. O Golfe como escola de ét...
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( Ciclo memórias do Porto 3)
Este foi o estádio onde treinei atletismo. Foram muitas horas às voltas na pista. Quatrocentos metros circundavam o relvado destinado ao futebol. As bancadas não circundavam completamente o terreno. Esse espaço entre bancadas era denominado a zona de peão. Nos dias mais pequenos, as luzes acendiam e o treino era feito à luz artificial. Um dos treinos consistia em subir e descer as bancadas, ziguezagueando e de forma contínua. Não era ainda o tempo das cadeiras. Um lanço comportava a zona de sentar e uma faixa onde se colocavam os pés. A corrida consistia em fazer de uma só passada esse conjunto de distância. Aí se testava a força nas pernas e a bombada do coração. Outras vezes a corrida era nos terrenos de cascalheira à volta do estádio. Aprontava-se a resistência para o corta-mato. Foi na pista de atletismo do Estádio das Antas que pela primeira vez vi e experimentei sapatos de pregos usados para as corridas de velocidade. Também aí aprendi a saltar barreiras e a fazer a corrida e obstáculos e com a vala cheia de água. Quem sabe se isso também me ajudou ao desempenho nos exercícios no serviço militar. Em todo o caso, guardo as melhores recordações desses treinos no Estádio das Antas. E ainda hoje sinto a satisfação de como se era bem tratado. De chegar ao roupeiro e receber equipamento azul e branco. Do banho quente depois do treino. Da caneca de chá quente e exageradamente adoçado com que no final do treino éramos recompensados.
António Borges Regedor
Participei pela primeira vez em provas desportivas de orientação
Tinha-o feito durante o serviço militar, em contexto diferente.
Foi-me feito o desafio que aceitei sempre com o meu espírito de aprendizagem e gosto por aventura, desportos radicais e prática desportiva.
Fiquei a saber que há uma enorme comunidade que tem gosto por este tipo de provas, quer seja no campo quer na cidade. E a modalidade é englobante e com vários níveis de participação.
Pode ser muito competitiva e isso implica muito treino, fazer a prova a correr, já que a pontuação é feita com contagem de tempo mais rápido no final de todas as passagem nos controlos. E actualmente a tecnologia facilita imenso essa tarefa. Cada competidor leva um chip que acciona cada uma das passagens que tem de efectuar. O mapa, a ordem de pontos de passagem, a bússula, a lanterna para as provas nocturnas, tudo isto é essencial. Mais ainda a boa leitura dos mapas, a leitura dos códigos de sinalização dos aparelhos marcadores das passagens.
E claro a camaradagem, o convívio e encontrar inesperadamente amigos. (Encontrei um com quem partilho a actividade num grupo de sensibilização ambiental).
Mas há ainda componente lúdica com níveis diferentes de dificuldade. Pode ser feita por toda a família, até por crianças. Há percursos longos, médios e os mais acessíveis.
As provas quer em ambientes de natureza ou urbanos levam-nos a conhecer espaços inesperados. Fiz esta prova urbana no Porto e garanto que passeis por ruas do Porto onde nunca tinha ido. Conheci o belo jardim das águas e energia do Porto que nunca tinha visitado. Andei por zonas da freguesia de Campanhã que me pareciam uma outra cidade de tão estranhos lugares que percorri. Hei-de lá voltar com o mesmo mapa.
António Borges Regedor
Porto City Race 2021
Etapa nocturna concluída. E com bons resultados.
Amanhã será a diurna.
Provas de orientação
São boas para caminhar. Ter noção de leitura de mapas em papel. Contrariar a perda de noção do espaço. O excesso de uso dos equipamentos digitais vai depreciando a competência humana da percepção analógica. Estas provas são importantes para manter estas competências da condição humana.
Essencial para que no dia em que faltar o apoio do GPS, (até pela simples falta de bateria) saber para onde ir lendo os sinais de meio ambiente.
António Borges Regedor
Esta prática desportiva é envolvida de cordialidade própria. Os jogadores previamente conhecidos ou não, saúdam-se desejando “bom jogo” reciprocamente. Marcam a bola e indicam com que bola vão jogar. Têm um cartão onde marcam as suas pancadas e a dos adversários que no final conferem e assinam. Esse cartão regista o seu nível de jogo. É normal fazerem elogio quando alguém do grupo executa uma pancada de assinalável qualidade. Ajudam-se mutuamente a procurar uma bola perdida. Literalmente não deixam ninguém para trás. Quem for mais atrasado joga primeiro.
O Golfe tem respeito pela natureza e pelo campo. Devem deixar o campo como o encontraram. Os jogadores reparam os pedaços de relva que levantam ao bater uma bola. Quando no “green” (zona do campo mais suave e onde a relva é cortada muito curta) a bola causa maior impacto, há uma peça (pitch repair) que cada um dos jogadores possui para reparar o green.
E finalmente leva a regras de indumentária simples mas de consideração para com o outro. Habitualmente usa-se polo que pode ser acompanhado de pullover. Tapa vento ou impermeável. A calça de fazenda e sapato de golfe ou sapatilha.
O gurda-chuva é admitido. O que não é aceitável é a tshirt e as calaças de ganga.
António Borges Regedor
Golfe não se joga contra o outro. Joga-se com o outro. Os jogadores têm níveis de jogo diferente. Respeita-se o nível decada um. Podem jogar em conjunto jogadores com níveis diferentes. Cada um procura melhorar o seu jogo. Em cada dia que passa quer aperfeiçoar. O objectivo não é o melhor ganhar ao outro. O objectivo é que os dois melhorem, todos melhorem as suas competências. É portanto um jogo de aperfeiçoamento pessoal.
É um jogo de cordialidade social. Os jogadores cumprimentam-se e desejam um bom jogo aos seus companheiros. Não o perturbam na sua vez de jogar. Ajudam-no a identificar o local de queda da bola e se necessário ajudam à sua procura. Só avançam após o último jogar e esperam sempre pelo que vai mais atrasado. Não deixam ficar ninguém para trás. Partilham da alegria de boas jogadas e felicitam o jogador que as faz. Podem jogar em conjunto homens e mulheres, adultos e jovens. Pode ser um jogo para toda a família.
Cada jogador marca as suas “pancadas” (vezes que bate a bola). Marca também a dos companheiros para conferência. Só precisa de regras, não de árbitros.
No final agradece a partilha do jogo.
Golfe e Ambiente
Joga-se em espaços abertos. Arborizados com preocupação de diversidade vegetal e de plantas autóctones. Sobreiros, Castanheiros, Carvalhos, Acer, Choupos. Fruteiras também. Conheço um campo onde uma das saídas é do meio de uma vinha. Há também arbustos como azevinhos, loureiros, giesta, tojo, carqueja e muito mais.
E também na presença de fauna diversificada. Aves, mamíferos, herbívoros, roedores, répteis, anfíbios. É comum verem-se coelhos, perdizes e até esquilos.
Há elementos estéticos presentes, como a proximidade de rios ou mar. A água está muito presente em lagos naturais ou artificiais. E é cada vez maior a preocupação com o consumo de água, conhecendo um campo onde há plantas purificadores da água num dos lagos, ou ainda a utilização de água de estação de tratamento de aguas residuais (ETAR) para a rega.
Golfe e o respeito pelo campo.
O princípio do golfe é que todos jogamos com as mesmas condições de campo. Isto implica que cada um deixe o campo como o encontrou. Limpo e conservado. Os jogadores causam impacto sobre a natureza, mas preocupam-se por minimizar. Pela extensão e tempo, os jogadores podem durante o jogo beber água ou comer alguma coisa. No entanto usam os caixotes de lixo do percurso ou no final deixam os seus lixos nos locais adequados. Nada fica no campo. Se por acção do jogo levantam alguma relva, voltam a colocá-la, minimizando o impacto e encurtando o tempo de reparação do campo. Se a bola causa impacto maior em zona mais sensível como é o green, usam uma pequena ferramenta denominada pitch repair para recolocar o green em boas condições.
O golfe não é só uma prática desportiva, é igualmente uma escola cívica.
Antóno Borges Regedor
Foto: Capa da Revista: "Guia Orientador- Ciclismo e Dinamização da Actividade Turística". Coordenação de Sandro D. Araújo (Vice -Presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo. 2016. Lisboa: Edição da Federação Portuguesa de Ciclismo.
O potencial de Portugal deve ser aproveitado.
Portugal exposta 15% dos 11 milhões de bicicleta que a União Europeia exposta para todo o mundo
Águeda continua a ser a capital do fabrico de bicicletas em Portugal, e a maior empresa é a “Órbita”.
Apesar disso, portugal continua a usar pouco a bicicleta. O seu uso é esencialmente desportivo e de lazer. Mas o seu uso funcional é ainda residual.
Há apenas 1700 Km de percursos dedicados à bicicleta e apenas 299 ciclovias. Sabemos que a mioria das ciclovias tem uma lógica de lazer, e não de funcionalidade urbana.
António Regedor
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