
Por notícia de jornal, ficamos a saber que três livreiros (de Lisboa, Aveiro e Sines) pretendem unir-se em associação para responder ás dificuldades de continuar a ser livreiro independente.
O livro já se vendeu de diversas formas. Os livreiros eram inicialmente impressores. Tinham redes internacionais de escoamento das suas edições. A divisão de tarefas entre impressores, editores e livreiros foram o resultado do processo histórico. No século XVIII eram os próprios livreiros que criavam gabinetes de leitura, que quando não vendiam alugavam os seus livros para venda. O negócio do livro foi sempre de muito risco. E hoje ser livreiro é uma aventura de enorme coragem. O negócio inevitavelmente continuará a mudar. As experiências continuaram a procurar caminhos de fuga aos modelos que vão sendo ameaçados. Há experiências de associar o negócio do livro a outras actividades culturais e artísticas. Com espaços de cafetaria também se verifica.
Mas o cilindro compressor das grandes redes de livrarias, da venda em grandes superfícies e cada vez mais vendas online deixa pouca capacidade de resistência a um fim previsível tradicional livreiro.
Há dias entrei numa destas livrarias que agora tentam formar a associação. Num festival de música o programa incluía uma feira de livro. A livraria a que me refiro estava representada. Não me revi na oferta que fizeram na feira. Mas no dia seguinte fui à livraria. Pequena e por isso impossibilitada de ser livraria de fundos. Logo, sofrendo de um dos principais problemas dos livreiros independentes. O que encontrei foi essencialmente novidades. Os autores que pretendia não os tinha. É mais um dos factores que condena as pequenas livrarias. O que não se encontra não se compra. De positivo é o contacto muito mais pessoal que se estabelece com o livreiro. E desse diálogo decidi comprar um livro de que o livreiro se fez promotor.
E não adianta pedir que seja o Estado a financiar um negócio que terá, ele próprio a encontrar novos caminhos, como o fez ao longo da história
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