. Incompatibilidade do Islã...
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Ao cidadão comum impressiona ver a mulher islâmica caminhar de véu, atrás do homem, carregando o estigma, a inferioridade, a submissão, a dependência e segregação de género, por vezes acompanhada das outras três em igual condição.
Não é que nós, os mais velhos, não tenhamos visto alguns destes aspectos em tempos mais recuados da nossa vivência, ou seja, até cerca dos anos sessenta do século passado. Mas a laicização da sociedade, a afirmação dos direitos humanos e da igualdade de género tornaram, ainda que lentamente, a vida das mulheres mais digna.
O feminismo como movimento social, também contribuiu para a mudança de mentalidade, de costumes e de respeito pelas mulheres. Também alguma influência do feminismo ocidental se fez sentir no mundo islâmico. Nomeadamente pela influência britânica no Egipto ainda no século XIX. A opressão da mulher islâmica é entendida no uso do véu, em ter de aceitar a poligamia, na reclusão da mulher, na submissão enquanto esposa e na diferenciação dos papeis de género.
As concepções feministas ocidentais tiveram a simpatia de Huda Sharawi, que fundou a União Feminista do Egíto, e em Duriyya Shafiq , que foi fundadora da União das Filhas do Nilo.
Apesar de querer o acesso à profissão das mulheres islâmicas, Huda Sharawi afirmava não pretender mudar a sharia.
Já Zainab al-Ghazali, fazia parte da Irmandade Muçulmana, e apesar de alguma influência ocidental, nunca admitiu contradizer a religião. Entendia apenas que a mulher também deveria ocupar espaço no plano público e político, mas devia fazê-lo no contexto do corão e da sunnah dando prioridade ao seu papel de mãe e esposa. Zaibab nunca colocou em questão a forma como o islão trata a mulher.
Zainab em 1917 fez inicialmente parte da União Feminista do Egipto, para logo de seguida, e em ruptura, criar a associação da Mulher Muçulmana. A sua influência religiosa é a de um exegeta corânico e teórico do Islão político chamado Said Qutb. Esta figura é também ideólogo da Irmandade Muçulmana do Egipto. Foi influenciador da Revolução Iraniana de 1979 e da Al-Qaeda. Politicamente Zainab foi activista da Irmandade Muçulmana.
Para Zainab a mulher era fundamental para a criação de uma sociedade islâmica forte. Como mães e professoras deviam ser íntegras e religiosas. Deviam conhecer o corão, a sunnah, a política e a geografia mundial.
O feminismo hoje em dia é mais diversificado. Há exemplos de protestos feministas em mesquitas dos EUA contra a divisão dos sexos na oração. Há também o movimento Musawah de acabar com a poligamia no islão.
No fundamental as várias tentativas de melhor exprimir os pontos de vista da mulher no islão, estão sistematicamente inquinadas pelo peso do corão, da sharia e da sunnah na estrutura cultural, da mulher muçulmana.
No geral a consciência do respeito pela mulher, pela igualdade de direitos e contra os preceitos segregacionistas, de clausura da mulher e da sua menorização é muito fraco no mundo islâmico.
Ninguém espere que os homens islâmicos um dia acordem de boa consciência para estabelecer a igualdade e respeito entre homem e mulher. Os homens do islão serão sempre barreira, mas há ainda outra barreira. A das próprias mulheres incapazes de aspirar à sua identidade ontológica. Essa é a principal barreira. A que está na cabeça das mulheres islâmicas.
António Borges Regedor
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