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Este foi o estádio onde treinei atletismo. Onde aprendi como fazer a passada para a corrida mais rápida, menos desgastante e mais eficiente. Um miúdo que na escola tinha descoberto ter alguma competência na corrida de resistência. Uma oportunidade para o Futebol Clube do Porto ensinar a correr meio-fundo na especialidade de corta-mato. Beste estádio foram muitas horas de treino a subir e descer as bancadas, a correr em terreno acidentado à volta do estádio e algum treino na pista também. Foi neste estádio que calcei pela primeira vez na vida sapatos de pregos para experimentar a pista. A pista que era também a pista de obstáculos com a famosa vala de água. Neste estádio onde após os treinos os atletas eram compensados com generosas canecas de chá quente super-adoçado. Eu achava o chá delicioso e uma manifestação de enorme consideração do clube para com os atletas. Como também achava um especial orgulho treinar com o equipamento fornecido pelo clube. Vestir aqueles calções, camisola azul e branca e sapatilhas ou uma ou outra vez sapatos de pregos era um privilégio a que os que treinavam nas Antas tinham acesso. Fiz algumas provas com a camisola listada de azul e branco. Nos terrenos da Arroteia, onde hoje é o Instituto Politécnico do Porto, ganhamos um campeonato regional por equipas. Participei nesse título. Obviamente que sinto grande contentamento com essa participação.
António Borges Regedor
( Ciclo memórias do Porto 3)
Este foi o estádio onde treinei atletismo. Foram muitas horas às voltas na pista. Quatrocentos metros circundavam o relvado destinado ao futebol. As bancadas não circundavam completamente o terreno. Esse espaço entre bancadas era denominado a zona de peão. Nos dias mais pequenos, as luzes acendiam e o treino era feito à luz artificial. Um dos treinos consistia em subir e descer as bancadas, ziguezagueando e de forma contínua. Não era ainda o tempo das cadeiras. Um lanço comportava a zona de sentar e uma faixa onde se colocavam os pés. A corrida consistia em fazer de uma só passada esse conjunto de distância. Aí se testava a força nas pernas e a bombada do coração. Outras vezes a corrida era nos terrenos de cascalheira à volta do estádio. Aprontava-se a resistência para o corta-mato. Foi na pista de atletismo do Estádio das Antas que pela primeira vez vi e experimentei sapatos de pregos usados para as corridas de velocidade. Também aí aprendi a saltar barreiras e a fazer a corrida e obstáculos e com a vala cheia de água. Quem sabe se isso também me ajudou ao desempenho nos exercícios no serviço militar. Em todo o caso, guardo as melhores recordações desses treinos no Estádio das Antas. E ainda hoje sinto a satisfação de como se era bem tratado. De chegar ao roupeiro e receber equipamento azul e branco. Do banho quente depois do treino. Da caneca de chá quente e exageradamente adoçado com que no final do treino éramos recompensados.
António Borges Regedor
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