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O falar de imprensa atira-nos para Gutemberg. No entanto a imprensa é muito anterior à inovação do impressor alemão de 1400.
Imprimir é essencialmente o transferir imagem de uma superfície a outra de forma repetida.
Os Sumérios ( Há 5 500 anos , no actual sul do Iraque, onde o Tigre e Eufrates quase se juntam e que vai até ao Golfo Pérsico) já usavam cilindros gravados em negativo do texto a imprimir. Os Chineses imprimiam cartas de jogar. Na Idade Média placas de madeira ou pedra gravada eram as matrizes de impressão. Daí os termos respectivos de xilogravura e litogravura.
A inovação de Gutemberg, no século XV, foi a de utilizar caracteres móveis , resolvendo o inconveniente das matrizes anteriores serem peça única, e agora com a inovação poder refazer-se o texto com os mesmos caracteres.
Em vez de se gravar o texto numa placa, o texto era agora composto numa caixa que correspondia à mancha gráfica. Podia ser copiado inúmeras vezes, e os mesmos tipos podiam posteriormente compor outro texto diferente.
A revolução industrial proporcionou um forte desenvolvimento técnico no processo de impressão. No início do século XIX, graças a Friedrich Koenig desenvolveu-se a impressão cilíndrica. A mecanização foi um enorme passo no processo de impressão. E esta desenvolveu-se aproveitando as várias fontes de energia.
Os Jornais tornaram-se cada vez mais fáceis de produzir. O mesmo com os livros. Cresceu a indústria editorial até os transformar os livros de de produto literário a mercadoria cada vez mais perecível.
O mundo digital dispensa em grande parte a impressão. O texto já não tem necessidade de ser registado em suporte físico. A impressão está em extinção.
António Borges Regedor
A propósito de uma tal porcaria que anda aí na praça a ser arengada como livro, recordo os estudos de indústria editorial que fiz na Universidade de Salamanca. Começo por dizer porcaria anunciado como livro, porque o livro já foi outra coisa que aquilo que hoje é, ou não é. Depende do produto em que nos queremos fixar. O livro pode ser registo de conhecimento, nota ética, apontamento de património, memória histórica, objecto literário e mais modernamente produto industrial de consumo de maior ou menos qualidade, ou mesmo embalagem tóxica. E no caso de produto comercial de fraca ou reles qualidade, destinado a ser vendido em quantidade, para além da sua produção e camuflagem da qualidade, necessita da promoção. Aprendi em Indústria Editorial que a venda em massa depende do tema do momento ser controverso ou do interesse irracional, e os políticos do momento estão dentro do parâmetro; ser de ligeireza do tema evitando a reflexão, ponderação, e exigência de forma e conteúdo, e por isso vemos no escaparate livros das mais variadas gentes, disparates e banalidades. Mas a promoção do livro/mercadoria é ainda mais importante. Ela deve ser polémica. Criar um facto político ou social. Atrair a atenção através de um factos crítico que leva ao impulso da compra por curiosidade, interesse ou voyeurismo. A polémica atrai a atenção. Quanto mais irracional melhor. Põe todos a falar da mercadoria/livro ao mesmo tempo e o lançamento deve ser o corolário desse crescendo polémico.
Tudo passa depois da venda. O produto é para deitar fora. Depois desse outra promoção se seguirá. A tinta não pode secar, o papel não pode oxidar, a indústria editorial não pode parar.
António Regedor
O prémio literário “The Man Booker International Prize”, é disputado por seis autores e tradutores nomeados.
No entanto, a D. Quixote tem já os direitos de edição em Portugal, do livro “The vegetarian” do Sul Coreano.
Han Kang, e traduzido por “Deborah Smith”.
Nada espanta que este livro venha a ser o vencedor do prémio. São coisas da indústria editorial
António Regedor
O Jornal Expresso traz à luz uma realidade pouco conhecida do público que compra ficção e muito menos do público em geral.
Por várias vezes falei aos meus alunos de indústria editorial, e mesm fora de âmbito académico faço inúmeras vezes referência à figura do ghost-writer, com a qual simpatizo.
O “Expresso” faz-lhe justiça e enobrece a figura. Ainda bem. Ficamos a saber melhor como se produz a ficção que compramos e lemos.
http://expresso.sapo.pt/sociedade/2016-05-08-Os-fantasmas-que-escrevem-os-livros-dos-famosos
António Regedor
Émais um livro sobre livros e escritores. Dos esquecidos e dos promovidos. Dos de folha de rosto e dos ghostwriter. E de livreiros por vocação e conheciento e de editores que poderiam de igual forma ser açougueiros.
Quem estuda Ciência da Informação na temática de edição e indústria editorial, tem neste livro temas para várias teses.
António Regedor
Iniciei-o na sexta feira de 28 de Janeiro de 2005. Há quase 16 anos. Foi talvez um dos primeiros blogs exclusivamente dedicados à Indústria Editorial, ao Livro e às Bibliotecas. E fi-lo para dar apoio à cadeira de Edição e Marketing que na altura leccionava no curso de Ciências e Tecnologias da Documentação e Informação na Escola de Estudos Industriais e de Gestão do Politécnico do Porto.
Curiosamente o primeiro post foi sobre Gestão de Bibliotecas Públicas.
Logo de seguida, no dia 31 era referido o software livre, isto em 2005.
Registo vários alunos que participaram na experiência: Natália Sarmento, Cristina Mouta, Tiago Fernandes e Vitor, Cláudia Alves, Tânia Alves, Susana Albuquerque, Elsa Barros, Sara Aguiar, Natália Santos, Natália Sarmento.
No ano seguinte, o blog teve a participação de alunos da Pós-Graduação em Ciências da Informação e da Documentação da Universidade Fernando Pessoa: Luís Norberto Lourenço, Gaspar Matos.
Factores de anulação da distribuição tradicional.
A indústria editorial tradicional, teve um momento de crise com o estrangulamento da distribuição.
A produção editorial é muito desigual e acede à distribuição de forma muito diferenciada.
As distribuidoras sempre serviram essencialmente as editoras com capacidade de tiragem que justificasse a dispersão da edição por grande número de postos de venda.
A necessidade de grande rotação da edição, com consequente grande rotação da distribuição, reduz as livrarias de fundos.
As grande editoras, contornando as dificuldade e custos de distribuição, aproveitaram a aproximação directa aos grandes pontos de venda, tendo margem para descontar o custo da distribuição.
Com o colapso da distribuição as grandes editoras abriram as suas próprias redes de venda, prescindindo de outra entidade para distribuição.
A venda online é outro factor de anulação da distribuição.
As pequenas editoras, nunca tiveram bons canais de distribuição.
As novas condições de colocação do produto livro no mercado, exigindo um maior esforço ás editoras e percebendo que as mais pequenas dificilmente cumpriam os objectivos de distribuição, promoveram a concentração como estratégia de economia de escala e de visibilidade.
As concentrações resultaram essencialmente em máquinas de colocação de produto e não de refinamento da produção. Ou seja, um certo focar na venda e não na relação com o autor, na descoberta de novos autores, na qualidade, promoção, visibilidade.
A concentração e focagem na venda maximização dos resultados, levou ao abrandamento da preocupação da qualidade. Isto fez expandir o segmento do livro de fait-divers, rosa, banal, consumível, de fenómeno esporádico. O cuidado com a qualidade e com o livro literário parece ter sido abandonado.
António Regedor
Vários autores de língua portuguesa abandonaram a editora Leya.
Recentemente a notícia foi o abandono dos herdeiros dos direitos de autor de José Saramago que abandonaram o Grupo de Edição Leya. De seguida ficamos a saber que Miguel Sousa Tavares também a abandonou. Anteriormente tinham deixado de publicar na Leya, autores como Sophia de Mello Breyner Andresen, Mário de Carvalho, José Eduardo Agualusa, Richard Zimler, Pedro Rosa Mendes, Almeida Faria e João Tordo.
Fica-se com a sensação que a lógica das concentrações editorias por razões de rentabilidade do produto livro, pode não corresponder à dinâmica literária, onde o centro está no escritor e não no produto industrial e na sua rentabilidade.
Para resistir a mais um ano que o orçamento de estado propõe,
Começo o ano com uma boa notícia.
http://www.oje.pt//noticias/economia/livros-sao-bem-cultural-mais-exportado-em-2011
É uma notícia de economia e simultaneamente de livro. Dois conceitos que prefiro indexar pelo termo composto: economia do livro.
A utilização deste termo no léxico das linguagens documentais ajuda a melhor percepção do enorme valor da cultura e ensino, do livro e das bibliotecas, da indústria editorial e economia.
O jornal OJE de 1 de Janeiro de 2013 noticia que de acordo com dados do INE os livros foram o bem cultural mais exportado em 2011 no valor de 44,1 Milhões de euros.
Por comparação dentro dos produtos culturais, os "objetos de arte, de coleção ou antiguidades" registaram exportações no valor de 9,4 milhões de euros.
O destino dos livros foi essencialmente os PALOP (55,3%), a UE (30,4%) e o Brasil com apenas 8,6%. Desde logo se percebe o enorme esforço que será necessário para vender mais no maior mercado da língua portuguesa. O que fazer? Bom tema para começar uma discussão.
Mesmo assim, a balança comercial dos bens culturais mantém-se negativa, com -110,2 milhões de euros, apesar de se ter verificado uma melhoria do saldo com um decréscimo de 32% em relação ao ano anterior.
Outra conclusão é que é necessário fazer mais na indústria editorial para ser um sector com saldo positivo na balança comercial, sendo que os países de origem dos "jornais e publicações periódicas" e dos "livros, brochuras e impressos semelhantes" foram os países da União Europeia (97%).
António Regedor 1Jan2013
José Eduardo Agualusa no seu livro “ O lugar do Morto” a páginas 23, faz uma psicografia de Jorge Luís Borges (1899- 1986) com o título: “O admirável Mundo Novo dos Livros”.
A minha co-responsabilidade na Coordenação da Pós-Graduação em Estudos Editoriais e Artes Gráficas leva-me a ter este texto à cabeceira.
Transcrevo um excerto: “ O súbito interesse dos grandes empresários pela indústria livreira deveria ser algo para festejar luxuosamente, com champanhe legítimo e fogos de artifício: Os livros dão lucro? Eis uma boa notícia.
Infelizmente, a popularidade não tardou, também aqui, a revelar-se uma condenação. Neste jogo do comprar hoje para vender amanhã, não há tempo para construir um escritor. (…) O que se quer é o escritor pronto a vender, de preferência alguém que já possua um público vasto, ainda que não saiba escrever. Aliás, é preferível que nem sequer saiba escrever. Saber escrever atrapalha bastante. Rostos conhecidos do assim chamado grande público, como apresentadores de televisão, comediantes, jogadores de futebol, estrelas de cinema, passaram a ser, pois , os novos escritores. Alguns acreditam nisso, levam a sério o desafio, e um ou outro consegue mesmo tornar-se escritor. Esses são os que menos interessam às editoras, pois a partir do momento em que se tornam escritores perdem a popularidade e passam a vender menos. (…) .
AGUALUSA, José Eduardo - O lugar do Morto. Lisboa: Edições tinta-da-china, 2011 ISBN 978-989-671-072-9
. Dança
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