. O Jardim, a Ciência e a V...
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Um dos problemas que se colocam às cidades é o da impermeabilização dos solos que provoca inundações e rupturas nos sistemas de escoamento de águas pluviais. Durante anos o modelo de casa com quintal cumpria essa função essencial dos solos urbanos, juntamente com parques e jardins.
A pressão urbanística foi ocupado os espaços de infiltração das águas pluviais que evitam inundações, sobrecarga dos sistemas de canalização e são necessários à reposição do lençol freático.
Os políticos e gestores urbanísticos foram cedendo a essa pressão e não têm cuidado de reservar entre núcleos de construção espaços de parques e jardins para cumprir entre outras a função de redução da impermeabilização do solo.
Mesmo nas urbanizações onde poderia haver espaços verdes, aparecem as chamadas pracetas completamente impermeabilizadas, o que constitui um dos maiores erros urbanos.
E este problema não se resolve com grandes parques urbanos de um lado e de outro núcleos urbanos completamente impermeabilizados, sem parques de médias dimensões, arborizados. A cidade precisa tanto de parques como de habitações. Todos temos vindo a perceber que as cidades sem arborização, sem parques, se tornam insuportáveis para viver.
António Borges Regedor
O Porto mantém ainda alguns espaços verdes de assinalável dimensão. Para além dos mais conhecidos e abertos ao usufruto lúdico como o Parque da Cidade, S. Roque e Serralves, ou ainda alguns mais pequenos como as Virtudes, Palácio de Cristal ou Covêlo. Mas há ainda quintas que não estando abertas ao público, são significativas do ponto de vista da área de espaço verde. Uma delas é a Quinta da Prelada. Já não tem hoje a utilização como parque de campismo que já foi. Mas para além da arborização que permanece, mantém, quase em segredo as construções à boa maneira de jardim inglês romântico. Um Portão liga o Jardim à mata centenária. Um lago circular com uma ilha onde se ergue uma torre de dois pisos. Há ainda uma gruta e uma fonte.
António Regedor
Como vivo na cidade com o mar por perto, aproveito essa oportunidade para o ver ainda mais de perto. Caminho ao longo da praia e no regresso passo peo jardim e aproveito para atravessar pelo interior da biblioteca, usando mais essa sua funcionalidade. A de me encurtar o caminho para casa. Também permite que cumprimente os funcionários e amigos conhecidos alguns já de longa data.
Na passagem há duas grandes mesas com um caosmos de livros para onde lanço o olhar e frequentemente requisito os que ganharam a minha atenção. Destra vez a minha atenção recaiu para um que compila a correspondência do 4º Morgado de Mateus com a sua esposa. Chamou-me a atenção o facto de o livro estar anotado como doação. E isso faz-nos reflectir como hoje, as bibliotecas, são tão diferentes dos constrangimentos a que já estiveram sujeitas. Desde logo, as doações. Sempre se fizeram doações, mas estas revestiam-se antigamente de carácter muito formal. Algumas delas, davam origem à própria biblioteca. Outras, doadas a bibliotecas já existentes, exigiam em vários casos, espaços, localizações, mobiliário e até condições de utilização próprias. O livro ainda vincado do seu valor patrimonial, apesar de em declíneo, era ainda objecto de custódia privada. Modernamente, a concepção de livro mercadoria para consumo de grande rotação, alivia-o dessa carga patrimonial e alivia o seu possuidor da sua posse permanente. Em suma, estamos mais propensos a dar outros destinos ao livro lido, usado, que aquele arrumo que lhe era tradicional. Fazemos hoje mais frequentemente doações às bibliotecas. Mesmo que isso acarrete novos problemas para elas. E muitas são as contrariedades que as bibliotecas sentem com as doações. No entanto, há algum benefício para a sua própria colecção. E isso é evidente com o facto de ter requisitado este livro que de outra forma dificilmente seria adequirido pela biblioteca, ou não o seria nunca.
(foto de olharesliterários’s blog)
António Regedor
A Academia começa com as lições de Platão no Bosque Akadeomos. A essas lições acorriam vários discípulos, entre os quais Aristóteles que se manifestava irreverente face ao Mestre. “O dever de todo o discípulo é ultrapassar o seu Mestre” dizia Aristóteles. E assim deve ser, e assim se faz ciência. As conclusões de uns, são o ponto de partida para outros e também para o próprio. Face a uma ideia concebida, dessa mesma se deve duvidar. questionar e a partir dela inovar. Do ponto de vista pessoal é isto que nos faz processar, melholhar, renovar. Do ponto de vista social é assim que nos faz aclarar, esclarecer ou ainda reorganizar, renovar, reestruturar. Enfim, avançar tomando sempre novos horizontes, azimutes, proas. A nautica ensina-nos o modo mais elementar do ethos. O de que a linha que traçamos, por muito melhor que tenha sido calculada, sofre da circunstância do oikos ao longo do Kronos. Por bem que a linha tenha sido traçada, em nautica, os ventos e correntes fazem derivar a linha mapeada. A rota é desviada por efeito de deriva. Esta tem que ser permanentemente corrigida traçando novas proas, novas linhas de rumo ao longo do tempo. Inevitavelmente esses novos rumos sofrerão de novas derivas e estarão permanentemente a ser dorrigidos. . Assim é a vida. E essencialmente a ciência, de paradigma em paradigma, de lei em lei, relativizando cada uma delas ao seu objecto e objectivo. A vida, como a ciência é esta deambulação peripatética. Seja qual for o Pathos. O de Akadeomos ou o da entrada da nossa faculdade, da oficina, do condomínio ou o do forum de onde se alarga a cidade e se expressa a cidadania.
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