. Mais propaganda que reali...
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O www.portoenorte.pt gastou dinheiro dos contribuintes a editar um pretenso guia de ciclovias, ecopistas e ecovias. Quem o fez nada percebe de bicicletas e de mobilidade suave. É um produto de propaganda mas não tem nenhuma utilidade para quem faz da bicicleta ferramenta de mobilidade, nem para quem a usa como lazer ou turismo.
Conheço algumas das pistas assinaladas que já fiz, e é isso que me leva a dizer que a informação é fraca, nalguns casos é gato por lebre e noutros é mesmo logro.
Entre informação mais ou menos útil, falta-lhe o essencial. O perfil da pista que é fundamental para a escolha do sentido da sua realização quando não se trata de percurso circular. Outro elemento fundamental é a informação sobre o piso. É que há bicicletas e pneus diferentes para pisos diferentes.
O guia tem logo azar na primeira ciclovia que apresenta. A de Alfândega da Fé com uns ridículos 250 metros e um piso inadequado. E uns tantos outros exemplos em várias localidades de menos de um kilómetro ou pouco mais.
Há percursos que merecem ser feitos como a Ecopista do Tâmega de Amarante a Arco de Baúlhe, ou a ecopista do Rio Minho em Monção. São percursos agradáveis e que dão grande satisfazção a quem as utiliza. Há casos em que o estado do piso é importante que seja dito, como é o exemplo da ecopista do Corgo que no Concelho de Vila Real que é em terra batida e que no de Vila Pouca de Aguiar é em betonilha suave. Escolher uma ou outra faz a diferença.
E há casos como o de Espinho que que é um embuste chamar ecovia aos caminhos do parque da cidade, sujos, cheios de infestantes e sem qualquer valor paisagístico. Ou chamar de ecovia os habituais passadiços de beira mar em que o cruzamento de bicicletas e pessoas se faz de forma insegura porque os passadiços não foram pensados para ciclovias.
António Borges Regedor
Para quem pretender iniciar-se nos passeios em ciclovias ou apenas fazer um passeios mais suave em família em que podem ir os mais novos e os mais velhos, pode começar pela rede de ciclovias de Ovar. A região, como de resto todo o território a sul de Espinho, na faixa costeira é ciclável. Espinho fica de fora por razões sociológicas que nada têm a ver com as óptimas condições cicláveis do Concelho.
Fizemos essa experiência de ciclar em terreno fácil, seguro e agradável. Partimos do Parque urbano de Esmoriz designado Buçaquinho. O Parque é visitável e agradável. Foi o ponto de partida em direcção a sul, ao Furadouro. A pista é de bom piso, segue ao longo da estrada florestal. O caminho percorre estas matas de pinheiros que constituíram outrora as designadas Matas Nacionais. À passagem pelas localidades com praia a ciclovia tem derivações para essas mesmas praias. Contorna as instalações do aeródromo de manobras de Maceda e acede ao Furadouro. São cerca de 10 Kilómetros sem dificuldades. Para quem não vir a utilidade deste tipo de equipamentos, apenas refiro que são promotores das economias locais. Isto porque leva clientes a estes locais e pelo que vi, eu e muitos outros tomamos café, bebemos águas, fizemos lanches, comemos gelados e presumo que alguns em percursos mais longos e demorados tenham feito refeições. Foi o que fizemos nas ecopistas onde as distâncias implicavam sempre a refeição, e os consumos nos locais de descanço. É caso para dizer que quem não cuida das ciclovias não faz negócio.
António Borges Regedor
O trânsito automóvel privado é cada vez mais insustentável nas sociedades modernas. Causa enorme impacto no urbanismo. A mobilidade automóvel é a responsável por grande fatia de consumo de energia fóssil. Do ponto de vista da mobilidade, do urbanismo, da qualidade de vida, da humanização das cidades, o modelo automóvel está esgotado.
A cidade tem absoluta necessidade de se modificar para ganhar mais dimensão humana, mais qualidade ambiental, mais ordenamento do território, mais eficiência, mais economia e poupança de recursos.
A bicicleta nas suas formas tradicional ou eléctrica tem-se mostrado a melhor solução de mobilidade urbana. Estudos científicos aponta para a eficiência em pequenos percursos. A facilidade de uso, o baixo risco de acidentes, a versatilidade nos diversos espaços urbanos. Ainda os factores associados à saúde e a enorme vantagem do ponto de vista económico fazem da bicicleta o transporte ideal para todas as idades em meios urbano e até interurbano. Acresce que a mesma bicicleta pode ser usada de forma funcional, em lazer ou desportiva.
A partilha de vias de circulação com o trânsito automóvel não é problemática dentro do respeito do princípio da protecção do utilizador mais vulnerável. Princípio modernamente consagrado no código da estrada. Este princípio tem até a vantagem da moderação e acalmia das velocidades praticadas em meio urbano pelo trânsito automóvel.
As ciclovias são importantes para garantir o uso da bicicleta a cidadãos que não se sintam tão confortáveis, confiantes ou seguros na partilha das vias de circulação com o automóvel. Permitem possibilitar mais cidadãos a usar a bicicleta.
A condição para o uso das ciclovias em segurança e confiança é que sejam segregadas. Isto significa terem um canal próprio, bem delimitado, com separador e a um nível diferente da faixa de rodagem automóvel. Há níveis diferentes de ciclovias, mas quanto menos elementos protectores tiverem menos potenciais utilizadores captam para a utilização da bicicleta e mais ineficientes se tornam. Não se aumenta o número de utilizadores de bicicleta se não se lhes der adequadas condições de segurança.
Acresce ainda que as ciclovias resultam ainda em benefício dos automobilistas por lhes diminuir os riscos e aumentar a fluidez de trânsito.
As ciclovias serão assim entendidas como vantagem para o ordenamento do trânsito, para a segurança, para a fluidez do trânsito e para a mobilização de muitos mais cidadãos para a mudança de paradigma de mobilidade, para a cidade mais humana, para a melhor qualidade de vida, melhor saúde e melhor economia.
António Borges Regedor
Ciclovia é um espaço segregado para circulação exclusiva de bicicletas. Consiste na separação física isolando os ciclistas dos demais veículos. Normalmente a um nível superior do da via de circulação automóvel.
A ciclovia pode ser segregada através de murete com ou sem sebe que lhe confira expressão de afastamento e estática. Um destes exemplo é a da Avenida da Boavista no Porto.
Poderá também ser segregada por pilaretes, canteiros ou outras formas que impeçam os automóveis de as ocupar ou nelas circular ou estacionar. Essa a razão por que devem estar a um nível diferente da via de circulação automóvel impedindo-os de a usar.
Ciclofaixa será apenas uma faixa pintada no chão. Mas até mesmo esta deverá ter separadores, sem os quais facilmente será desrespeitada. E sem separadores não dá confiança e segurança a utilizadores de bicicletas menos experientes. A falta de segurança dita o afastamento dos utilizadores de bicicletas das ciclovias. A falta de separadores nas ciclovias dita a inutilização desse equipamento e a desvirtuação da sua função.
As ciclovias podem ser funcionais ou de lazer.
As funcionais são as que se desenvolvem em espaço urbano ligando pontos como os interfaces, os locais de trabalho ou escolas, hospitais, mercados, locais de lazer, comerciais ou administrativos (tribunal, câmara). Em todos devem ser colocados equipamentos de estacionamento de bicicletas. Sem equipamentos de estacionamento as ciclovias não são funcionais e desincentivam ao seu uso.
É bom que quem desenha ciclovias, o saiba fazer.
António Borges Regedor
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