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CINANIMA. O terceiro festival de animação mais antigo do Mundo. Este ano (2021) conta já quarenta e cinco edições. E sempre a renovar-se. De 8 a 14 deste mês de Novembro. Filmes, exposições, música, workshops, masterclasses, instalações artísticas. A decorrer em diversos espaços da cidade: Centro Multimeios, auditório do Casino Solverde, Junta de Freguesia de Espinho, Biblioteca Municipal, Forum de Arte e Cultura, Piscina Solário Atlântico. E ainda outros espaços fora do Concelho como o jardim botânico do Porto e várias instituições de ensino superior em Matosinhos, Barcelos, Vila do Conde e Porto.
O CINANIMA deve ser entendido como um dos melhores veículos de promoção da imagem de Espinho. Uma imagem de que se gosta.
António Borges Regedor
O Cinanima teve em estreia o excelente filme Where is Anne Frank. A mensagem, se é que os filmes transportam alguma mensagem, é a de que a história de Anne Frank não se ficou pelos acontecimentos que bem conhecemos da guerra de 1939-1945. Anne Frank continua por aí a escrever o seu diário. Da fuga aos conflitos armados. Dos refugiados de todas as guerras. Dos escondidos das repressões de todo o tipo. Dos deslocados, desalojados. Dos confinados a campos de refugiados. Dos sofredores das migrações forçadas pela guerra e pela fome. Dos perseguidos pela política, pela religião, pelo racismo. Anne Frank continua aí, a escrever o seu diário, no meio dos sofredores.
António Borges Regedor
Espinho prepara-se para a 41ª Edição do CINANIMA – Festival Internacional de Cinema de Animação de Espinho.
Será de 6 a 12 de novembro e vai exibir 104 filmes de 24 países. Entre eles estarão 4 Longas-metragens.
Na homenagam que o CINANIMA prestará Artur Correia (autor de alguns dos maiores momentos do cinema de animação português), será exibido o primeiro episódio de “O Romance da Raposa”, série baseada no texto homónimo de
António Regedor
Tivemos uma agradável conversa com António Cavacas , da comissão organizadora do cinanima. Falamos sobre os quarenta anos do cinanima, o seu crescimento, o seu passado e futuro. O Festival era no passado essencialmente expressão da produção do cinema animado que se produzia na Europa. Fora deste espaço havia o Canadá, Japão e Brasil. Hoje é um festival de representação mais global. Recebe inscrições de setenta e dois países. Ver o festival crescer é uma enorme satisfação. É a expressão do reconhecimento nacional e internacional. Mas é também angustiante. A solicitação para a exibição, passou largamente a capacidade de projectar. Neste ano foram feitas 1331 solicitações. Não é possível exibir mais, por não haver possibilidade material de tempo. Fica-se com pena de não poder contemplar a exibição de tantos filmes de tão boa qualidade. E este facto coloca problemas ao nível da selecção.
Mas se o crescimento é excepcional nos filmes, realizadores e países de origem, é necessário conquistar mais públicos, e até publico de outra natureza que não apenas os especialistas em cinema de animação.
Uma das vertentes é o do surgir com cada vez mais presença o cinema português de escola. É muito importante dar relevo ao cinema de fim de curso. E neste segmento já se sente a produção nacional.
O crescimento sente-se em todos os segmentos. A resposta ao crescimento poderia passar por criar novos espaços competitivos, como pode ser o de criar uma nova secção para filmes de fim de curso. Seria vantajoso para estes realizadores porque lhes daria maior visibilidade pessoal e também maior divulgação dos seus trabalhos. Estes filmes passariam a ter um espaço próprio e de qualidade. Seria uma de uma enorme importância para os estudantes.
Seria um caminho a trilhar, a exemplo do presente ano em que se verificou ter sido muito positivo a competição de uma nova categoria. Tratou-se da secção de documentário de animação. Foi do agrado e teve muito boa aceitação por parte do público em geral, e também dos especialistas.
António Regedor
Ao prestar atenção às técnicas usadas nos filmes em competição no cinanima de 2016, reparei que na sua esmagadora maioria são feitos em computador a duas e três dimensões. É a tendência, actual e natural, de aproveitar de forma eficiente as ferramentas disponíveis. E tanto mais usadas quanto mais novos são os realizadores. Não será de estranhar o facto de se tratar de nativos digitais. É a constatação dos sinais do tempo. A base do desenho continua, mas o recurso às novas ferramentas de realização, dão maior rapidez e aumentam a produção desta arte. A retrospectiva 40 anos, 40 filmes deu-me oportunidade de fazer a comparação com a diversidade de técnicas já vistas no cinanima ao longo desta já significativa vida de festival. De 1976 é mostrado um filme cuja técnica de produção de imagem é, curiosamente, ecrã de alfinetes. Naturalmente que aparecem muitos em desenho sobre papel. De 1981 um filme a lápis de cera e do ano seguinte em plasticina. De 1977 o filme “a sereia” do Russo Alexander Petrov com a curiosa técnica de pintura à mão sobre vidro. Já mais recentemente assisti a um outro filme de Petrov: a adaptação do livro de Ernest Hemingway produzido na técnica stop motion, com areia sobre vidro, se a memória não me falha. Entretanto são revistos vários filmes de desenho sobre acetato. Um deles é “os salteadores” de Abi Feijó que em 1993 adapta o conto de Jorge de Sena com o mesmo nome. De 2011 e 2015 viram-se dois filmes com técnica de marionetas e, curioso, um outro filme que resulta de pintura em paredes públicas. Estas e outras técnicas já quase só as vemos em retrospectivas, como foi o caso desta feliz e agradável retrospectiva dos 40 anos do cinanima.
António Regedor
FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA DE ANIMAÇÃO
O Grande prémio deste ano foi para “Entre as ondas negras” de Anna Budavova, da Rússia. Um filme de 11 minutos de desenho sobre papel a cores e computador 2D. Baseado numa lenda do Norte em que as almas das pessoas afogadas se transformam em focas.
Na competição internacional, o prémio especial do Júri foi para “Estilhaços” de José Miguel Ribeiro. Portugal. Filme de 18 minutos. Desenho sobre papel e marionetas. A cores. Trata a forma como a guerra se instala no corpo das pessoas.
O prémio Aves Costa, melhor curta-metragem até 5 minutos foi para o filme “A mesa”, de Eugène Boitsov. França. Um filme a cores e em computador 2D. Um filme de fim de estudos. No tema, um carpinteiro vive obcecado com a criação do objecto perfeito.
Uma menção honrosa para “A Rua de Anfok” de Zilai Feng. USA. Computador 2D a cores. Um paralítico que olha para a realidade exterior através do espelho.
O prémio melhor curta metragem: mais de 5 até 24 minutos foi para “O vaysha, a cega” de Theodore Ushev do Canadá. Um filme a cores e computador 2D, de uma jovem que nasceu com um olho verde e outro castanho.
O Prémio Gaston Roch. Melhor filme de estudos e/ou escola. O vencedor foi “Merlot” de Marta Gennari e Guida Martinelli. Itália. Filme a cor e computador 2D sobre uma série de eventos que iniciam com uma idosa que perde uma garrafa de vinho.
O prémio melhor curta metragem: publicidade e informação, foi para “De Staat: Witch Doctor” de Studio Smack, Floris Kaayk. Holanda. O filme é em computador 3D e cores. Um filme em ambiente de cinzento e de muitos efeitos especiais.
O prémio melhor documentário de animação foi atribuído a “Pronto, era assim” das portuguesas Joana Nogueira e Patrícia Rodrigues. Filme de marionetas, computador 2D e a cores sobre a história de seis idosos.
Na competição Nacional foram atribuídos os prémios Jovem cineasta português maior de 18 anos. O filme vencedor foi “Pronto, era assim” das portuguesas Joana Nogueira e Patrícia Rodrigues, que também receberam o prémio de melhor documentário.
Foi atribuída uma menção honrosa a “Lugar em parte nenhuma” de Bárbara Oliveira e João Rodrigues. Computador 2D e cores. O tema remonta a 1975, Angola e o abandono das casa aos primeiros tiros.
O prémio jovem cineasta português menos de 18 anos foi para “Uma família portuguesa, sem certeza” realizado pelo colectivo da escola secundária de Lousada. Um filme a cores com recortes, areia e outras técnicas. A história de um homem que sofre um acidente.
Ainda neste prémio foi atribuída a menção honrosa a “Nós e o Mundo” realizado pelas crianças das oficinas Anilupa – Alunos de centro de reabilitação da Granja. Um filme a cores de pintura e animação de objectos.
O prémio António Gaio foi para “estilhaços” que também venceu o prémio especial do júri na competição internacional.
Nesta categoria há ainda a menção honrosa para “Fim de linha” de Paulo D’Alva e António Pinto. Filme de desenho sobre papel, recortes, computador 2D e a cores. Um filme baseado em acontecimentos que nunca aconteceram, mas que podem vir a acontecer.
A Sereia Animada, é o prémio Divulgação que foi atribuído a “Sr. Areia” de Soetkin Verstegen. Dinamarca. Um filme de desenho sobre papel, marionetas, recortes fotografias e imagem real. O tema vagueia pela história desde o início do cinema.
O prémio melhor longa-metragem foi para “Psiconautas, as crianças esquecidas”. Realizado por Alberto Vásquez e Pedro Rivera. Espanha. Animação em computador 2D e cores. Um filme sobre dois adolescentes que decidem fugir.
Finalmente, e porque o público é chamado a atribuir um prémio, este foi para “a mesa” que foi igualmente vencedor do prémio Alves Costa, melhor curta-metragem até 5 minutos.
São 40 anos de realização do CINANIMA, e é um enorme motivo de satisfação. Uma pequena cidade de um pequeno Concelho, ao lado da Grande cidade do Porto, realiza o maior festival de cinema de animação do País. Quando se fala de cinema de animação fala-se de Espinho e da NASCENTE, a cooperativa cultural que o organiza, juntamente com a edilidade. É apoiado pelo do Ministério da Cultura / ICA I.P. – Instituto do Cinema e Audiovisual, Secretaria de Estado da Juventude /Instituto Português da Juventude. Tem também apoios e parcerias de entidades privadas. É também aprovado pela ASIFA – Associação Internacional do Filme de Animação. Todos os vencedores de prémios no CINANIMA ficam automaticamente apurados para o concurso europeu de melhor filme de animação o “Cartoon D’Or”, organizado pela CARTOON – European Association of Animated Film. Ficam igualmente apurados para o pré-concurso às nomeações para os Óscares da Academia de Hollywood.
A importância e reconhecimento, nacional e internacional, do valor do CINANIMA parece ultrapassar em muito a consciência que em Espinho se tem da mais valia social, cultural e essencialmente económica deste evento. Há um valor económico da promoção da cidade e da sua vocação turística. São as referências, feitas à cidade, nos jornais e revistas quer da especialidade, quer generalistas. É um significativo público que consome e dinamiza economicamente Espinho. Seria interessante ver a cidade ainda mais ornamentada com referências ao festival. Mais cartazes nas montras, pendões nas ruas e imagens de impacto nos acesso aos Concelho. O festival merece que a cidade mais se mobilize para o promover e que da melhor forma obtenha o retorno do investimento que o festival requer. O Festival não é apenas uma manifestação estética, é também uma oportunidade de dinamização económica local que pode e deve ser potenciada.
OS PÚBLICOS DO CINEMA DE ANIMAÇÃO
Ao longo destes mais de 40 anos de actividade, o CINANIMA contribuiu para a criação de novos públicos para este género de cinema. Não se trata de o considerar, de forma redutora, cinema para crianças. Graças ao trabalho desenvolvido pelo CINANIMA, o cinema animado pode vir sendo, cada vez mais, reconhecido pelo grande público como um género nobre.
O Festival desenvolve ainda uma significativa acção de formação de públicos através do contacto com profissionais mediados pela realização de acções de formação na área audiovisual. Daí que o CINANIMA produza Exposições, Performances, Masterclasses, Workshops, Sessões Especiais e visionamentos dirigidos ao público escolar e outras iniciativas que ocorrem paralelamente. E além de tudo isto que decorre durante o festival, há ainda as extensões noutros locais e noutras datas e as parcerias como é por exemplo a que existe com o FANTASPORTO, o emblemático festival de cinema fantástico do Porto, fazendo com que os filmes premiados no CINANIMA cheguem a um público cinéfilo ainda que mais interessado noutro género.
A COMPETIÇÃO NO CINANIMA
O Festival de cinema de animação de Espinho está dividido em duas secções competitivas. Uma Internacional e outra Nacional.
A secção competitiva internacional divide-se ainda em longas e curtas metragens. A competição de longas metragens é constituídas por filmes de mais de 50 minutos de duração. A de curtas metragens está ainda dividida em filmes até 5 minutos de duração, de 5 até 24 minutos, e de 24 minutos até 50 minutos. Há ainda filme de Fim de Estudos e/ou Filmes de Escola;filmes de publicidade e Informação; e por último filmes de documentário de animação.
Na competição Nacional há dois concursos diferentes. O Prémio António Gaio para o Melhor Filme na Competição Nacional e o Prémio Jovem Cineasta Português. Este prémio divide-se em duas categorias. A de filmes feitos por Crianças e Jovens (até 18 anos) e a categoria do Primeiro Filme de Jovens Realizadores (mais de 18 até 30 anos).
No presente ano, foram 1331 submissões oriundas de 72 países.
Um Júri de Selecção, constituído por Alice Guimarães, Manuel Matos Barbosa e Pedro Mota Teixeira escolheu os filmes que terão a oportunidade de figurar na programação que ficou assim constituída:
A Competição Internacional apresentará 49 curtas-metragens e 4 longas-metragens, num total de 53 filmes em competição. A Competição Nacional incluirá 23 filmes, 10 a concurso no Prémio António Gaio e 13 para o Prémio Jovem Cineasta. 76 filmes é o total de toda a competição para a 40ª edição do CINANIMA,
Os Júris são sempre parte fundamental num festival competitivo. O Júri da Competição Internacional de Curtas-metragens é constituído por Regina Pessoa. Em 1999, venceu no CINANIMA o primeiro galardão da sua carreira, o Prémio Jovem Cineasta Português. A partir daí venceu inúmeros prémios. O britânico Peter Lord, é outro elemento do Júri. É co-fundador da Aardman Animations e conhecido pela série televisiva “A Ovelha Choné” ou a Longa-metragem “A Fuga das Galinhas”. O júri fica completo com o norte-americano Ron Diamond, fundador do estúdio ACME Filmworks e produtor de alguns episódios para a série “Os Simpsons”.
O júri na Competição Internacional de Longas-metragens é constituído por Jossie Malis, conhecido pela Curta-metragem “Bendito Machine”. Por Michelle Ann Nardone e Steve Sarson director do Departamento de Design da Escola Superior de Media Artes e Design, do Politécnico do Porto.
O CINANIMA COMO OPORTUNIDADE DE FORMAÇÃO TÉCNICA
A oportunidade de encontro entre realizadores, produtores e estudantes de cinema e outras áreas relacionadas, é um momento favorável à formação. E a oportunidade de formação passa em boa media pelas sessões de “MASTER CLASSES” com: Ron Diamond, director da Acme Filmworks e membro da Academia; Com Jossie Malis. Regina Pessoa para explicar o processo criativo na produção da sua trilogia sobre os temas dos medos, da infância, diferença, sombras e luz. Michelle Ann Nardone. Raúl Nieto Guridi, ilustrador espanhol explica o espaço como veículo narrativo e psicológico na animação e a sua relação com os personagens na sua obra. Daniel Roque. José Luís Farias abordará a relação entre animação e videojogos.
Também as oficinas são importante oferta formativa. Alexandre Siqueira com “Animação 2D” e a utilização do software TVPaint; Raúl Nieto Guridi que explica como “Narrar com imagens”. E ainda Mafalda Almeida.
As noites estão abertas a conhecer alguns truques e técnicas do cinema de animação. Nos Workshops Noites Cinanima, haverá oficinas de “A imagem em movimento na Banda Desenhada”, “Desenho e Construção de Cenários para Animação Stop-motion”, “Animação Digital 3D”, “Técnicas de Animação Digital 2D” e “O Lip-Sync na Animação de Marionetas”.
António Regedor
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