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Faz hoje 75 anos do cerco e ataque à aldeia portuguesa de Cambedo por forças policiais e militares de Portugal e Espanha.
Cambedo é uma pequena aldeia portuguesa na linha de fronteira com Espanha que se localiza na proximidade do marco de fronteira 229. Entre Montalegre e Chaves. Perto das ruinas de um castro e onde também foi território do rei Visigodo Wamba.
No rescaldo da guerra civil espanhola grupos de republicanos mantiveram acções de guerrilha. Um dos grupos que fazia acções na Galiza tinha muito da sua movimentação por terras de Oimbra(Galiza) e muito do apoio de rectaguarda em Portugal. Em várias aldeias onde se escondiam e alojavam republicanos ou guerrilheiros. Sendo uma delas Cambedo.
O que restava da guerrilha do final da guerra civil (1936-1939) tinha atravessado a segunda guerra mundial (1939-1945) e era já 1946 e estes republicanos ainda executaram algumas acções. Uma delas foi em Portugal, a última, na aldeia de Negrões. Esta acção provavelmente foi a que ditou a recolha de informação por parte da polícia política portuguesa (PIDE), a provocação, perseguição, cerco e ataque. O fim da guerrilha anti-franquista na Galiza.
O cerco à aldeia de Cambedo começou a 20 de Dezembro. Na aldeia estava reunida a cúpula do movimento de guerrilha. O cerco foi montado pela Pide, GNR, Exército vindo de Chaves e igualmente forças espanholas. Durou ainda o dia 21 e no dia seguinte, 22 bombardeada com morteiros pelo exército português. Foi ocupada nesse dia com dois soldados mortos, dois guerrilheiros mortos e um ferido enviado para o campo de concentração do Tarrafal. Uma parte da população foi presa. Alguns dos habitantes estiveram presos por vários anos. A aldeia entrou num limbo. De má fama ninguém para lá ia ou queria com ela identificar-se. As casas bombardeadas nunca mais foram recuperadas. Ainda hoje se encontram destruídas.
António Borges Regedor
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