. O Porto ainda a meio do s...
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(Crónicas de um Porto Vintage 1 )
Os campos agrícolas entremeados por pequenas fábricas e oficinas iam cedendo faixas para construção de minúsculas casas. Corredores de casas alinhadas com áreas de 20 metros quadrados que aninhavam recém camponeses feitos operários na cidade que os atraíra. Que plantava salsa nos vasos à entrada das portas e comia toucinho ás refeições da noite e reparava de madrugada a marmita do almoço na fábrica. Onde a prole fazia do pátio o quarto dos brinquedos e todos partilhavam a latrina comum à fileira de casas em taipa. A água começava a ser canalizada mas ainda havia os fontenários que anteriormente abasteciam os lugares de água potável. A Fonte do Regado está localizada a escassos metros do rio que nasce na Arca D´Água que também não fica longe. Nas redondezas há ainda ruínas de uma fábrica de consideráveis dimensões para a época. Conheci, ainda a funcionar, uma fundição e uma carpintaria.
A cidade está hoje muito mudada. Mais urbanizada. As “Ilhas” cresceram em altura, modernizaram-se, estão maiores, mais confortáveis, mais salubres. As fábricas e oficinas foram para as periferias industriais. Os espaços verdes desapareceram. Mas a Fonte do Regado permanece.
António Borges Regedor
(Cciclo memórias do Porto 2)
O topónimo não deixará muita dúvida quanto à função daqueles terrenos. A sua função agrícola. A Fonte que ainda vi deitar água está na Rua Nova do Regado. A paralela mais a poente é a Rua da Bica Velha. Hoje são ruas resultado das pequenas indústrias e das “ilhas” que surgiram no século XX no Porto que se industrializava.
Ainda conheci terrenos de cultivo por estas bandas. Num desses que deixou de ser lavrado corri muito, treinei muitas vezes perto de casa em complemento ao treino de atletismo que fazia no F. C. Porto por quem fui ateleta de meio fundo.
Da Rua de S. Dinis até à Fonte do Regado o passeio era uma rampa acentuada onde aprendi a equilibra-me encima de uma coisa de madeira parecida com uma bicicleta. Era um triângulo em madeira com duas rodas, sem pedais nem travões.
As “ilhas” já quase todas demolidas. As fábricas fechadas. Os prédios plantados nos terrenos de agricultura. Permanecem os nomes das ruas. A fonte ainda lá está, sem serventia.
António Borges Regedor
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