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O Manifesto da Federação Internacional de Associações de Bibliotecas e Bibliotecários (IFLA) é actualizado periodicamente. Este ano de 2022 teve mais uma actualização, adequando-o ainda mais à realidade social sempre mutável.
Retoma o princípio dos cidadãos bem informados como condição para o desempenho de papel activo na sociedade e empenhamento cívico. E nesse sentido afirma a biblioteca como ferramenta de aprendizagem ao longo da vida.
Esta actualização do Manifesto, apresenta de novo a recomendação para as bibliotecas se assumirem como centros locais de informação.
Disponibilizar todos os tipos de informação aos seus utilizadores e fornecer serviços físicos e remotamente.
Terem postura proactiva para alcançar novos públicos e ter a participação da comunidade para a tomada de decisões. E igualmente o estabelecimento de parcerias.
Neste Manifesto IFLA 2022 pede-se legislação específica alinhada com tratados internacionais. (Curiosamente tenho esta necessidade nas conclusões da minha Tese de Doutoramento. Regedor, António Borges (2014) Bibliotecas, Informação, Cidadania. http://hdl.handle.net/10284/4291 ).
Recomenda ainda bibliotecas equipadas, tecnologias, e horários de funcionamento convenientes para os utilizadores e ainda serviços para os que não se podem deslocar à biblioteca.
Considera ainda a necessidade a recolha de dados para demonstrar o benefício social da biblioteca e para auxiliar os decisores políticos.
Recomendo a Leitura do Manifesto IFLA 2022.
António Borges Regedor
Era o ano de 1995. Numa viagem de trabalho que fiz à Dinamarca fiquei alojado num Hotel em frente da Estação Central em Copenhaga. O Hotel tinha a impressionante vista de uma enorme praça completamente cheia de bicicletas estacionadas.
Para todo o lado onde eu e os meus colegas tivemos de ir, havia comboio. O programa de trabalho foi intenso mas o comboio foi sempre o nosso meio de transporte. Fomos a Ballerup, Hillrod, Frederiksvaert, Roskild, Gadstrup, Ringsted. Holbaek, Naestved, Kastrup. Para todas estas cidades circundantes de Copenhaga num raio de cerca de 50 Km havia comboio.
A Dinamarca não embarcou na criminosa destruição da ferrovia para fazer rodovia. Pelo contrário.
A rede ferroviária é excelente. Os transportes públicos são excelentes. Os dinamarqueses usam preferencialmente a bicicleta.
Nota: Na foto carruagens históricas recuperadas dos caminhos de ferro portugueses.
Os avanços significativos dependem sempre de acções arrojadas. Neste campo o século XX é exemplar. Até aí as políticas do livro não existiam, e a política para as bibliotecas remetia sempre para terceiros, no caso as autarquias, que não tinham interesse, conhecimento, vontade ou recursos. Daí terem falhado sempre.
Como digo, o século XX teve o primeiro momento de ousadia. Foi protagonizado pela Fundação Calouste Gulbenkian que de forma corajosa, ousada, arrojada, enviou por todo o país carrinhas cheias de livros para emprestar sem restrições, sem medo, sem reserva. E não foi fácil vencer a iliteracia, a ignorância e o obscurantismo. Deixou semente, deu oportunidade a duas gerações terem contacto com o livro, com a leitura, a informação e o conhecimento. “Dois anos depois do início das emissões de televisão em Portugal, a 4 de Setembro de 1956, na Fundação Calouste Gulbenkian (doravante FCG), iniciava-se um novo serviço de educação” (Regedor, 2014 p.93)
Essa ousadia de 1956 abriu caminho e possibilitou, trinta e um anos depois, nova ousadia com sucesso. Foi o arrojado programa de Rede Nacional de Leitura Pública. “Para a execução deste objetivo de política de leitura pública, através da Rede de Bibliotecas Municipais, o modelo é o do estabelecimento de contratos-programa entre a administração central e as autarquias,” (Regedor, 2014 p. 155).
É a coragem que agora se verifica na dotação de meios para novo impulso na Leitura Pública, com financiamentos para modernização tecnológica, para digitalização, empréstimo de livros electrónicos, tradução e apoio ao mercado livreiro. É destas ousadias que necessitamos. E também voltar exigir qualificação específica para o exercício de funções nas bibliotecas. Requalificar, dignificar, reconhecer os profissionais de Ciência da Informação e Documentação. Exigir que nas bibliotecas trabalham exclusivamente técnicos qualificados em Ciência da Informação e Documentação. E tal como nos Museus os dirigentes das equipas de biblioteca sejam Directores de Bibliotecas. O país (como existe em países avançados), precisa da ousadia de ter uma Lei de Bibliotecas Públicas.
A Tese de Doutoramento de (Regedor, 2014) indica que “Os responsáveis políticos maioritariamente consideram vantajosa uma eventual lei de bibliotecas que incluía princípios normativos referentes ao orçamento, volume de fundos, recursos humanos, definição das competências do bibliotecário e perfil da figura do diretor da biblioteca. Do ponto de vista dos técnicos, a opinião maioritária defende a vantagem da existência de uma lei de bibliotecas que inclua normas sobre a institucionalização da figura do Diretor, mormente de este ser especialista em CID/BAD, orçamento, recursos humanos especializados, volume de fundos e renovação da coleção”. (Regedor, 2014 p. 231). Muitos passos foram dados. Passos seguros, decididos, reflectidos e corajosos. Muitos mais serão dados com igual ponderação e ousadia. As bibliotecas serão cada vez mais uma realidade assumida pelas populações. a leitura nas suas diversas formas será cada vez mais uma naturalidade nas diversas gerações.
António Borges Regedor
Nem só de pão vive o homem, e as bibliotecas precisam de investimento como de pão para a boca.
Felizmente, até 2025, as bibliotecas vão ter um financiamento que já não viam há muito tempo.
Para a modernização tecnológica de 239 bibliotecas públicas estão destinados seis milhões de euros. O número de bibliotecas corresponde ao número de municípios integrantes da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas. E é bom que se modernizem. A Rede Nacional de Biblioteca Públicas resultou do apoio da Administração Local às autarquias para construírem bibliotecas municipais e para isso apoiaram em cinquenta por cento do custo de edifício, mobiliário e equipamento, livros e outros suportes de informação. E sabemos, até pelos relatórios anuais que em muitos casos estes equipamentos pararam no tempo. Não tiveram investimento, e perderam qualidade até mesmo ao nível dos recursos humanos.
Há vinte e sete milhões para digitalização documental a distribuir pelos museus, bibliotecas e mil filmes da cinemateca.
A tradução de obras literárias para todas as línguas da União Europeia é iniciativa importante e para isso foi destinado 3,7 milhões de euros.
Também iniciativa muito importante no apoio ao mercado do livro é a fatia de 3,8 milhões destinados à transição digital das livrarias.
O que parece insuficiente é a verba de apenas novecentos mil euros com que se pretende criar uma plataforma de empréstimo de livros electrónicos em 300 bibliotecas públicas. Se o objectivo for conseguido ficaremos todos satisfeitos.
António Borges Regedor
A DGLAB (Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas) na área da RNBP (Rede Nacional de Bibliotecas Públicas) , em serviços para profissionais tem uma lista de produção científica nacional na temática das bibliotecas públicas.
É uma excelente iniciativa a possibilidade de pesquisa compilada acerca do tema. Admito que se encontra mais algumas teses de Doutoramento e dissertações de Mestrado para além das indicadas. Eu conheço mais uma tese que não está referida na lista. Conheço por ser uma tese em que tive participação no Júri como arguente.
Em todo o caso, a maioria da produção está certamente representada.
Fiz uma leitura rápida e encontrei citações minhas em três teses de Doutoramento e em duas dissertações de Mestrado, sendo que três das dissertações são de ex alunos meus. Fico muito satisfeito saber que contribuí de alguma forma para a produção científica nacional nesta área das bibliotecas pública, como em outras.
Espero que venham a ser feitas listas da produção em bibliotecas escolares em especializadas, ou ainda em temas de indexação, cienciometria e avaliação de unidades de informação. Foram temáticas das minhas aulas que deram oportunidade a outros trabalhos de investigação científica.
Só tenho motivos para estar satisfeito.
António Borges Regedor
António Borges Regedor
A partir deste ano de 2021, o dia 11 de Março passa a assinalar o Dia da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas. Decorrem 35 anos desde a data da publicação do Despacho 23/86 de 11 de Março da Secretaria de Estado da Cultura que determinou o grupo de trabalho para apresentar uma política de Rede de Bibliotecas Municipais. O despacho foi assinado por Maria Teresa Pinto Basto Gouveia. (Vulgarmente conhecida por Teresa Patrício Gouveia). Também exactamente um ano depois, a 11de Março de 1987 foi publicado o Decreto-Lei 111/87 de 11 de Março decreta uma política de Leitura Pública no quadro da Rede de Bibliotecas Municipais.
Iniciava assim a grande tarefa de construir pela primeira vez na História de Portugal uma política de Leitura Pública com a responsabilidade do Estado Central e participação das autarquias Locais. Tinha já sido tentado com o Liberalismo, com a República e amordaçada na ditadura. (Regedor, António Borges - http://hdl.handle.net/10284/4291 pag. 50 a 92).
Foi em Democracia que passou a haver uma política de Leitura Pública e se construiu uma Rede Nacional de Bibliotecas Públicas. Durante o tempo da ditadura, a única rede de leitura existente no país era privada e pertenceu à iniciativa da Fundação Calouste Gulbenkian.
Enrique Navas Benito escreve um interessante artigo sobre competências dos técnicos de bibliotecas. É apresentado como se fossem dez mandamentos que me permito traduzir livremente dando destaque ao que considero mais relevante e fazendo comentários de aplicação a Portugal. É bom que os técnicos das bibliotecas o saibam, mas que também sejam do conhecimento público para melhor se avaliar da qualidade desses serviços.
O acesso ao original está aqui: https://www.auxiliardebiblioteca.com/los-10-mandamientos-auxiliar-de-biblioteca/
António Borges Regedor
A editora Relógio D´Água, editou recentemente 2020, “Sobre a Leitura” de Marcel Proust. O autor fala das suas leituras e refere muitos outros autores.
Na sua memória está presente o tempo dos seus pais pronunciarem “Vamos lá, fecha o livro, são horas de almoçar”, p. 9. Hoje a diferença estaria na palavra telemóvel e no livro que não se levava para a mesa. Proust ao serão “quando já não havia muito para ler antes de chegar ao fim. Então, correndo o risco de ser punido…assim que os meus pais se deitavam, tornava a acender a minha vela;” p. 18. Recorre a uma citação de Descartes no “Discurso do Método”: “a leitura de todos os bons livros é como que uma conversação com as pessoas mais bem-criadas dos séculos passados que foram seus autores”. P. 22. E nesta partilha de leituras e de autores, refere que “Schopenhauer não adianta nunca uma opinião sem a apoiar logo a seguir em várias citações” … “Lembro-me de uma página de “O Mundo como Vontade e como Representação” em que há talvez vinte citações seguidas”. P.34. Para logo a seguir dizer que “a leitura é uma amizade”. P. 36. Proust reconhece na leitura a construção do indivíduo, principalmente dos clássicos.
Proust, Marcel – Sobre a Leitura. Lisboa: Relógio D´Água, 2020
António Borges Regedor
https://www.facebook.com/ExercitoPortuguesPRT/videos/336645057435059
Um dos principais temas deste blogue são as bibliotecas.
Aproveito a oportunidade para divulgar a Biblioteca do Exército Português.
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