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Dalio, Ray – Princípios para Lidar com A Nova Ordem Mundial
"A ordem internacional segue muito mais a lei da selva do que o direito internacional" p. 218
Interessante livro para compreender os tempos em que nos encontramos.
Logo na página 38 a frase: “O que mais afecta as pessoas é a distribuição da riqueza”. E assim é. O livro refere diacronicamente as moedas que já foram moeda de reserva, o que remete igualmente para alguns impérios.
O autor faz várias abordagens do ponto de vista económico. Aborda as determinantes da riqueza e poder dos Estados, a Moeda e o endividamento. Ao endividamento dedica boa parte do seu livro. Endividamento e desvalorização da moeda. E neste aspecto lista historicamente grandes desvalorizações.
O Poder é outro dos temas com larga reflexão. Elenca um quadro com as fases do poder, refere os populismos e até os tipos de guerra e até considerações sobre os motivos que levam os líderes à guerra. Não resisto a fazer uma citação da página 235: “As potências rivais apenas vão para a guerra quando o poder de ambas é aproximadamente comparável (caso contrário, seria estupidamente suicida para a potência que, como é obvio, seria mais fraca)”.
O autor não deixa também de se referir à questão das sanções internacionais.
Ainda sobre os poderes dos Estados não deixo de citar o autor que sobre as opções políticas refere o caso do Imperador Chinês Yougle da Dinastia Ming que em 1400 tinha a maior e mais sofisticada frota do mundo e que optando por uma política de potência terrestre incendiou e a destruiu completamente.
Naturalmente o autor refere os vários conflitos europeus e mundiais que conduzem à actual liderança mundial e obviamente e inevitavelmente refere a China na sua evolução histórica e económica. A sua filosofia e mentalidade, o modo como estabelecem relações com os outros povos e Estados. E termina referindo a inevitabilidade da mudança futura.
Dalio, Ray – Princípios para Lidar com A Nova Ordem Mundial. 2022
António Borges Regedor
Há um enorme potencial no Aeroporto de Beja a que importa estar atento.
Pode potenciar o turismo e a actividade económica do Alentejo e nomeadamente a ligada ao Alqueva.
Pode constituir uma porta para o Algarve.
Pode reduzir a pressão sobre o Aeroporto de Lisboa e de Faro.
Seria um factor de desenvolvimento económico e demográfico do Alentejo.
Pode tornar-se num cluster de aviação com indústria aeronáutica, manutenção, ensino e outras actividades ligadas à aviação ligeira e turística.
Seria bom pensar nisso e ter um projecto estratégico para esta importante infraestrutura.
António Borges Regedor
Fui às compras apenas para repor alguma coisa que estava em falta e obviamente mantive o meu critério de escolher preferencialmente português.
Os lacticínios, ovos e iogurte, de empresas portuguesas. O café foi “Delta” uma empresa portuguesa que não me inibe de fazer publicidade, pela consideração que tenho por esta empresa que tem política social. Que nunca trocou a sua origem em localização periférica e paga impostos em Portugal. Chouriço de Barrancos. Um Concelho que conheço razoavelmente. Tem na sua fábrica de enchidos uma das empresas mais empregadoras e grande contributo para a economia do Concelho. Comprei mel de urze e castanheiro da Serra da Malcata. Uma região que importa apoiar contrariando a redução demográfica e económica. Recuso por princípio mel de eucalipto ou de regiões e culturas que degradam o coberto vegetal do país e não respeitam as culturas autóctones com sustentabilidade ambiental. As frutas foram banana da madeira e pera do “oeste”. Da pera a qualidade e a preferência de uma região que depende economicamente do nicho de produção de fruta em que se especializou. Da Madeira por preferir um fruto nacional, de uma região onde essa produção é significativa para muita mão de obra local e porque o fruto é muito, mas muito melhor que os “plátanos” da américa latina produzidos intensivamente. A garrafa de vinho foi do “Douro”. A escolha que recai na memória de infância, na excepcional qualidade dos “vinhos do douro”, no querer o desenvolvimento económico da região, e a justa remuneração aos viticultores locais. Para todos estes produtos tinha opções estrangeiras, de importação, que significava saída de divisas do país. Sem dificuldade fiz uma compra de qualidade, promotora da defesa da economia nacional e que me deixa orgulhoso de uma cidadania consciente.
António Borges Regedor
Para quem pretender iniciar-se nos passeios em ciclovias ou apenas fazer um passeios mais suave em família em que podem ir os mais novos e os mais velhos, pode começar pela rede de ciclovias de Ovar. A região, como de resto todo o território a sul de Espinho, na faixa costeira é ciclável. Espinho fica de fora por razões sociológicas que nada têm a ver com as óptimas condições cicláveis do Concelho.
Fizemos essa experiência de ciclar em terreno fácil, seguro e agradável. Partimos do Parque urbano de Esmoriz designado Buçaquinho. O Parque é visitável e agradável. Foi o ponto de partida em direcção a sul, ao Furadouro. A pista é de bom piso, segue ao longo da estrada florestal. O caminho percorre estas matas de pinheiros que constituíram outrora as designadas Matas Nacionais. À passagem pelas localidades com praia a ciclovia tem derivações para essas mesmas praias. Contorna as instalações do aeródromo de manobras de Maceda e acede ao Furadouro. São cerca de 10 Kilómetros sem dificuldades. Para quem não vir a utilidade deste tipo de equipamentos, apenas refiro que são promotores das economias locais. Isto porque leva clientes a estes locais e pelo que vi, eu e muitos outros tomamos café, bebemos águas, fizemos lanches, comemos gelados e presumo que alguns em percursos mais longos e demorados tenham feito refeições. Foi o que fizemos nas ecopistas onde as distâncias implicavam sempre a refeição, e os consumos nos locais de descanço. É caso para dizer que quem não cuida das ciclovias não faz negócio.
António Borges Regedor
O trânsito automóvel privado é cada vez mais insustentável nas sociedades modernas. Causa enorme impacto no urbanismo. A mobilidade automóvel é a responsável por grande fatia de consumo de energia fóssil. Do ponto de vista da mobilidade, do urbanismo, da qualidade de vida, da humanização das cidades, o modelo automóvel está esgotado.
A cidade tem absoluta necessidade de se modificar para ganhar mais dimensão humana, mais qualidade ambiental, mais ordenamento do território, mais eficiência, mais economia e poupança de recursos.
A bicicleta nas suas formas tradicional ou eléctrica tem-se mostrado a melhor solução de mobilidade urbana. Estudos científicos aponta para a eficiência em pequenos percursos. A facilidade de uso, o baixo risco de acidentes, a versatilidade nos diversos espaços urbanos. Ainda os factores associados à saúde e a enorme vantagem do ponto de vista económico fazem da bicicleta o transporte ideal para todas as idades em meios urbano e até interurbano. Acresce que a mesma bicicleta pode ser usada de forma funcional, em lazer ou desportiva.
A partilha de vias de circulação com o trânsito automóvel não é problemática dentro do respeito do princípio da protecção do utilizador mais vulnerável. Princípio modernamente consagrado no código da estrada. Este princípio tem até a vantagem da moderação e acalmia das velocidades praticadas em meio urbano pelo trânsito automóvel.
As ciclovias são importantes para garantir o uso da bicicleta a cidadãos que não se sintam tão confortáveis, confiantes ou seguros na partilha das vias de circulação com o automóvel. Permitem possibilitar mais cidadãos a usar a bicicleta.
A condição para o uso das ciclovias em segurança e confiança é que sejam segregadas. Isto significa terem um canal próprio, bem delimitado, com separador e a um nível diferente da faixa de rodagem automóvel. Há níveis diferentes de ciclovias, mas quanto menos elementos protectores tiverem menos potenciais utilizadores captam para a utilização da bicicleta e mais ineficientes se tornam. Não se aumenta o número de utilizadores de bicicleta se não se lhes der adequadas condições de segurança.
Acresce ainda que as ciclovias resultam ainda em benefício dos automobilistas por lhes diminuir os riscos e aumentar a fluidez de trânsito.
As ciclovias serão assim entendidas como vantagem para o ordenamento do trânsito, para a segurança, para a fluidez do trânsito e para a mobilização de muitos mais cidadãos para a mudança de paradigma de mobilidade, para a cidade mais humana, para a melhor qualidade de vida, melhor saúde e melhor economia.
António Borges Regedor
A pandemia é uma questão de saúde que depende da ciência. Estamos a lidar com uma situação que não tem guião definido. É um vírus novo. O conhecimento científico vai sendo construído mas só depois das manifestações virais. Não há adivinhação nem futurologia. É assim a ciência.
Sendo uma questão de saúde geral, é também uma questão social. Depende do comportamento social. E sabemos que este campo é muito instável e por vezes irracional. Os comportamentos sociais podem ser tomados por pânico. Por comportamentos impulsivos e irracionalmente massificados. O tempo leva a desgaste psicológico e enfraquece o comportamento racional. Os fenómenos gregários promovem tendências de massa por vezes negativas. O desconforto, a irritabilidade, as proibições, a contestação, a rejeição, podem a qualquer momento fazer irromper acções inorgânicas, irracionais, desestabilizadoras. As sociedades são assim. Têm capacidade de contenção e momentos de explosão. Quer uma e outra linha não devem ser ultrapassadas.
É também uma situação económica. A saúde precisa de recursos para actuar eficientemente na situação pandémica. A sociedade não pode parar a actividade económica. Mas a questão da saúde pública necessita de confinamento. O confinamento prejudica a economia. A falta de economia compromete a racionalidade dos comportamentos sociais.
É à política, a administração da Polis, à gestão da coisa pública, que cabe gerir a situação, os limites de cada um dos campos e ser o vértice, o ponto de união deste difícil prisma. Tanto mais difícil quanto a posição em que cada um se encontra vê o problema e os outros problemas pelo seu prisma, e obviamente refractado.
O domínio político tem acompanhado o conhecimento científico e adaptando à economia e ao comportamento social. Equilíbrio difícil por efeitos contrários. Em bom rigor e sem outras conotações pejorativas, diz-se em náutica que quando não há carta, a navegação faz-se à vista. Cautelosa e sempre com correcções. Este é o cenário que temos, mas é o único real. Tudo o resto são visões enganadoras dependentes do prisma com que as vemos.
António Borges regedor
Estudei num tempo em que o “ar e a “água” eram considerados bens livres.
Temos agora a notícia de que a água está a ser negociada, como recurso, em “contratos futuros” na Bolsa de Nova York. E isto é preocupante. E mais preocupante ainda é saber que na operação estão envolvidos os “edge funds”, os fundos abutres como são conhecidos.
Do “ar” já conhecemos negócio. O mercado internacional do carbono e de alguma forma o pagamento do oxigénio consumido pelos Estados. Mas isto é tema de outra conversa.
Também já tínhamos notícia dos interesses manifestados por alguns representantes de interesses na privatização da água. Nessa linha o tratamento e gestão do abastecimento já é negócio privado, e o mesmo para o tratamento dos efluentes.
Também algumas políticas em alguns territórios proíbem a utilização da água da chuva.
Ainda ouviremos muito sobre este tema.Mas o que verdadeiramente deveríamos discutir era a questão do melhor estatuto da água. A consideração de bem essencial à vida. O seu carácter de “bem público” de modo a afastar os conceitos nefastos de “bem livre” e do seu extremo oposto de “bem privado”.
É uma discussão necessária num contexto previsível de escassez de água potável para consumo doméstico bem como de água em geral para diversos usos agrícolas, industriais e energéticos.
Perante uma doença nova, a ciência vai construindo a resposta à medida que a doença se vai manifestando. Construindo conhecimento e aferindo, ajustando e reformulando as hipóteses, as metodologias, os procedimentos. Por isso já foram dadas várias orientações diferentes para o nosso comportamento social. As mudanças correspondem ao aumento do conhecimento adquirido.
A primeira vaga desta doença nova e desconhecida foi contida de forma robusta, mas com grandes reflexos negativos na economia, no ensino, nos comportamentos sociais e principalmente na exaustão dos profissionais de saúde. Sabia-se que o desconfinamento, a retoma da economia, uma certa regularização da vida social iria aumentar os contágios. Mas isso seria suportado pela adaptação dos serviços de saúde, pelo conhecimento da doença que vai aumentando á medida que ela se vai desenvolvendo.
A retoma da normalidade social, as férias, os contactos com pessoas de outros países, ou de outros pontos do país, e o início das aulas, o aumento da actividade económica elevou os números de contágio.
É a economia que gera as receitas necessárias para aplicar na saúde. E é a saúde que assegura a economia. Talvez nunca se tenha percebido tão claramente como a saúde e economia são tão importantes e intimamente ligados. Há outras implicação igualmente importantes, mas em tempos de pandemia a falha de uma desta é o colapso de todas as outras, e do todo social.
O confinamento, por si só, não é a solução. Só confinamento trava a economia. É necessário mais. Os recursos gerados na economia terão de ser prioritariamente encaminhados para a saúde. Sendo que esta tem apenas uma pequena margem de crescimento por muitos recursos que a economia lhe forneça. O seu limite de crescimento é desde logo a especificidade e especialização dos seus recursos humanos e o longo tempo necessário à sua formação. E em segundo o seu esgotamento físico.
Resta-nos um terceiro elemento para estabelecer o necessário equilíbrio. O comportamento social é fundamental. Deve ser um comportamento informado. E há muito défice de informação científica, fidedigna e esclarecedora. Faltam programas pedagógicos na comunicação de massas e também para circulação em redes sociais. Programas que deviam ser feitos pela televisão pública ouvindo as entidades de saúde, os especialistas, os cientistas. Em segundo, o comportamento social deve ser responsável, ético, cívico. A retracção a actividades que aumentem o risco, deve ser da iniciativa pessoal sem precisar de ordem de proibição. Cada um por si deve calcular o risco e actuar pela minimização do mesmo. Não adianta estar um fim de semana em casa, se até ás 13 horas se sujeitou a ser contaminado no meio da multidão. Um baptizado, casamento ou comunhão não justifica a contaminação de famílias inteiras. A empresa e os amigos não acabam por não se realizar o jantar de natal.
O principio da defesa da vida futura deve prevalecer aos costumes e hábitos das efemérides presentes.
Os incómodos presentes são o bem-estar futuro.
António Borges Regedor
Toda a natureza está humanizada. O homem é o construtor da paisagem ambiental que conhecemos. A floresta foi sendo moldada pelo homem. O espaço ocupado pela agricultura, pecuária, alteração de espécies de fauna e flora. Com intervenção nas linhas de água e na paisagem que modificaram com os socalcos, as pastagens, as culturas. O que visitamos hoje na natureza é obra humana. O que vemos é o resultado da capacidade transformadora do homem. Da acomodação e adaptação do meio.
Mesmo o Parque Nacional ou os Parques e Reservas Naturais estão concebidos para o desenvolvimento humano, económico e social das populações que neles habitam. Paralelamente fazem parte de uma rede de protecção da natureza.
A natureza é isto. Uma natureza com o homem e moldada pelo homem. Toda a acção humana tem impacto na natureza. Ela é o resultado desse impacto.
Desde sempre o homem percorre a natureza. Por razões de assentamento demográfico, por razões de exploração mineira, agrícola ou pecuária. Também por comércio, transporte e peregrinação.
Modernamente os hábitos de lazer incluíram práticas de alpinismo e montanhismo. Trilhos insistentemente percorridos marcaram novas paisagens. E mais recentemente grupos de caminheiros popularizaram o contacto e passeios pedestres pela natureza. Deram até lugar a nova actividade económica.
Sou do tempo em que o caminhar pelas montanhas se fazia por orientação em carta militar e bússola. Com muita procura, e exploração, e uns aprendendo trilhos com outros mais experientes. O conhecimento dos trilhos ia passando de uns para outros e de exploração própria. Até que o negócio chegou a este campo do lazer.
Hoje muitas empresas se formaram para levar turistas a passear pela natureza. Muitos guias são remunerados para levar gentes por esses trilhos que só poucos conheciam. É o seu negócio turístico.
Entretanto comunidades isoladas, periféricas e economicamente mais vulneráveis reconheceram o potencial do território que os seus naturais construíram. A economia local faz-se com pessoas. E essas comunidades através dos passadiços acrescentam valor ao seu território. Atraem visitantes para o conhecimento da comunidade, da região, da paisagem, dos serviços e bens produzidos localmente e que dessa forma constituem a sobrevivência da comunidade.
Compreendo que possa tirar negócio às empresas que levam pessoas pelos trilhos. Mas o seu nicho de caminheiros mantém-se. Não têm de ser invejosos nem elitista exclusivos.
Afinal se os trilhos não estiverem marcados nem houver passadiços que ordenem e controlem os fluxos de visitantes da natureza, o negócio era apenas de uns quantos que ganhavam e não deixavam nenhum benefício para as economias locais. E é essa a verdadeira razão de tanta animosidade contra os passadiços.
Em vez da montanha ser apenas de alguns que possuem condição física e conhecimento dos trilhos, os passadiços são mais democráticos no acesso à montanha e sensibilizam mais para o valor da paisagem.
Os passadiços não impedem os caminheiros de continuar a percorrer os seus trilhos preferidos. Não impedem os montanhistas de continuar a fazer escaladas. O trilho não impede de quem quiser ficar apenas na praias fluvial, ou no parque de merendas onde se localizam ou nos parques de lazer onde os há.
Cada um deve poder usufruir da natureza segundo as suas possibilidades físicas e preferências estéticas.
António Borges Regedor
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