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A relação do poder central durante o Estado Novo com a Fundação Calouste Gulbenkian, na criação de Bibliotecas Itinerantes, não aparentou ser conflituosa. Mas só na aparência, porque na realidade a polícia política teve sempre a acção das Bibliotecas Itinerantes sob vigilância.
“Na ausência de um plano de criação de bibliotecas de modo a constituir uma Rede de Leitura Pública por iniciativa do Estado, foi a Fundação Calouste Gulbenkian que, por sua livre iniciativa e vontade, definiu as prioridades estatutárias da rede que criou.” (Regedor, 2014 pag. 112).
“O regime político do Estado Novo foi muito restritivo, e ideologicamente orientador quanto à atividade bibliotecária, havendo produzido um índice dos livros recolhidos e disponíveis nas bibliotecas.” (Regedor, 2014 pag. 111).
“Na ausência de um plano de criação de bibliotecas de modo a constituir uma Rede de Leitura Pública por iniciativa do Estado, foi a Fundação Calouste Gulbenkian que, por sua livre iniciativa e vontade, definiu as prioridades estatutárias da rede que criou.” …
… Não obstante, o regime autoritário do Estado Novo não descura a vigilância sobre a iniciativa pioneira e arrojada da Fundação Calouste Gulbenkian, mormente no arranque do serviço de leitura de Bibliotecas Itinerantes. (Regedor, 2014 pag. 112).
“Compreende-se assim o aumento da vigilância e desconfiança dos serviços de censura do Estado Novo sobre as Bibliotecas Itinerantes da rede Gulbenkian. Foram múltiplas as perseguições e pressões exercidas sobre a direcção da Fundação Calouste Gulbenkian, para condicionar a atividade de divulgação do livro dos “encarregados das bibliotecas”, incluindo o seu despedimento.” (Regedor, 2014 pag. 114).
Regedor, António Borges - Bibliotecas, Informação, Cidadania. Políticas Bibliotecárias em Portugal. Séculos XIX-XX. Porto: Tese Doutoramento, 2014
http://hdl.handle.net/10284/4291
Rui Neves (2005) aponta 1953 como a data em que Branquinho da Fonseca cria o projecto de uma biblioteca-itinerante no Concelho de Cascais. Essa será a data do início das bibliotecas itinerantes em Portugal. E é a partir desta ideia que em 1958 é criado o Serviço da Bibliotecas Itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian e de onde partem as primeiras carrinhas com cerca de três mil (3.000) livros cada uma.
Segundo António Borges Regedor (2014) “Estamos em presença de um modelo que conta com a colaboração de um mecenas, em que a ideia de «livro» corresponde a instrumento de educação e alfabetização indispensável ao desenvolvimento social, cultural e económico do país. Do mesmo modo, o modelo de Bibliotecas Móveis Gulbenkian desenvolve-se tendo por base princípios organizativos diferentes e inéditos do serviço de biblioteca, se comparados com o modelo em vigor, mormente o empréstimo domiciliário e o livre acesso às estantes.”
“A iniciativa da FCG é tanto mais notável quanto sabemos partir da constatação de que havia que mudar as condições restritivas de acesso ao livro e à leitura. Por seu lado, a iniciativa teve o mérito de colocar a população continental e insular em contacto com o livro e, por esse facto, ter marcado mais que uma geração na forma de aceder ao livro. O programa FCG de Bibliotecas Itinerantes desenvolveu-se com enorme rapidez. O rápido incremento das unidades móveis permitiu aos coordenadores do Programa da Rede de Bibliotecas da FCG constatar a rápida adesão do público leitor ao serviço criado, daí que em 1961 tenha começado a “verificar-se que não bastava a existência de tais unidades móveis e que seria igualmente necessário o estabelecimento de unidades fixas” (Gulbenkian 1994: 9). Tal como se constata, em três anos apenas, sentiu-se a necessidade de alargar a disponibilidade da rede passando das Bibliotecas Itinerantes às Bibliotecas Fixas”. (Regedor, 2014, pag. 96)
Bibliografia:
Fundação Calouste Gulbenkian (1994) - Serviço de Bibliotecas e Apoio à Leitura, [Lisboa]: F.C.G.
NEVES, Rui – As bibliotecas em movimento: As bibliotecas móveis em Portugal Comunicação apresentada no “II Congreso de Bibliotecas Móviles”, que decorreu em Barcelona, de 21 a 22 de Outubro de 2005.
Regedor, António Borges - Bibliotecas, informação, cidadania: políticas bibliiotecárias em Portugal séculos XIX-XX. Porto,2014.
Regedor, António José Borges |
Bibliotecas, informação, cidadania : políticas bibliotecárias em Portugal : séculos XIX-XX / António José Borges Regedor ; Porto : [s.n.], 2014. - 2 v. : il. ; 30 cm. - Tese doutoramento. Ciências da Informação, 2014 http://hdl.handle.net/10284/4291 |
António Borges Regedor
Os avanços significativos dependem sempre de acções arrojadas. Neste campo o século XX é exemplar. Até aí as políticas do livro não existiam, e a política para as bibliotecas remetia sempre para terceiros, no caso as autarquias, que não tinham interesse, conhecimento, vontade ou recursos. Daí terem falhado sempre.
Como digo, o século XX teve o primeiro momento de ousadia. Foi protagonizado pela Fundação Calouste Gulbenkian que de forma corajosa, ousada, arrojada, enviou por todo o país carrinhas cheias de livros para emprestar sem restrições, sem medo, sem reserva. E não foi fácil vencer a iliteracia, a ignorância e o obscurantismo. Deixou semente, deu oportunidade a duas gerações terem contacto com o livro, com a leitura, a informação e o conhecimento. “Dois anos depois do início das emissões de televisão em Portugal, a 4 de Setembro de 1956, na Fundação Calouste Gulbenkian (doravante FCG), iniciava-se um novo serviço de educação” (Regedor, 2014 p.93)
Essa ousadia de 1956 abriu caminho e possibilitou, trinta e um anos depois, nova ousadia com sucesso. Foi o arrojado programa de Rede Nacional de Leitura Pública. “Para a execução deste objetivo de política de leitura pública, através da Rede de Bibliotecas Municipais, o modelo é o do estabelecimento de contratos-programa entre a administração central e as autarquias,” (Regedor, 2014 p. 155).
É a coragem que agora se verifica na dotação de meios para novo impulso na Leitura Pública, com financiamentos para modernização tecnológica, para digitalização, empréstimo de livros electrónicos, tradução e apoio ao mercado livreiro. É destas ousadias que necessitamos. E também voltar exigir qualificação específica para o exercício de funções nas bibliotecas. Requalificar, dignificar, reconhecer os profissionais de Ciência da Informação e Documentação. Exigir que nas bibliotecas trabalham exclusivamente técnicos qualificados em Ciência da Informação e Documentação. E tal como nos Museus os dirigentes das equipas de biblioteca sejam Directores de Bibliotecas. O país (como existe em países avançados), precisa da ousadia de ter uma Lei de Bibliotecas Públicas.
A Tese de Doutoramento de (Regedor, 2014) indica que “Os responsáveis políticos maioritariamente consideram vantajosa uma eventual lei de bibliotecas que incluía princípios normativos referentes ao orçamento, volume de fundos, recursos humanos, definição das competências do bibliotecário e perfil da figura do diretor da biblioteca. Do ponto de vista dos técnicos, a opinião maioritária defende a vantagem da existência de uma lei de bibliotecas que inclua normas sobre a institucionalização da figura do Diretor, mormente de este ser especialista em CID/BAD, orçamento, recursos humanos especializados, volume de fundos e renovação da coleção”. (Regedor, 2014 p. 231). Muitos passos foram dados. Passos seguros, decididos, reflectidos e corajosos. Muitos mais serão dados com igual ponderação e ousadia. As bibliotecas serão cada vez mais uma realidade assumida pelas populações. a leitura nas suas diversas formas será cada vez mais uma naturalidade nas diversas gerações.
António Borges Regedor
A DGLAB (Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas) na área da RNBP (Rede Nacional de Bibliotecas Públicas) , em serviços para profissionais tem uma lista de produção científica nacional na temática das bibliotecas públicas.
É uma excelente iniciativa a possibilidade de pesquisa compilada acerca do tema. Admito que se encontra mais algumas teses de Doutoramento e dissertações de Mestrado para além das indicadas. Eu conheço mais uma tese que não está referida na lista. Conheço por ser uma tese em que tive participação no Júri como arguente.
Em todo o caso, a maioria da produção está certamente representada.
Fiz uma leitura rápida e encontrei citações minhas em três teses de Doutoramento e em duas dissertações de Mestrado, sendo que três das dissertações são de ex alunos meus. Fico muito satisfeito saber que contribuí de alguma forma para a produção científica nacional nesta área das bibliotecas pública, como em outras.
Espero que venham a ser feitas listas da produção em bibliotecas escolares em especializadas, ou ainda em temas de indexação, cienciometria e avaliação de unidades de informação. Foram temáticas das minhas aulas que deram oportunidade a outros trabalhos de investigação científica.
Só tenho motivos para estar satisfeito.
António Borges Regedor
Claro que isto me enche de satisfação.
Quase duas centenas de leitores de artigos em que participei. E trinta e sete citações.
Afinal a minha produção científica continua a ser útil.
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