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O Bibliotecário Borges. Sim, esse mesmo, o Jorge Luís Borges, escritor.
Como outros bibliotecários tem também gostos, interesses e leituras próprias que constituem a sua próprias biblioteca, ou colecção para usar o termo técnico. Como outros bibliotecários pode deixar ou não a sua colecção para a biblioteca à qual se sente ligado por alguma razão. Colecção que pode não se confundir, mas pode fundir com essa biblioteca de comunhão. Isto aconteceu com Borges que foi Director da Biblioteca Nacional da Argentina. A esta biblioteca fez uma doação de livros e revistas. Os exemplares da colecção doada à Biblioteca Nacional não foram identificados com identificação do proprietário doador. Mas a colecção doada foi integrada na colecção da BN, o que é correcto. O que prova não ser correcto é a falta de identificação de origem da aquisição, neste caso por doação. Todos os documentos deveriam ter sido identificados com indicação do doador e posteriormente integrados na colecção da biblioteca. Um trabalho simples feito no momento certo que seria o da integração. Isso não foi feito.
Os documentos que pertenceram a Borges que hoje conseguem ser identificados são os que possuem anotações manuscritas nas margens dos livros e revistas. Hoje em dia, há bibliotecários que percorrem os depósitos da Biblioteca Nacional da Argentina a detectar livros e revistas pertencentes a Borges. Numa revista encontraram um manuscrito. Um “encontro” que poderia ter sido feito logo no momento da preparação da doação para incorporação.
Recentemente, por acção, dessa pesquisa nos documentos que se identificam como pertenca de Borges foi encontrado um manuscrito com o testo que corresponde ao final do “Tema do Traidor e do Herói” como aparece na edição de 1944 de “Ficções”. Esta recuperação foi feita porque dois bibliotecários andam há vários anos a fazer esta pesquisa. Dois bibliotecários durante vários anos dedicados a esta tarefa constitui certamente um custo muito elevado.
Esta história permite reflectir sobre a vantagem das boas práticas em biblioteconomia. Se tivessem existido na altura da doação, hoje não haveria dúvidas sobre a origem e propriedade da biblioteca doada de Borges, o material acompanhante teria sido identificado e conhecido. As boas práticas em biblioteca são mais económicas e racionais como medida de gestão, garantem maior fidedignidade à colecção, são mais eficazes para a recuperação.
Mas infelizmente as boas práticas nas bibliotecas têm vários adversários. Estre eles estão a falta de sensibilidade política para a necessidade de dotar as bibliotecas apenas com bibliotecários diplomados. A falta de legislação que a isso obrigue. A falta de massa crítica cívica que isso exija. A falta de empenho reivindicativo da comunidade de bibliotecários nesse sentido. Mas há esperança.
* texto feito a partir da leitura da notícia: http://www.publico.pt/cultura/noticia/bibliotecarios-argentinos-encontram-manuscrito-de-borges-1605185
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