. História do movimento cri...
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Prisciliano terá nascido na Galécia numa família da aristocracia. Cerca de 370 foi estudar em Burdigala, actual Bordéus, com o retórico Delphidius com quem fundou uma comunidade cristã rigorista, critica das hierarquias da Igreja que enriquecia com a promiscuidade com o Estado Imperial. Cerca de 379 começou a predicar com enorme sucesso e o movimento tem um crescimento muito rápido.
Características do movimento
O movimento prisciliano do ponto de vista teórico incide sobre o estudo das escrituras, na sua interpretação e recusa de leitura literal. Incluem alguns textos apócrifos.
A inspiração de Prisciliano vem da tradição gnóstica e é uma expressão de um cristianismo que rejeita a opulência da hierarquia eclesiástica no século IV é simultaneamente cargo político e religioso.
Os líderes do movimento religioso não têm de ser da hierarquia, mas impondo-se como Mestres carismáticos. E onde há uma participação e lugar importante das mulheres nas leituras da Bíblia.
Na prática propõe o ascetismo, o celibato e a abstinência de carne e vinho. Esses hábitos alimentares estariam na base da consagração da eucaristia com leite e uvas. Jejuavam ao domingo e afastavam-se da igreja durante a quaresma. Neste período faziam retiro nas montanhas. Como característica física usavam os cabelos longos ao contrário do que era habitual na época e andavam descalços.
A condenação do Priscilianismo
Já em cerca de 380 reuniu o Concílio de Caesaraugusta, actual Saragoça, condenando as ideias priscilianas. Em resposta dois dos bispos acusados de priscilianismo nomearam Prisciliano a Bispo de Abula, actual Ávila.
Por influência dos bispos ortodoxos o Imperador Graciano faz um rescrito excomungando Prisciliano e os seus seguidores.
Em 382 Prisciliano vaia a Roma para se defender, mas não é recebido pelo bispo de Roma Dámaso, por este considerar não poder anular o rescrito do Imperador.
Nesta época o equilíbrio de poderes era muito frágil. Havia rivalidades nos Impérios Romanos do Oriente e do Ocidente, e rivalidades internamente a cada um deles. Ao mesmo tempo o cristianismo sofria da afirmação em confronto das várias interpretações. E no cristianismo eram muitas: arianos, rigoristas, ebionitas, patripassianos, novacianos, nocolaítas, ofitas, maniqueus, homuncionitas, catafrígios, borboritas, e os priscilianos a que aqui nos referimos.
Nesta amálgama de conflitos, assenta a promiscuidade e as alianças de conveniência entre o poder administrativo e a igreja. Disso resulta a condenação por maniqueísmo e bruxaria, da heresia prisciliana no Concílio de Bordéus e em Tréveris no ano de 385 através de Evódio, prefeito do imperador e acusada das práticas mágicas de danças nocturnas, uso de ervas abortivas e astrologia cabalística.
Prisciliano acaba decapitado juntamente com os seus seguidores mais próximos por ordem do Imperador e numa acção considerada por muitos de justiça secular em questão religiosa. Martinho de Tours, Jerónimo de Estridão em Roma e Ambrósio em Milão foras dos ortodoxos leais a Roma que tiveram esta posição.
Pouco tempo depois, em 388 Máximo foi derrotado pelo Imperador Teodósio do Oriente e até o Bispo Itácio foi excomungado por ter sido o instigador do julgamento secular contra o Bispo Prisciliano.
Por sua vez o priscilianismo manteve a actividade pelo menos por mais dois séculos como provam o facto de o tema ser tratado em vários concílios. Ainda no concílio de Toletum no ano de 400 era referido que dos doze bispos da Galécia, apenas um não era priscilianista.
E a partir de 409 com os bárbaros a ocuparem o império, o priscilianismo sobreviveu essencialmente no mundo rural, de tal modo que mais tarde em 561, no concílio de Braga voutou a fazer-se referência ao movimento priscilianista. E no IV concílio de Toledo, em 683, ainda se condenava a prática priscilianista dos clérigos galegos não cortarem o cabelo.
A hipótese do túmulo de Santiago de Compostela ser de Prisciliano.
Segundo Louis Duchesne será Prisciliano que estará no túmulo em Santiago de Compostela. Isto considerando que os seus discípulos trouxeram os seus restos mortais para a sua terra natal. (O próprio Miguel de Unamuno foi difusor desta teoria tornada popular).
O eremita Pelágio encontrou em 813 um sepulcro que atribuiu a Santiago.
Foi Afonso II que ordenou a construção de uma igreja em honra de Santiago em texto de 829 ou 834.
Em 893 o rei doa a Igreja de Arcos a Santiago. Começa a haver registo de peregrinos, mas a peregrinação só ganha evidência no século X. E só em 1126 é que se conclui a Catedral, no tempo do Bispo Gelmires de tão má memória para Portugal. ( Fez Santiago rivalizar com Braga, mais antiga, de onde roubou várias relíquias que levou para Santiago e nunca mais devolveu.)
António Borges Regedor
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