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O virar de página sente-se cada vez mais com o digital. Durante muito tempo continuará convivência entre o livro digital com o livro físico. Pese, embora, cada vez a nossa leitura ser feita em digital. Leio muitos artigos científicos em formato digital. Guardo alguns livros em “pdf”. A minha tese de Doutoramento está online e é assim que é lida, como leio a dos meus colegas. Com a vantagem das contagens de download e citações feitas. No entanto, na ficção, mantenho o meu velho hábito de usar os vários sentidos com o livro. A visão das cores e atracção dos motivos de capa. O toque das folhas à passagem uma a uma, ou mesmo quando o tempo o tenta esconder com fina camada de pó que se sente na ponta dos dedos. O olfato que distingue o cheiro da tinta fresca ou a acidez instalada no papel mudado pelo tempo. O som do desfolhar corrido de trás para a frente na busca da ilustração, ou do virar de página.
António Borges Regedor
Na plataforma celulose
Há dias, fui assistir à apresentação dos livros de educação ambiental, produzidos por António Eloy, na sede do FAPAS, no Porto. Quatro livros sobre os quatro elementos. São dirigidos a crianças e adolescentes, dado comportarem simultaneamente um agradável grafismo com o rigor científico. A apresentação foi feita com recurso à projecção de um e-book. O e-book tem naturalmente a vantagem da imagem em movimento e do som de várias espécies bem como das falas dos protagonistas. Mas achei particularmente interessante a expressão do António Eloy à produção do livro, também na “plataforma celulose”. Foi a primeira vez que ouvi a expressão, que achei interessante até por trazer à memória umas tantas alusões a outras tantas situações vividas e que têm a ver com as celuloses. Na sala estava o Serafim Riem que se amarrou a uma máquina de terraplanagem, se a memória já não me atraiçoa, na célebre luta dos agricultores de Valpaços contra a eucaliptização. Ou de uma reunião também com o António Eloy e com o Carlos Pimenta, no seu gabinete da secretaria de estado do ambiente, em que constatávamos ter ganho a luta contra o nuclear em Sayago, mas ter perdido contra as celuloses. E agora, nesta sessão de apresentação dos quatro livros, a expressão “plataforma celulose” em substituição da forma usual de dizer “formato papel”, teve criatividade expressiva e riqueza de memória. A par do e-book as crianças e adolescentes vão ter acesso ao tacto do papel, sentir o cheiro desse produto da celulose intentada., ver as cores quentes da imagem do sol, e do mar, e da floresta, vão imaginas os sons das ondas e dos cantos dos pássaros, e a voz dos protagonistas das histórias. Eu certamente terei oportunidade de usar mais vezes a expressão do meu amigo António Eloy, “plataforma celulose” quando me referir ao suporte papel.
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