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Há revistas e jornais que mantêm o hábito de publicar a lista dos livros mais vendidos.
Deixei de valorizar, considerar e verificar os top de livros desde que em Salamanca estudei Industria Editorial. Uma das temáticas de estudo era a produção de Bestsellers. E a indústria editorial não deve ser confundida com edição literária. Pouco tem de literária. É essencialmente uma indústria que produz uma mercadoria denominada livro. Uma mercadoria que se pretende de consumo rápido para poder lar lugar a nova venda no mais curto espaço de tempo. E nesta indústria começa por se prestar muita atenção ao autor, e essencialmente ao seu impacto público. A influência que o autor tem no público vende muito mais do que aquilo que ele possa escrever. Ou ele, ou um ghostwriter. Sim, porque muito do que é publicado e assinado por escritor famoso é escrito pelos escritores fantasmas. Os assalariados que ficam na sombra e alimentam a indústria e os consagrados. Importante é também a escolha dos temas. Se possível os que estão na moda ou que de momento atraem a atenção da maioria do público alvo. A produção também é importante. O formato, cor, desenho da capa, os apelos subliminares do produto que se apresenta em banca. Mas o mais importante de tudo será a promoção. Os artigos de crítica, entrevistas, publicidade, eventos e principalmente a polémica que deverá ser criada. Por toda a gente a falar do produto, bem ou mal é apelo para a venda. E é isso, um bestseller é só um livro que tem muita venda. Uma obra literária é outra coisa, e bem melhor.
António Borges Regedor
José Saramago – A viagem do elefante.
O elefante será entregue em Valladoli ao arquiduque como regente de Espanha.
Forma-se uma caravana com o cornaca montado no elefante, homens para ajudar e um carro de bois com uma dorna de água e um carregamento de fardos de palha para alimento do Salomão. Um pelotão de cavalaria para segurança mais um carro da intendência das forças armadas.
A marcha segue a passo e capricho do elefante até à fronteira onde uma força austríaca os esperaria. Na Fronteira e perante a insistência de cada um dos destacamentos fazer questão de velar pela entrega do elefante, a caravana aumentou de figurantes.
E pelo caminho o elefante ainda fez um milagre amestrado pelo cornaca, que lhe valeu alguns dinheiros pela venda de pelo de elefante.
O elefante chega finalmente a Viena. Entretanto o arquiduque muda o nome do cornaca para Fritz e o elefante Solimão acaba aí os seus dias.
Depois de ter lido A Rainha do Sul, O Tango da Velha Guarda, Homens Bons, O Pintor de Batalhas, O Cemitério dos Barcos sem Nome, de cada vez que aparece mais um livro de Pérez-Reverte é um entusiasmo.
A rainha do Sul é uma mulher forte, que reconstrói a sua vida . A que lhe é possível construir. O ambiente é de mar, barcos e viagens. Só por isso já já seria profundamente agradável ler o livro. Foi o meu primeiro livro lido deste autor, o livro que me causou a simpatia inicial por Pérez-Reverte. O Tango da Velha Guarda foi talvez o que mais me marcou. É fabuloso. A procura da raís do tango. Nos lugares onde nasceu. Por gente que o conheceu já desenvolvido e adocicado pela sociedade Parisiense.
Eva é um romance que se desenvolve no contexto do conflito fratricida da guerra civil espanhola. Fora dos palcos das trincheiras, dos assaltos e fuzilamentos. É a história em palcos da inteligência, dos bastidores, da diplomacia e espionagem. Das rivalidade e cumplicidades. E da honra, valentia, palavra e amor.
Pérez-Reverte, Arturo - Eva. Alfragide: Edições ASA II, 2018
António Borges Regedor
Carlos Vale Ferraz, lançou em 1983 a ficção “Nó Cego”. Para mim, é a leitura deste autor, mas no sentido contrário do cronológico. Aqui dei conta em 4 de abril do ano passado, do seu mais recente romance “A Última Viúva de África (2017)”.
Este autor que também foi militar em Moçambique, coloca a acção em finais de 1969 no planalto dos Macondes, Mueda. Nome terrível para muitos portugueses. O jovem que “sentia a curiosidade dos gatos por tudo o que o rodeava e que desconhecia. De facto, jamais pensara em seguir a carreira militar.” p.28 Como tantos outros aqui estava, milicianos ou não, de arma na mão. Em pleno teatro de guerra. O nome do romance traz-me à memória a operação Nó Gordio no mesmo local. Ea história como na realidade começa antes com gente que queria ser diferente. O enfermeiro Cardoso queria ser pintor. Um dia “o professor foi levado mais uma vez para Caxias e o João Cardoso viu-se no meio da sala da mansarda, com tudo o que restava dos seus bens comuns desfeito e espalhado pelo soalho a seus pés”p. 45. É agora o enfermeiro da companhia.
“O clínico militar, um alferes miliciano mobilizado mal acabou a especialização...entrou na sala trazendo atrás de si o brigadeiro e o tenente-coronel que vinham em visita de inspecção.(...)Acendeu a luz amareladae deixou-se a fitr a cara do brigadeiro, a empalidecer enquanto observava o interior do cubículo negro. Apontou com o dedo musculado de cirurgião, sem uma termura: - Aquilo que está dentro daquele caixote, embrulhado no pano de tenda, era, ou é, já nem sei, o corpo dum daqueles a quem o senhor chama “soldadesca”.”p. 81.
“E ali estava ele só, o dólman do camuflado ainda sujo da viagem, sentado num monte de pedras como se carregasse o peso de todas as canseiras, apensar nela, a entender os poetas e a poesia – “essa pieguice”, como ela lhe dissera um dia, quando, deitados numa prais de areia fina no Algarve, ela lhe lera um poema”. p. 241
E entretanto, na cidade, longe das operações de cerco e assalto, o “Azevedo Melo tinha o programa previsto para o dia completo de cruzeiro no mar dos seus convidados, que passava por uma experiência de pesca ao corripo.” p. 258
E assim vai correndo a ficção do “Nó Cego” ou Nó Gordio, como preferirem, o desempate da guerra que não aparece, nem na ficção nem na realidade.
Abtónio Regedor
Espinho prepara-se para a 41ª Edição do CINANIMA – Festival Internacional de Cinema de Animação de Espinho.
Será de 6 a 12 de novembro e vai exibir 104 filmes de 24 países. Entre eles estarão 4 Longas-metragens.
Na homenagam que o CINANIMA prestará Artur Correia (autor de alguns dos maiores momentos do cinema de animação português), será exibido o primeiro episódio de “O Romance da Raposa”, série baseada no texto homónimo de
António Regedor
A propósito da publicação de um livro de compilação de textos clássicos de jornalismo literário, Cecilia Dreymüller aborda o tema no suplemento “Babelia” do jornal “El País de 27 de Agosto de 2016, p.10
O livro que serve de mote é: Uzcanga Meinecke, Francisco (prólogo, selección, notas y tradución) - La eternidad de un dia. Clássicos del periodismo literario alemán (1823-1934). Barcelona: Acantilado, 2016.
Cecilia Dreymüller lembra que a paixão pela leitura dos jornais, para ter informação e instrução, é um prazer cada vez mais dificil de usufruir. O jornalismo literário, crítico para com a situação político-social pertence a outra época. Aquele que ainda existe foi desterrado para os blogs e para as revistas literárias, segundo esta autora.
É relembrado o ganhar de reputação dos escritores ao escreverem em folhetins nos jornais. Esta prática verifica-se de forma sistemática nos séculos XIX e princípio de XX. São referidos Walter Benjamin, Stefam Zweig, Thomas Mann, Hermann Hess. São 43 escritores e apenas uma mulher, Rosa Luxemburdo.
António Regedor
Nas visitas ao extrangeiro aproveitei sempre para visitar bibliotecas. Ao visitar Cuba, não podia, evidentemente, deixar de me proporcionar uma visão própria das bibliotecas locais. Visitei a Biblioteca Nacional de Cuba José Martí, que faz cento e quinze anos. Bastou dizer que também era bibliotecário, para me ser oferecido o sorriso e simpatia pela consideração da visita. Curioso é que a Asociación Cubana de Bibliotecarios (ASCUBI) tem apenas vinte e sete anos. Tive também oportunidade de ver uma biblioteca de escola primária. Naturalmente não faltou a visita aos livreiros alfarrabistas, eles também parte integrante dos que na vida dedicam parte do seu tempo à preservação do património bibliográfico.
Curiosamente as fábricas de charutos estão intimamente ligadas ao património bibliográfico e à literatura. Ainda hoje existe nessas fábricas a figura do “leitor”. Ainda assisti a uma “leitura”, na altura da minha visita, muito mais ideológica que literária. Aquando da minha visita a leitura incidia mais nas notícias do quotidiano que na literatura clássica que dá nome aos charutos “Conde de Monte Cristo” do Dumas, o “Romeu e Julieta” de Shakespeare, o “Sancho Pança” de Cervantes.
Obviamente que por vários dias em Havana percorri os caminhos dos turistas e tracei outros percursos ao acaso pela cidade. Do jogging na 5ª avenida aos bairros onde a informação de interesse comunitário era feita pela comunicação afixada na parede pelos CDRs. E, claro, não podia faltar o banho em Varadero.
António Regedor
E quando um café ostenta em cima um pequeno tripé, isso não tem necessáriamente de ser a ementa ou a promoção do dia, mas tão só a oferta de uma frase .
António Regedor
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