A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
A acostagem do Navio Bacalhoeiro Santo André em Ílhavo para o preservar como Navio-Museu foi uma excelente ideia da Câmara Municipal de Ílhavo para a preservação da memória da pesca do bacalhau.
Esta pesca, feita nos séculos XIX e XX, implicava a deslocação para os mares da Terra Nova, tomou o nome de Faina Maior. Feita inicialmente à linha com cada pescador no seu pequeno dóri que era depois recolhido nos barcos que evoluíram dos veleiros até aos navios vapor de arrasto como é o caso do “Santo André”.
Este barco que podemos visitar no cais do Jardim Oudinot em Ílhavo é um arrastão clássico construído em 1948 na Holanda. Tem 71,4 metros e capacidade para 1200 toneladas de peixe no porão. Deixou de pescar em 1997 e é navio-museu desde 2001.
A visita deixa perceber como seria toda a organização do navio. É impressionante ver o seu mecanismo de propulsão. O motor e a casa das máquinas são um momento de grande impacto e como seria o viver dos que aí trabalhavam no barulho dos motores paredes meias com os seus alojamentos. A cozinha deixa imaginar a azáfama necessária a manter toda a tripulação. O guincho gigantesco por onde o bacalhau era arrastado e logo daí passava para a coberta onde numa cadeia de trabalho do tipo taylorista era aberto, retiradas as vísceras, lavado e preparado para a salga no porão que acomodava 1200 toneladas ou o seu correspondente a 20 000 quintais. A unidade de medida alternativa à tonelagem. Os alojamentos dos pescadores em camaratas de proa. Pequenos espaços em beliche. E toda a faina comandada, planeada na designada ponte de comando onde se concentra a arte das cartografia, as comunicações os alojamentos do capitão, imediato, piloto e até do enfermeiro a bordo. Todo um organismo que fazia desta pesca a Faina Maior.
António Borges Regedor
. Livros que falam de livro...
. Dança
. Rebooting Public Librarie...