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Há cerca de um ano atrás, fui convidado pelos meus colegas do ISCAP para integrar a comissão científica de mais um Encontro de Ciências e Tecnologias da Documentação e Informação. Fui professor na Licenciatura com esta designação ainda na Escola Superior de Estudos Industriais e de Gestão desde o ano da sua criação. Tempo de Encontros, Seminários, sempre presenciais. Este XIV Encontro de CTDI, também o havia de ser. O vírus coronavírus SARS-CoV-2, motivaram a sua suspensão. Dada a imprevisibilidade do tempo de duração da doença Covid 19, entendeu a comissão organizadora, e muito bem, realizar o Encontro em plataforma online. A meu ver com um excelente resultado.
Para além de excelentes comunicações de grande especificidade na Ciência da Informação, vi com muita atenção a intervenção do Magistrado do Ministério Público Nuno Serdoura dos Santos. Colocou a questão da consideração ou não das fake news como crime e que tipo de crime, em que circunstâncias e respondendo a uma questão minha, a consideração de diferente responsabilidade pela intencionalidade dos que produzem a fake news e dos que a replicam por partilha. Abordou-se a questão do algoritmo que junta os mesmos interesses dos diversos grupos de utilizadores. As questões relativas á supressão por alguns Estados das liberdades e concretamente da liberdade de informação. O novo conceito de infodemic. Foi referida a estratégia da União Europeia face à desinformação e considerou-se a necessidade da produção de doutrina por parte dos cientistas e a necessidade de Literacia da Informação.
Na perspectiva do Jornalismo, o Professor Fernando Zamith abordou a questão da Pós-Verdade ou até do Pós-Jornalismo. O Ciberjornalismo foi também referido. Colocou uma interrogação sobre a consideração de fake news. E claro, abordou a crise do jornalismo nos seus vários aspectos. Aludiu nomeadamente às publicações descontextualizadas, ao copy/paste, à reprodução de press release, aos conteúdos patrocinados.
O Filósofo Pacheco Pereira recorre ao Helenismo para promover a compreensão do fenómeno comunicacional actual. Remete nomeadamente para a condição da democracia no espaço público grego. Refere o Logos (razão), o Ethos (virtude ou excelência) e o Pathos ( emoção). E actualmente lembra que a demagogia emergiu nomeadamente na política e que forma a base do populismo. Ao referir-se à literacia informacional, aponta o aumento da desigualdade no saber procurar na internet. Lembra que a democracia tem de resultar da nossa escolha racional. Ela não se impões de forma natural. É nossa opção. Daí ser tão importante a nossa escolha consciente, racional e ética. Não emocional.
António Borges Regedor
Muitos ainda ficam chocados quando, de forma cada vez mais evidente, fornadas de jornalistas escrevem jornais (não fazem jornalismo) de veiculação de interesses económicos e políticos. É evidente que o jornalismo é difusor dos poderes que o influenciam.
Não é de agora. É da sua génese. O primeiro periódico, o “Gazeta em que se relatam as novas todas, que houve nesta corte, e que vieram de várias partes no mês de Novembro de 1641.”, saía sob a vigilância da Inquisição, O Santo Ofício criado em 1515. E saiu porque que foram concedidas “todas as licenças necessárias e privilégio Real”. Assim se dizia na época.
Um século depois da publicação da Gazeta e por influência das correntes iluministas, e acção do próprio Marquês de Pombal, algumas acções foram sendo tomadas para enfraquecer a Inquisição. Uma delas foi a criação em 1769 da Real Mesa Censória. Quis o destino que a colecção de livros da Mesa Censória viessem mais tarde a integrar, a Real Biblioteca Publica, e que mais tarde deu lugar à Biblioteca Nacional.
Apesar disso, a Inquisição perdurou até 1821 por acção da revolução Liberal. Nesse ano as Cortes Constituintes discutiram a liberdade de imprensa. Aquilo que os Iluministas iniciaram, os Liberais conseguiram. A anulação do controlo ideológico, científico e literário que a igreja teimava em exercer sobre o pensamento, a ciência e a política. O anticlericalismo dos liberais ajudou a liberdade de imprensa.
Claro que também o Liberalismo marcou as suas balizas de influência ideológica. Ficavam proibidos os abusos contra a Igreja, o Estado e os Bons Costumes.
Este novo enquadramento de liberdade de imprensa levou a que em pouco mais de três décadas, surgissem jornais que viveram a editar duas centenas de anos. O “Jornal do Comércio” em 1853, O “Comércio do Porto” em 1854, O “Diário de Notícias” em 1864, O “Primeiro de Janeiro” em 1869, o “Século” em 1881 e o” Jornal de Notícias” em 1888. E daí sempre a crescer, de tal modo que em 1910 havia 543 publicações periódicas. Tinha-se percebido que os jornais eram bons veículos para formar opinião. E havia jornais para todas as correntes de opinião política. Os Jornais tomavam partido, mas afirmavam-no abertamente.
O século XX abre novas formas de comunicação. Logo no início, em 1918 surge o cinema. A novidade não ficava alheia à anterior forma de comunicar. As sessões de cinema começavam com a projecção de magazine informativo. O que foi muito bem aproveitado politicamente pelos poderes como instrumento ideológico e de propaganda. O tempo era propício. Final da primeira guerra, grandes confrontos ideológicos saídos da vitória bolchevique, inflexão da grande influência anarquista para cada vez maior organização dos partidos comunistas e gestação dos movimentos fascistas de vários matizes. Preparação para guerra seguinte.
Logo a seguir em 1924 começam as primeiras emissões de rádio. E rapidamente este meio de comunicação conquista a maioria do público. Torna-se o elemento de propaganda preferencial. É com a rádio que se difunde a propaganda de Hitler, Mussolini. É pela rádio que ficaram registados os mais carismáticos discursos de Salazar. Esses discursos são feitos sob o controlo da ditadura já que a censura foi instaurada com o golpe de estado de 1926 e durou até à Revolução de Abril de 1974. Em Portugal, ao Rádio Clube Português é de 1931, a Emissora Nacional de 1935 e a Rádio Renascença de 1936.
Segue-se na evolução comunicacional a Televisão, com a RTP a iniciar as transmissões em 1957. O último dos meios de comunicação do paradigma de informação de um para todos, e a que McLuhan (1) designava de meio de comunicação frio. A imagem passou a estar em casa de todos e a propaganda também. A televisão moldou as gerações da segunda metade do século XX. Alterou modelos de comportamento, hábitos de consumo, modos de relacionamento, ideologias. Só foi superada pela internet.
Um novo paradigma de comunicação surge com as comunicações em linha, em tempo real, com a capacidade de escrever de um para todos, mas essencialmente de todos a escreverem para todos. O tempo de estar em rede, comunicar em rede e construir pensamento em rede. Com tudo de bom e de mau que isso representa.
Deixou de haver na comunicação, a responsabilidade do profissional, o compromisso ético, o objectivo de narrar a verdade verificada. O burburinho próprio do adro, invadiu todo o quotidiano. No caos comunicacional, faz-se sentir a necessidade de construir um novo cosmos comunicacional.
(1) Marshall McLuhan. Os meios de comunicação: como extensões do homem. Editora Cultrix; 1974.
António Borges Regedor
Já a meados do século XVII , mais precisamente a 3 de Dezembro de 1641, era editado o que se considera o primeiro periódico português. Foi em Lisboa, nas oficinas de Lourenço de Anveres com todas as licenças necessárias e privilégio Real, que se imprimiu a “Gazeta em que se relatam as novas todas, que houve nesta corte, e que vieram de várias partes no mês de Novembro de 1641.” Nesta época ainda a publicação estava sujeita à apreciação do Santo Ofício que tinha sido criado em 1515.
(Pessoalmente esta informação motivou uma discussão e teimosia com retaliação de uma professora na faculdade . Ia-me custando a cadeira e causou danos no curso. Claro que acabei por fazer a cadeira e ter de fazer melhoria de notas a outras para compensar. Mas é bom saber que era eu que tinha razão. Aprendi que fazer jornalismo não pode ser por pessoa ideologicamente perturbada, nem por ignorantes. E que procurar a verdade dá trabalho e é necessário pensar.)
António Borges Regedor
A propósito da publicação de um livro de compilação de textos clássicos de jornalismo literário, Cecilia Dreymüller aborda o tema no suplemento “Babelia” do jornal “El País de 27 de Agosto de 2016, p.10
O livro que serve de mote é: Uzcanga Meinecke, Francisco (prólogo, selección, notas y tradución) - La eternidad de un dia. Clássicos del periodismo literario alemán (1823-1934). Barcelona: Acantilado, 2016.
Cecilia Dreymüller lembra que a paixão pela leitura dos jornais, para ter informação e instrução, é um prazer cada vez mais dificil de usufruir. O jornalismo literário, crítico para com a situação político-social pertence a outra época. Aquele que ainda existe foi desterrado para os blogs e para as revistas literárias, segundo esta autora.
É relembrado o ganhar de reputação dos escritores ao escreverem em folhetins nos jornais. Esta prática verifica-se de forma sistemática nos séculos XIX e princípio de XX. São referidos Walter Benjamin, Stefam Zweig, Thomas Mann, Hermann Hess. São 43 escritores e apenas uma mulher, Rosa Luxemburdo.
António Regedor
Stieg Larsson – A Rainha no Palácio das Correntes de Ar , é o terceiro livro de uma quadrilogia unidos pelo nome de série: Millennium. É um bestseller bem escrito e que nos agarra à leitura. Começamos volitivamente a leitura e acabamos compulsivamente. As aventuras decorrem na forma de investigação jornalística. E se o livro não tivesse qualquer outro motivo de interesse, ele seria sempre marcante por descrever da página 244 à pagina 249 a forma como se faz nos media a fuga de informação, a contra-informação, a intoxicação e manipulação da opinião pública, através do mau jornalismo onde até a figura do estagiário, precário, talentoso e ingénuo, incompetente por não respeitar as regras básicas da comunicação que é a verificação do grau de veracidade da informação.
António Regedor
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