarante.  Arco de Baúlhe fica perto de Cabeceiras de Basto e pertence ao Concelho. Mas a linha ficou-se por aí até ao seu encerramento em 1990.  Esta ecopista está integrada na Rede Europeia de Vias Verdes. 

A Linha do Tâmega era ainda maior. Ligava a estação de Livração da Linha do Norte no Concelho de Marco de Canavezes a Cabeceiras de Basto na extensão de 51,733 Km.

De Arco de Baúlhe são 39, 102 kilómetros a percorrer até Amarante.

 

Seria desejável que de Amarante continuasse até à estação de Livração na Linha do Douro. Dessa forma o acesso a esta ecopista poderia fazer-se usando o comboio. Seria bom para a actividade comercial da CP, não era necessário chegar de automóvel até à ecopista, promovia a descarbonização, contribuía para o ambiente e permitia fazer dias ou fins de semana comutando a bicicleta com o comboio como transporte público.

No caso de iniciar o percurso na estação de Arco de Baúlhe, todo esse  espaço da estação constitui um núcleo de Museu Ferroviário.

A pista esta renovada há relativamente pouco tempo. Tem bom piso, não exige muito esforço e a paisagem  é muito agradável. É excelente ver as estações reabilitadas. Será ainda melhor quando forem pontos de apoio, descanso, de refeições a até de alojamento.  Percorridos pouco mais de 11 kilómetros a pista atravessa grandes vales que são vencidos por altas pontes. A de Caniço e a de Matamá que é uma das maiores pontes em granito que serve o caminho de ferro. Tem 47 metros de altura com uma extensão de 194 metros. Aí sentimos a grandeza da Serra, sentimo-nos no alto. Com majestosas paisagem sobre os vales. Grandes horizontes. A beleza da natureza que combina as zonas florestadas nos altos e pontos agrícolas nas veigas mais cerca das linhas de água. Chegados a Celorico de Basto é de aproveitar o descanso, alguma visita ainda que rápida à Vila. Perto da Estação há onde almoçar, um parque urbano e na continuidade  uma praia fluvial que merece ser aproveitada.  Continuando vamos atravessar ainda mais três grandes pontes agora já em paisagem de grandes vales, cada vez mais composta terrenos agrícolas para o milho, prados e  vinhedos do característico  vinho verde desta região. Até atingir a estação de Gatão são 17 Km depois de Cabeceiras de Basto.  E há boas razões para parar em Gatão. Desde logo a estação de caminho de ferro recuperada. A Igreja Românica dos séculos XIII – XIV com renovação a acrescentos já no século XX. Caso da Galilé e da Torre Sineira. Ao lado o cemitério onde foi sepultado Teixeira de Pascoaes (1877-1952).  O icónico  túnel  ferroviário de Gatão. E ainda e finalmente a Tasca da Estação. Local obrigatório de paragem e de refeição. De gente simpática que confecciona excelentes pratos por encomenda e que nunca devem ser pedidos com menos de três quatro dias de antecedência. Um vinho fabuloso. Um ambiente doméstico em casa rústica de mesas de madeira e mochos para sentar. Decorada com louceiros e taças de fruta, pratos e calendários nas paredes,  garrafas e Zé-Povinho a encimar armários, flores, bandeiras, medidas e canecas empregos nas paredes, casa acolhedora.  

 

 

Núcleo do Museu Ferroviário de Arco de Baúlhe

 

A Linha de Caminho de Ferro do Tâmega começava na estação de Livração-Marco de Canavezes na Linha do Douro.  Seguia para  Amarante,  Celorico de Basto  e  ia até Arco de Baúlhe onde tinha a última estação. Isto já no concelho de Cabeceiras de Basto. Esta estação terminal de Arco de Baúlhe é hoje na sua totalidade um núcleo museológico dos caminhos de ferro portugueses. Foi inaugurada a 15 de Janeiro de 1949 e a linha foi encerrada a 1 de Janeiro de 1990. Foram quarenta e um anos de passageiros, mercadorias, correios, vida vivida de maquinistas, bagageiros, chefes de estação, água a correr para alimentar as caldeiras e carvão, muito carvão para dar vida a essa forma de ligar o território de Basto ao Rio Douro através de montes e vales, rasgando encostas e galgando rios.

A 8 de Janeiro de 2000, foi assinado um protocolo entre a Rede Ferroviária Nacional – REFER, E.P. e a Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto para a gestão e dinamização da Secção Museológica.

O conjunto inclui a Estação revestida com painéis azulejares, executados em 1940 por A. Lopes na Fábrica de Cerâmica Sant’Anna localizada em  Lisboa. É um edifício de rés-do-chão e primeiro andar.  A fachada ostenta no cimo e ao centro um belíssimo painel de azulejos com um escudo da nação e  a inscrição: “Caminhos de Ferro do Estado”. A linha  permanece  no seu lugar de sempre. Para a travessia de uma plataforma a outra ainda lá estão as passadeiras constituídas por travessas de madeira. Pelo meio o balastro  evidencia a passagem do tempo.  As agulhas para os desvios de linhas  e a plataforma giratória usada para inverter o sentido da marcha da locomotiva são outro motivo de memória.  Ainda lá está a grua de abastecimento de água para as caldeiras das locomotivas e o  torre depósito  de água.  O depósito de  carvão consiste  numa enorme caixa rectangular em paredes de granito. Na linha está uma composição constituída pelo  furgão DEfv 506, uma carruagem fechada construída em 1908  pela «Dyle & Bacalan», em Lovaina na Bélgica. Destinava-se ao transporte de correio e despachos, que seguia acoplado a comboios de passageiros. O vagão  EAKLMO 5937023  de caixa aberta para transporte de mercadorias  foi construído entre 1909 e 1911 nas Oficinas do Barreiro.  Há ainda o vagão-cisterna UHK 7012002  com a capacidade de 10 000 litros construído em 1926 pela empresa Van der Zypen & Charlier na Alemanha.  A locomotiva MD 407 / N.º 8916, construída em 1908 na empresa «Henschel & Sohn» (Kassel, Alemanha), está numa cocheira onde também repousa a automotora a gasolina ME 5 construída em 1948, nas oficinas gerais da CP, em Santa Apolónia, Lisboa. Possui motor Chevrolet, a gasolina. O aspecto é o de uma habitual camioneta de passageiros em tudo idêntica às que víamos nas estradas. É ainda visitável a carruagem CEyf 453 construída em 1908 na empresa «La Métallurgique, Nivelles», na Bélgica. Destinava-se aos viajantes que seguiam em 3.ª classe. Uma carruagem  de passageiros com entrada por uma plataforma com varandim e porta que dava para o interior da carruagem. Do varandim havia uma porta de grade que permitia a passagem entre carruagens. A plataforma com varandim tinha ainda duas portas que podiam fechar em andamento dando maior segurança.  Os bancos em  madeira da carruagem  correspondiam  às condições de viagem em  3ª classe que existia no tempo de Portugal salazarento. Um vagão de mercadorias com serviço “correio” que consistia num espaço com vários cacifos para separação dos destinos das cartas e um banco onde o empregado dos correios se sentava para  cumprir essa tarefa enquanto o comboio circulava.  Numa outra (garagem) cocheira segundo a designação da época,  estão estacionadas mais duas carruagens, mobiladas e em excelente estado de conservação.  Uma delas é a carruagem-salão SEfv 4001 (MD 1) construída em 1905, na empresa «Ateliers Germain», em Monceau sur Sambre, na Bélgica. Foi usada pela primeira vez na linha do Corgo pela Rainha D. Amélia de Orleães, em Junho de 1907, na sua visita às Termas de Pedras Salgadas. E a carruagem-salão SEyf 201 / N.º 1801 (CN 2) construída em 1906, na empresa Carl Weyer & C.ª, em Dusseldorf, na Alemanha, foi tal como a anterior usada pelo Rei D. Carlos na mesma viagem às Pedras Salgadas em 1907.

Ainda no edifício da Estação são conservadas peças, mobiliário, equipamento, utensílios  e documentos. Há  um exemplar de telefone de comunicação entre estações que era absolutamente necessário porque só podia  haver um comboio na linha e o cruzamento só se podia fazer nas estações. Caixas dos bilhetes previamente  impressos para os vários destinos e que eram vendidos em estação. Cacifos para despachos de mercadorias, já que cumulativamente ao transporte de passageiros seguiam no comboio carruagens de mercadorias e também correio como já foi referido. Bandeiras de sinalização que podiam ser verdes,  amarelas ou vermelhas. Malas usadas pelos revisores. Exemplos de embalagens, caixas e malas de mercadorias despachadas.  Há ainda balanças, obliteradoras, continentes para jornais e documentos.  Cornetas para avisos sonoros, alicates de revisores fazem parte do acervo.  Mapas horários, avisos e tantos outros pormenores que davam vida própria às estações de caminho de ferro de outros tempos que a memória não pode perder.  

 

 

                                                                                                                                                                                                                                                

Celorico de Basto

Dista cerca de 20 kilómetros de Amarante. Coisa que se faz em cerca de 20 minutos em estrada de montanha ou pode ser feito em menos de duas horas numa pedalada de passeio pela ecopista da antiga linha do Tâmega.

Celorico de Basto apresenta-se como uma vila bem agradável. Desde logo por se tratar de uma localidade com vários parques e jardins de camélias e uma prática muito peculiar de as tratar e podar.  E é isso  que podemos  observar  no jardim do Prado.  Celorico de Basto é característico por podar de forma singular as camélias que existem abundantemente pela cidade em jardins particulares e parques públicos.

A vila é servida por várias noras e  levadas  que  constituíam o sistema de força motriz a muitos moinhos. Todo esse percurso dos moinhos é hoje um belíssimo parque público que se estende pelo centro da vila até uma praia fluvial ampla, agradável onde não falta uma zona de areal junto à água.  

Em destaque e de grande visibilidade existe o Centro Documental  Marcelo Rebelo de Sousa,  Biblioteca e Auditório. Os edifícios bem integrados no sítio, criam várias formas e relacionam-se de várias maneiras com o terreno, os seus declives e construções pré-existentes aos blocos que constituem o Centro de Documentação, a Biblioteca Pública e o Auditório.  Mas o complexo não impressiona apenas do ponto de vista físico. Do ponto de vista documental para além do acervo habitual de uma biblioteca de leitura pública, há toda a documentação que Marcelo Rebelo de Sousa deposita nesse centro de documentação.

António Borges Regedor

publicado por antonio.regedor às 01:06
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Quinta-feira, 18 de Agosto de 2022

Mosteiro de  S. Miguel de Refojos

Refojos.jpg 

Mais a Norte um outro Mosteiro. O de S. Miguel de Refojos. Este Beneditino. Visitável é a Igreja e a Sacristia.  A data de construção é  incerta.  É possível que no lugar tenha existido anteriormente  pelo século VII uma capela  de eremitas. No entanto o primeiro documento que refere este Mosteiro é do Concilio de Coyanza em  1015.  A Carta de Couto de D. Afonso Henriques é datada de  1131.   Há ainda notícia de Gueda Mendes, nobre próximo de D. Afonso Henriques ter encomendado um cálice de prata dourada em 1152.  Já no século XVI, Frei Diogo de Murça, Comendatário e Reformador do Mosteiro foi  nomeado em 1543 Reitor da Universidade de Coimbra. A Botica do Mosteiro é tida como impulsionadora de boticas nos Mosteiros Beneditinos portugueses. O Mosteiro tem a singularidade em Portugal por ter um zimbório. A Igreja do Mosteiro que actualmente conhecemos é construída de raiz no século XVIII em estilo  barroco.  A Igreja tem características muito peculiares. A fachada tem duas torres, mas só uma é sineira. O lugar de dois relógios, mas só um é verdadeiro. E no interior dos dois órgãos de tubos, um é falso ou mudo feito em madeira pintada. É realmente interessante este jogo de simetria ou falsa simetria.   O cadeiral é de 1770 e o altar  dourado de 1783.  O edifício deixou de ser Mosteiro em 1834 na sequência da Revolução Liberal de 1820  que expulsou as Ordens Religiosas.  Hoje está ocupado pela Câmara Municipal e por um colégio particular.  A Sacristia que pretende ser Museu de Arte Sacra está muito longe de conseguir essa dignidade. E actualmente um espaço praticamente vazio, onde são apresentadas apenas três imagens. E não me parece ser muito difícil dotá-lo de paramentos, alfaias litúrgicas e outros elementos divulgadores da arte e até, porque não,  da  respectiva vida monástica. E é pena que não chegue a ser Museu, como pretende.  

António Borges Regedor

publicado por antonio.regedor às 20:48
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