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Perante uma doença nova, a ciência vai construindo a resposta à medida que a doença se vai manifestando. Construindo conhecimento e aferindo, ajustando e reformulando as hipóteses, as metodologias, os procedimentos. Por isso já foram dadas várias orientações diferentes para o nosso comportamento social. As mudanças correspondem ao aumento do conhecimento adquirido.
A primeira vaga desta doença nova e desconhecida foi contida de forma robusta, mas com grandes reflexos negativos na economia, no ensino, nos comportamentos sociais e principalmente na exaustão dos profissionais de saúde. Sabia-se que o desconfinamento, a retoma da economia, uma certa regularização da vida social iria aumentar os contágios. Mas isso seria suportado pela adaptação dos serviços de saúde, pelo conhecimento da doença que vai aumentando á medida que ela se vai desenvolvendo.
A retoma da normalidade social, as férias, os contactos com pessoas de outros países, ou de outros pontos do país, e o início das aulas, o aumento da actividade económica elevou os números de contágio.
É a economia que gera as receitas necessárias para aplicar na saúde. E é a saúde que assegura a economia. Talvez nunca se tenha percebido tão claramente como a saúde e economia são tão importantes e intimamente ligados. Há outras implicação igualmente importantes, mas em tempos de pandemia a falha de uma desta é o colapso de todas as outras, e do todo social.
O confinamento, por si só, não é a solução. Só confinamento trava a economia. É necessário mais. Os recursos gerados na economia terão de ser prioritariamente encaminhados para a saúde. Sendo que esta tem apenas uma pequena margem de crescimento por muitos recursos que a economia lhe forneça. O seu limite de crescimento é desde logo a especificidade e especialização dos seus recursos humanos e o longo tempo necessário à sua formação. E em segundo o seu esgotamento físico.
Resta-nos um terceiro elemento para estabelecer o necessário equilíbrio. O comportamento social é fundamental. Deve ser um comportamento informado. E há muito défice de informação científica, fidedigna e esclarecedora. Faltam programas pedagógicos na comunicação de massas e também para circulação em redes sociais. Programas que deviam ser feitos pela televisão pública ouvindo as entidades de saúde, os especialistas, os cientistas. Em segundo, o comportamento social deve ser responsável, ético, cívico. A retracção a actividades que aumentem o risco, deve ser da iniciativa pessoal sem precisar de ordem de proibição. Cada um por si deve calcular o risco e actuar pela minimização do mesmo. Não adianta estar um fim de semana em casa, se até ás 13 horas se sujeitou a ser contaminado no meio da multidão. Um baptizado, casamento ou comunhão não justifica a contaminação de famílias inteiras. A empresa e os amigos não acabam por não se realizar o jantar de natal.
O principio da defesa da vida futura deve prevalecer aos costumes e hábitos das efemérides presentes.
Os incómodos presentes são o bem-estar futuro.
António Borges Regedor
Vivemos mais uma época de pandemia. Parece ter começado na China. Um vírus identificado como COVID19. (SARS-CoV-2(COVID-19)
Nos primeiros meses deste ano de 2020 foram atingidos mais intensamente a China, Coreia do Sul, Irão e Itália. A Itália tem sido o maior foco de infecção na Europa, esta é agora um dos principais focos no mundo. Até Março 2020, Portugal tinha-se mantido afastado da pandemia. A partir deste mês Portugal tem tido uma progressão infecciosa na mesma linha da Europa. São já milhares de infectados na Europa e mais grave a morte de mais de uma centena de pessoas num só dia em Itália. Portugal, tem o seu primeiro falecimento hoje dia 16 de Março 2020, ao 14º dia de registo do vírus no país. Um cidadão com mais de 80 anos e outras patologias. É este o perfil dos mais vulneráveis a este vírus. São neste dia 331 infectados, dos quais 139 internados e 3 recuperados. Os números contrastam significativamente com os italianos, por exemplo, só num dia 345 mortos.
Portugal tem dois meses de atraso na evolução da infecção, mas apresenta a mesma linha de evolução. Está no comportamento cívico dos portugueses reduzir tanto quanto possível a curva ascendente que inevitavelmente acontecerá. Aprendendo com os outros e tomar medidas preventivas, essencialmente de isolamento social e cuidados de higiene.
Não havendo conhecimento científico nem meios para tratar este vírus, podemos agir para reduzir os seus efeitos. É isso que temos que tentar.
Para já estamos em condições de ter alguns ensinamentos políticos.
Os que gritaram por menos Estado, querem agora mais Estado, mais recursos, mais funcionários públicos (médicos, enfermeiros, polícias, militares)
Querem agora mais recursos na saúde, mais equipamento na saúde, mais hospitais.
Os que quiseram privatizar hospitais, querem-nos agora públicos.
Os que criminosamente quiseram acabar com o Laboratório Militar, querem agora que este forneça tudo que está em falta.
Os que se opuseram ao Serviço Militar Obrigatório (SMO) como parte da participação cívica, e que frequentemente se opõe à existência de forças armadas, agora reclamam pela presença dos militares em todas as áreas, desde a cedência dos hospitais à ordem pública.
Os que se opuseram ao Serviço Nacional de Saúde , agora tudo exigem dele.
Felizmente a maioria dos Portugueses entendem ser necessário um Estado interveniente, o Serviço Nacional de Saúde, os serviços públicos com recursos, equipamentos, competências, as Forças Armadas, os Hospitais Militares e Laboratórios.
Que esses tais não ousem voltar a menosprezar o Estado Social, forte, actuante, competente.
António Regedor
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