. A esquerda cumpre hoje, n...
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Pacheco Pereira continua filósofo clarividente. E nem lhe é difícil a tarefa. Basta continuar a pensar as questões que o vulgar julga como certas e imutáveis.
Nesta excelente reflexão aborda a vitória ideológica da chamada “direita” que não será mais do que o encostar da social democracia ao neoliberalismo. E a vitória da esquerda que assumiu as lutas e reivindicações que já foram da social-democracia. E que ao defender coisa tão simples como o estado social é apelidade de radical. Afinal a esquerda radical está hoje a cumprir o programa que historicamente era pertença da social democracia e do estado social capitalista.
Pacheco Pereira refere a crítica da direita ao “viver acima das suas posses”, que significa a culpabilização dos consumos típicos da classe média. A culpabilização por se querer sair da memória da pobreza ainda presente nos anos 60 e 70. Porque é que qualquer um de nós que gosta de comemorar os anos 80, não se lembra de comemorar os anos 60? Porque simplesmente nada há a comemorar desses anos cinzentos, opressivos e repressivos, tristes, pobres e famintos. A culpabilização dos novos consumos da classe média, e o terrorismo de estado que foi lançado contra essa mesma classe média levariam inevitavelmente à regressão a esses tempos dos anos 60 e aos buracos nas estradas que já se começam a sentir.
A ascenção social e o surgimento de uma classe média em portugal foi proporcionada pela escola pública. É o ódio neoliberal à classe média que leva igualmente a atacar a escola pública. E lembramo-nos de imediato que foi nos países social democratas que a escola pública, as políticas de leitura e de leitura pública através das políticas de redes de bibliotecas fixas e itinerantes que fez desses países cultos, desenvolvidos, éticos, justos, educados e ricos. Pacheco Pereira nota bem que essa luta abandonada pelos social-democratas é agora a dos tais radicais de esquerda.
O mesmo repara o autor, que referimos, no que diz respeito ao programa social, como seja a reposição de salários e pensões que não é mais do que a base do contrato social que enforma a social-democracia.
E dá conta Pacheco Pereira que: “ Ainda recentemente ouvi com atenção uma intervenção de Marisa Matias fazendo para mim uma classificação interior daquilo que era ideologicamente de esquerda, tudo era da mais pacífica doutrina social da igreja, podia ser dito pela Caritas, por um democrata cristão ou um social-democrata se ainda os houvesse. Até o Papa Francisco, nestes termos, estaria muito mais à esquerda.” E mais não é necessário acrescentar. “É por isso que um deputado do ex-PaF se dizia muito surpreendido por o Bloco de Esquerda defender o feriado do Corpo de Deus” adianta Pacheco Pereira. Depois do arremesso da pedra da austeridade por culpa da dignidade ontológica de uma classe média emergente, maioritariamente social democrata, é o Bloco de Esquerda no respeito da laicidade que vem em defesa do respeito de uma profissão de fé.
Tem ainda Pacheco Pereira de referir o jornalismo de analfabetos, tacanhos e ideologicamente amestrados jornalistas. E para terminar dizendo: “Para combater a ideologia da direita radical precisamos de algum retorno à moralidade, como os espanhóis compreenderam com as suas “marchas pela dignidade”.
Texto de comentário ao artigo publicado em:
http://www.publico.pt/politica/noticia/derrota-ideologica-e-vitoria-politica-1720334?page=2#/follow
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