
A propósito de uma notícia de que a Biblioteca da Universidade de Indiana na Pensilvânia, está a fazer um expurgo de quase metade dos seus livros que não foram emprestados desde o ano 2000.
Se nunca tinham feito expurgo, é natural que agora tenham esse valor que pode parecer grande, mas não o é.
O processo científico torna muita da informação desactualizada. Calcula-se que actualmente, em média, a cada cinco anos metade do conhecimento científico esteja desactualizado. Há sectores onde a desactualização é muito rápida, a informática por exemplo, e outros em que é bastante mais lenta. Mas em média, é isto que se passa. O conhecimento renova-se a cada dez anos.
Por esta razão o expurgo, para quem o faz, actualiza em cerca de 10% todos os anos. Claro que nem tudo o que é desactualizado é expurgado. Há matérias que apesar de desactualizadas continuam a ser referidas, até para termo de comparação ou produção de diacronias. E assim, o expurgo incide essencialmente no critério de documento não consultado. Mas não deixa de estar no valor aproximado dos 10%. O que refaz o equilíbrio de actualização da colecção de forma permanente.
Mesmo para as bibliotecas de leitura pública, é este o padrão. No programa de análise de bibliotecas (PAB) ,em que participei no ano 2000 a 2002, uma parceria entre a Fundação Calouste Gulbenkian e a Fundación Bertelsmann da Catalunha, fizemos a contagem dos documentos não emprestados e era sensivelmente esse o valor que encontrávamos.
Isto deve ser tido em atenção dos gestores e técnicos de biblioteca, para demonstrar a necessidade de investimento regular na colecção. Não a deixar degradar, porque a desactualização da colecção leva à redução do uso e consequentemente à redução dos utilizadores, e em espiral à redução da visibilidade e utilidade da biblioteca, à sua nulidade ou utilização residual ou mesmo ao desvio para outros fins e actividades que não a sua missão e necessidade essencial e prioritária.
António Regedor