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O www.portoenorte.pt gastou dinheiro dos contribuintes a editar um pretenso guia de ciclovias, ecopistas e ecovias. Quem o fez nada percebe de bicicletas e de mobilidade suave. É um produto de propaganda mas não tem nenhuma utilidade para quem faz da bicicleta ferramenta de mobilidade, nem para quem a usa como lazer ou turismo.
Conheço algumas das pistas assinaladas que já fiz, e é isso que me leva a dizer que a informação é fraca, nalguns casos é gato por lebre e noutros é mesmo logro.
Entre informação mais ou menos útil, falta-lhe o essencial. O perfil da pista que é fundamental para a escolha do sentido da sua realização quando não se trata de percurso circular. Outro elemento fundamental é a informação sobre o piso. É que há bicicletas e pneus diferentes para pisos diferentes.
O guia tem logo azar na primeira ciclovia que apresenta. A de Alfândega da Fé com uns ridículos 250 metros e um piso inadequado. E uns tantos outros exemplos em várias localidades de menos de um kilómetro ou pouco mais.
Há percursos que merecem ser feitos como a Ecopista do Tâmega de Amarante a Arco de Baúlhe, ou a ecopista do Rio Minho em Monção. São percursos agradáveis e que dão grande satisfazção a quem as utiliza. Há casos em que o estado do piso é importante que seja dito, como é o exemplo da ecopista do Corgo que no Concelho de Vila Real que é em terra batida e que no de Vila Pouca de Aguiar é em betonilha suave. Escolher uma ou outra faz a diferença.
E há casos como o de Espinho que que é um embuste chamar ecovia aos caminhos do parque da cidade, sujos, cheios de infestantes e sem qualquer valor paisagístico. Ou chamar de ecovia os habituais passadiços de beira mar em que o cruzamento de bicicletas e pessoas se faz de forma insegura porque os passadiços não foram pensados para ciclovias.
António Borges Regedor
A Linha de Caminho de Ferro do Tâmega começava na estação de Livração-Marco de Canavezes na Linha do Douro. Seguia para Amarante, Celorico de Basto e ia até Arco de Baúlhe onde tinha a última estação. Isto já no concelho de Cabeceiras de Basto. Esta estação terminal de Arco de Baúlhe é hoje na sua totalidade um núcleo museológico dos caminhos de ferro portugueses. Foi inaugurada a 15 de Janeiro de 1949 e a linha foi encerrada a 1 de Janeiro de 1990. Foram quarenta e um anos de passageiros, mercadorias, correios, vida vivida de maquinistas, bagageiros, chefes de estação, água a correr para alimentar as caldeiras e carvão, muito carvão para dar vida a essa forma de ligar o território de Basto ao Rio Douro através de montes e vales, rasgando encostas e galgando rios.
A 8 de Janeiro de 2000, foi assinado um protocolo entre a Rede Ferroviária Nacional – REFER, E.P. e a Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto para a gestão e dinamização da Secção Museológica.
O conjunto inclui a Estação revestida com painéis azulejares, executados em 1940 por A. Lopes na Fábrica de Cerâmica Sant’Anna localizada em Lisboa. É um edifício de rés-do-chão e primeiro andar. A fachada ostenta no cimo e ao centro um belíssimo painel de azulejos com um escudo da nação e a inscrição: “Caminhos de Ferro do Estado”. A linha permanece no seu lugar de sempre. Para a travessia de uma plataforma a outra ainda lá estão as passadeiras constituídas por travessas de madeira. Pelo meio o balastro evidencia a passagem do tempo. As agulhas para os desvios de linhas e a plataforma giratória usada para inverter o sentido da marcha da locomotiva são outro motivo de memória. Ainda lá está a grua de abastecimento de água para as caldeiras das locomotivas e o torre depósito de água. O depósito de carvão consiste numa enorme caixa rectangular em paredes de granito. Na linha está uma composição constituída pelo furgão DEfv 506, uma carruagem fechada construída em 1908 pela «Dyle & Bacalan», em Lovaina na Bélgica. Destinava-se ao transporte de correio e despachos, que seguia acoplado a comboios de passageiros. O vagão EAKLMO 5937023 de caixa aberta para transporte de mercadorias foi construído entre 1909 e 1911 nas Oficinas do Barreiro. Há ainda o vagão-cisterna UHK 7012002 com a capacidade de 10 000 litros construído em 1926 pela empresa Van der Zypen & Charlier na Alemanha. A locomotiva MD 407 / N.º 8916, construída em 1908 na empresa «Henschel & Sohn» (Kassel, Alemanha), está numa cocheira onde também repousa a automotora a gasolina ME 5 construída em 1948, nas oficinas gerais da CP, em Santa Apolónia, Lisboa. Possui motor Chevrolet, a gasolina. O aspecto é o de uma habitual camioneta de passageiros em tudo idêntica às que víamos nas estradas. É ainda visitável a carruagem CEyf 453 construída em 1908 na empresa «La Métallurgique, Nivelles», na Bélgica. Destinava-se aos viajantes que seguiam em 3.ª classe. Uma carruagem de passageiros com entrada por uma plataforma com varandim e porta que dava para o interior da carruagem. Do varandim havia uma porta de grade que permitia a passagem entre carruagens. A plataforma com varandim tinha ainda duas portas que podiam fechar em andamento dando maior segurança. Os bancos em madeira da carruagem correspondiam às condições de viagem em 3ª classe que existia no tempo de Portugal salazarento. Um vagão de mercadorias com serviço “correio” que consistia num espaço com vários cacifos para separação dos destinos das cartas e um banco onde o empregado dos correios se sentava para cumprir essa tarefa enquanto o comboio circulava. Numa outra (garagem) cocheira segundo a designação da época, estão estacionadas mais duas carruagens, mobiladas e em excelente estado de conservação. Uma delas é a carruagem-salão SEfv 4001 (MD 1) construída em 1905, na empresa «Ateliers Germain», em Monceau sur Sambre, na Bélgica. Foi usada pela primeira vez na linha do Corgo pela Rainha D. Amélia de Orleães, em Junho de 1907, na sua visita às Termas de Pedras Salgadas. E a carruagem-salão SEyf 201 / N.º 1801 (CN 2) construída em 1906, na empresa Carl Weyer & C.ª, em Dusseldorf, na Alemanha, foi tal como a anterior usada pelo Rei D. Carlos na mesma viagem às Pedras Salgadas em 1907.
Ainda no edifício da Estação são conservadas peças, mobiliário, equipamento, utensílios e documentos. Há um exemplar de telefone de comunicação entre estações que era absolutamente necessário porque só podia haver um comboio na linha e o cruzamento só se podia fazer nas estações. Caixas dos bilhetes previamente impressos para os vários destinos e que eram vendidos em estação. Cacifos para despachos de mercadorias, já que cumulativamente ao transporte de passageiros seguiam no comboio carruagens de mercadorias e também correio como já foi referido. Bandeiras de sinalização que podiam ser verdes, amarelas ou vermelhas. Malas usadas pelos revisores. Exemplos de embalagens, caixas e malas de mercadorias despachadas. Há ainda balanças, obliteradoras, continentes para jornais e documentos. Cornetas para avisos sonoros, alicates de revisores fazem parte do acervo. Mapas horários, avisos e tantos outros pormenores que davam vida própria às estações de caminho de ferro de outros tempos que a memória não pode perder.
António Borges Regedor
Em Vila Real abriram há pouco tempo os percursos naturais do Corgo. São percursos praticamente dentro da cidade, mas num excelente ambiente de ruralidade, beira-rio, entre escarpas e várias cascatas. Vila Real já tinha um caminho pelas margens do rio Corgo que designa por percurso geológico do Corgo. Estes dois percursos estão agora unidos. Há agora uma rede coerente de percursos que ligam a cidade, o rio Corgo e se pode prolongar pela ecopista do Corgo (canal de caminho de ferro desactivado). Começando na Vila Velha (o primeiro núcleo urbano da cidade), pode visitar-se o museu de arqueologia e a partir de vários pontos desse promontório ter vistas excelentes do território. Daí o percurso desce ao rio. Aproveita ao máximo os caminhos de terra batida existentes com passadiços que ajudam a vencer melhor as pendentes e a travessia do rio quando necessário. Daí também se ter a oportunidade de usufruir do espaço das duas margens. O percurso pode ainda derivar por caminhos de ligação a vários pontos da cidade. Liga ao Percurso Geológico do Parque Corgo com ligação ao Parque Florestal, às piscinas, parque de campismo e áreas fluviais com diversos caminhos e relvados muito bem tratados. Este percurso segue até Abambres com uma entrada junto à Ponte da Timpeira. Aqui se quiser pode continuar pela ecopista do Corgo ( o canal de caminho de ferro até Chaves). Para voltar à ”Bila” pode fazê-lo brevemente pela ecopista até à estação de caminho de ferro (hoje desactivada). No final merece provar os “covilhetes” de carne ou as “cristas” e os “pitos” da doçaria conventual que ainda hoje a “Bila” se orgulha de preservar.
Notas:
“Vila Velha” Núcleo primitivo da ocupação deste território até ao século XIII. Com a doação do Foral por D. Dinis em 1289, a vila desenvolve-se para Norte, expandindo-se para lá do promontório inicial. Para que é hoje Vila Real sempre em crescimento.
“Bila” a designação por que os locais tratam carinhosamente e com orgulho a sua cidade.
“Covilhetes” é um produto tradicional local. É um pastel de forma redonda, com recheio de carne de vaca.
“Cristas” e “Pitos” são alguns dos produtos da doçaria tradicional de Vila Real que terá origem conventual (Convento de Santa Clara, também conhecido por Convento de Nossa Senhora do Amparo).
António Borges Regedor
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