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A Cultura é pessoal enquanto obra do indivíduo. É simultaneamente obra da humanidade enquanto produzida em determinado contexto histórico, linguístico, social, económico, ético e estético. E passa da expressão pessoal a social e colectiva quando apresentada publicamente e apropriada pela Humanidade. Somos hoje o que o cumular cultural nos produziu. Somos culturalmente o produto de séculos de história, literatura, pintura, música, dança. Reconhecemos como nosso património as grandes obras escritas, desde os livros religiosos aos que nos amenizam o quotidiano. Desde Homero ou Hesíodo a Saramago ou Humberto Eco. De Shakespeare a Tolstói. Reconhecemos como da nossa cultura tanto os frescos da Capela Sistina como os girassóis de Van Gogh. Reconhecemos como fazendo parte da nossa cultura tanto os nocturnos de Chopin como Stravinsky. A cultura depois de apropriada pelo gosto, pela estética, pela observação pública, deixa de pertencer ao escritor, ao pintor, ao músico, ao artista. Passa ao domínio Universal.
A perseguição a artistas, a proibição de músicas ou livros, o encerramento de estudos em universidades ou o despedimento de artistas e determinados autores só por terem nascido num ou noutro lugar não passa de obscurantismo, de negação de Humanismo. Essas proibições e despedimentos não passam do instinto próprio da bestialidade.
António Borges Regedor
Portugal nunca se tornou famoso pelo elevado índice de cultura, de alfabetização ou leitura. Tirando o momento histórico excepcional de actividade científica ligada à construção naval, navegação, astronomia, cartografia no período dos descobrimentos, o resto da história é cinzenta. Está no entanto pontilhada de casos singulares de excepcionalidade. Alguns deles como será o caso de D. Dinis o primeiro monarca a possuir uma biblioteca privada. Pedro Julião Rebolo que foi o Papa João XXI, mais dado à ciência que ao Papado. Luíz Vaz de Camões tanto dado às armas e aos amores como à cultura humanista. O iluminista Marquês de Pombal, que passa a considerar a Universidade de Coimbra uma instituição ‘pública’ numa linha de secularização do ensino. Frei Manuel do Cenáculo Villas Boas (1724-1814) que criou a Real Biblioteca Pública de onde deriva todo o edifício do sistema bibliotecário português. Egas Moniz, médico, Prémio Nobel. Saramago também Nobel entre outros. Vários pontos de luz numa realidade de base inculta, iletrada, dominada pelo ambiente religioso retrógrado, conservador da contra-reforma e cujo argumento para uma guerra civil foi a disputa entre liberalismo a absolutismo.
Em alguns momentos há luzes que se acendem na escuridão.
António Borges Regedor
Para resistir a mais um ano que o orçamento de estado propõe,
Começo o ano com uma boa notícia.
http://www.oje.pt//noticias/economia/livros-sao-bem-cultural-mais-exportado-em-2011
É uma notícia de economia e simultaneamente de livro. Dois conceitos que prefiro indexar pelo termo composto: economia do livro.
A utilização deste termo no léxico das linguagens documentais ajuda a melhor percepção do enorme valor da cultura e ensino, do livro e das bibliotecas, da indústria editorial e economia.
O jornal OJE de 1 de Janeiro de 2013 noticia que de acordo com dados do INE os livros foram o bem cultural mais exportado em 2011 no valor de 44,1 Milhões de euros.
Por comparação dentro dos produtos culturais, os "objetos de arte, de coleção ou antiguidades" registaram exportações no valor de 9,4 milhões de euros.
O destino dos livros foi essencialmente os PALOP (55,3%), a UE (30,4%) e o Brasil com apenas 8,6%. Desde logo se percebe o enorme esforço que será necessário para vender mais no maior mercado da língua portuguesa. O que fazer? Bom tema para começar uma discussão.
Mesmo assim, a balança comercial dos bens culturais mantém-se negativa, com -110,2 milhões de euros, apesar de se ter verificado uma melhoria do saldo com um decréscimo de 32% em relação ao ano anterior.
Outra conclusão é que é necessário fazer mais na indústria editorial para ser um sector com saldo positivo na balança comercial, sendo que os países de origem dos "jornais e publicações periódicas" e dos "livros, brochuras e impressos semelhantes" foram os países da União Europeia (97%).
António Regedor 1Jan2013
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