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Há dias estive na apresentação de um livro onde D. Januário é, entre outros, também entrevistado.
Conheci D. Januário na Faculdade de Letras do Porto. Foi meu professor durante metade do curso. Foi um longo percurso de aprendizagem com ele e daí o conhecimento e também a grande admiração. No final da sessão ouve tempo para conversarmos um pouco relembrando momentos da faculdade, recordando outros professores desse tempo (Álvaro dos Penedos, Francisco Sardo, Maria Manuel, Maria Cantista), partilhando saudades e memórias.
Na faculdade tratávamos o professor por padre Januário. Nunca senti o mais leve constrangimento por se tratar de um professor padre. Nunca a fé interferiu no conhecimento científico, e portanto nunca tal risco perturbou as aulas livres, dialogadas, reflectidas, interrogadas, argumentadas. O exercício da reflexão filosófica era até mais enriquecido pela condição do professor. Foi com D. Januário que aprendi Filosofia Medieval. E eu que na altura já tinha actividade política e tinha sido eleito para a Assembleia de Representantes da Faculdade, não tive nenhuma reserva em escolher livremente o estudo do trabalho para a cadeira de Medieval, o autor Tertuliano, um apologeta. Mas o maior ensinamento que recebi de D. Januário foram as aulas de Hermenêutica do Texto Filosófico. E aqui foi o meu entusiasmo. Ensinamentos que foram essenciais e de muita utilidade ao longo do curso e posteriormente nas pós-graduações.
É esse reconhecimento que me liga ao meu professor D. Januário Torgal Ferreira.
António Borges Regedor
Esta prática desportiva é envolvida de cordialidade própria. Os jogadores previamente conhecidos ou não, saúdam-se desejando “bom jogo” reciprocamente. Marcam a bola e indicam com que bola vão jogar. Têm um cartão onde marcam as suas pancadas e a dos adversários que no final conferem e assinam. Esse cartão regista o seu nível de jogo. É normal fazerem elogio quando alguém do grupo executa uma pancada de assinalável qualidade. Ajudam-se mutuamente a procurar uma bola perdida. Literalmente não deixam ninguém para trás. Quem for mais atrasado joga primeiro.
O Golfe tem respeito pela natureza e pelo campo. Devem deixar o campo como o encontraram. Os jogadores reparam os pedaços de relva que levantam ao bater uma bola. Quando no “green” (zona do campo mais suave e onde a relva é cortada muito curta) a bola causa maior impacto, há uma peça (pitch repair) que cada um dos jogadores possui para reparar o green.
E finalmente leva a regras de indumentária simples mas de consideração para com o outro. Habitualmente usa-se polo que pode ser acompanhado de pullover. Tapa vento ou impermeável. A calça de fazenda e sapato de golfe ou sapatilha.
O gurda-chuva é admitido. O que não é aceitável é a tshirt e as calaças de ganga.
António Borges Regedor
Golfe não se joga contra o outro. Joga-se com o outro. Os jogadores têm níveis de jogo diferente. Respeita-se o nível decada um. Podem jogar em conjunto jogadores com níveis diferentes. Cada um procura melhorar o seu jogo. Em cada dia que passa quer aperfeiçoar. O objectivo não é o melhor ganhar ao outro. O objectivo é que os dois melhorem, todos melhorem as suas competências. É portanto um jogo de aperfeiçoamento pessoal.
É um jogo de cordialidade social. Os jogadores cumprimentam-se e desejam um bom jogo aos seus companheiros. Não o perturbam na sua vez de jogar. Ajudam-no a identificar o local de queda da bola e se necessário ajudam à sua procura. Só avançam após o último jogar e esperam sempre pelo que vai mais atrasado. Não deixam ficar ninguém para trás. Partilham da alegria de boas jogadas e felicitam o jogador que as faz. Podem jogar em conjunto homens e mulheres, adultos e jovens. Pode ser um jogo para toda a família.
Cada jogador marca as suas “pancadas” (vezes que bate a bola). Marca também a dos companheiros para conferência. Só precisa de regras, não de árbitros.
No final agradece a partilha do jogo.
Golfe e Ambiente
Joga-se em espaços abertos. Arborizados com preocupação de diversidade vegetal e de plantas autóctones. Sobreiros, Castanheiros, Carvalhos, Acer, Choupos. Fruteiras também. Conheço um campo onde uma das saídas é do meio de uma vinha. Há também arbustos como azevinhos, loureiros, giesta, tojo, carqueja e muito mais.
E também na presença de fauna diversificada. Aves, mamíferos, herbívoros, roedores, répteis, anfíbios. É comum verem-se coelhos, perdizes e até esquilos.
Há elementos estéticos presentes, como a proximidade de rios ou mar. A água está muito presente em lagos naturais ou artificiais. E é cada vez maior a preocupação com o consumo de água, conhecendo um campo onde há plantas purificadores da água num dos lagos, ou ainda a utilização de água de estação de tratamento de aguas residuais (ETAR) para a rega.
Golfe e o respeito pelo campo.
O princípio do golfe é que todos jogamos com as mesmas condições de campo. Isto implica que cada um deixe o campo como o encontrou. Limpo e conservado. Os jogadores causam impacto sobre a natureza, mas preocupam-se por minimizar. Pela extensão e tempo, os jogadores podem durante o jogo beber água ou comer alguma coisa. No entanto usam os caixotes de lixo do percurso ou no final deixam os seus lixos nos locais adequados. Nada fica no campo. Se por acção do jogo levantam alguma relva, voltam a colocá-la, minimizando o impacto e encurtando o tempo de reparação do campo. Se a bola causa impacto maior em zona mais sensível como é o green, usam uma pequena ferramenta denominada pitch repair para recolocar o green em boas condições.
O golfe não é só uma prática desportiva, é igualmente uma escola cívica.
Antóno Borges Regedor
Para Max Weber as questões éticas, sendo do domínio da razão, colocam-se ao nível das práticas sociais.
A acção moral compreende dois aspectos essenciais. A subjectividade (o sujeito) e a razão (dimensão racional). Assim, o sujeito responde pelas suas acções.
João Pissarra Esteves considera haver um reconhecimento do papel dos media como sinal da importância da comunicação da vida social. Entende igualmente que entre ética e comunicação há uma intersubjectividade de responsabilidade ao nível dos comportamentos morais. E é essa intersubjectividade que impede que a noção de responsabilidade se transforme em mera ilusão (ideologia)
João Pissarra Esteves afirma que reduzir a ética à deontologia seria trágico. Entendendo a ética em sentido restrito do conjunto de regras para a realização da actividade profissional conduziria a uma ideologias do profissionalismo. Seria um objectivismo entendido na ausência de Razão Prática, ou seja a responsabilidade de responder com responsabilidade. Uma desresponsabilização do sujeito com valores. O sujeito ético.
Marshall McLuhan 1962 afirmava já que uma nova tecnologia que prolonga os nossos sentidos, provoca um novo relacionamento social. A intervenção dos media no meio social funciona como intermediação. E cria e impõe a sua própria realidade. E a propósito da tecnocracia João Pissarra Esteves afirma que a reificação da solução técnica produz desproblematização dos agentes com valores (universo ético).
A natureza do raciocínio ético é comum à ciência. Procura assumir um carácter problemático à determinação do que é realmente verdadeiro (wirklichkeit) ou realmente justo, assumindo o real um carácter objectivo e universal.
Finalmente segundo Stephan Toulmin “em ética, como em ciência, as referências à experiência pessoal (sensível e emotiva) são substituídas por Juízos que procuram a universalidade e a imparcialidade”
Esteves, João Pissarra – A Ética da comunicação. Lx: FCG. 2003
McLUHAN, Marshall - La galaxie de Gutenberg. Paris: GAllimard. 1962
TOULMIN, Stephan E. - El puesto de la razón en la ética. Madrid: Alianza. 1960
WEBER, Max - Essai sur la théorie de la science. Paris: Plon. 1922
António Borges Regedor
Hoje Dia Mundial do Livro estou a iniciar a leitura do livro “Horizontes da Ética: Para uma cidadania responsável” do meu amigo João Baptista Magalhães. É uma edição da Afrontamento em 2010. Justifica-se até pela proximidade com a data em que a ética venceu a barbárie. A comemoração do 25 de Abril de 1974.
Também hoje iniciei com o meu neto um conto a quatro mãos inspirados no tempo presente de covid.
Pacheco Pereira continua filósofo clarividente. E nem lhe é difícil a tarefa. Basta continuar a pensar as questões que o vulgar julga como certas e imutáveis.
Nesta excelente reflexão aborda a vitória ideológica da chamada “direita” que não será mais do que o encostar da social democracia ao neoliberalismo. E a vitória da esquerda que assumiu as lutas e reivindicações que já foram da social-democracia. E que ao defender coisa tão simples como o estado social é apelidade de radical. Afinal a esquerda radical está hoje a cumprir o programa que historicamente era pertença da social democracia e do estado social capitalista.
Pacheco Pereira refere a crítica da direita ao “viver acima das suas posses”, que significa a culpabilização dos consumos típicos da classe média. A culpabilização por se querer sair da memória da pobreza ainda presente nos anos 60 e 70. Porque é que qualquer um de nós que gosta de comemorar os anos 80, não se lembra de comemorar os anos 60? Porque simplesmente nada há a comemorar desses anos cinzentos, opressivos e repressivos, tristes, pobres e famintos. A culpabilização dos novos consumos da classe média, e o terrorismo de estado que foi lançado contra essa mesma classe média levariam inevitavelmente à regressão a esses tempos dos anos 60 e aos buracos nas estradas que já se começam a sentir.
A ascenção social e o surgimento de uma classe média em portugal foi proporcionada pela escola pública. É o ódio neoliberal à classe média que leva igualmente a atacar a escola pública. E lembramo-nos de imediato que foi nos países social democratas que a escola pública, as políticas de leitura e de leitura pública através das políticas de redes de bibliotecas fixas e itinerantes que fez desses países cultos, desenvolvidos, éticos, justos, educados e ricos. Pacheco Pereira nota bem que essa luta abandonada pelos social-democratas é agora a dos tais radicais de esquerda.
O mesmo repara o autor, que referimos, no que diz respeito ao programa social, como seja a reposição de salários e pensões que não é mais do que a base do contrato social que enforma a social-democracia.
E dá conta Pacheco Pereira que: “ Ainda recentemente ouvi com atenção uma intervenção de Marisa Matias fazendo para mim uma classificação interior daquilo que era ideologicamente de esquerda, tudo era da mais pacífica doutrina social da igreja, podia ser dito pela Caritas, por um democrata cristão ou um social-democrata se ainda os houvesse. Até o Papa Francisco, nestes termos, estaria muito mais à esquerda.” E mais não é necessário acrescentar. “É por isso que um deputado do ex-PaF se dizia muito surpreendido por o Bloco de Esquerda defender o feriado do Corpo de Deus” adianta Pacheco Pereira. Depois do arremesso da pedra da austeridade por culpa da dignidade ontológica de uma classe média emergente, maioritariamente social democrata, é o Bloco de Esquerda no respeito da laicidade que vem em defesa do respeito de uma profissão de fé.
Tem ainda Pacheco Pereira de referir o jornalismo de analfabetos, tacanhos e ideologicamente amestrados jornalistas. E para terminar dizendo: “Para combater a ideologia da direita radical precisamos de algum retorno à moralidade, como os espanhóis compreenderam com as suas “marchas pela dignidade”.
Texto de comentário ao artigo publicado em:
http://www.publico.pt/politica/noticia/derrota-ideologica-e-vitoria-politica-1720334?page=2#/follow
A data condiz perfeitamente com o tema do Serão da Bonjóia.
O tema é: " Estado, Ética, Governação - ideias e valores em mudança"
A conferencista é a Professora Catedrática Prof. Doutora Judite de Freitas.
A sessão, claro está, é na Quinta da Bonjóia - Rua de Bonjóia, 185. Campanhã
Dia 25 de Abril,( 5ª feira) pelas 21h15. Con entrada grátis
É preocupante a tentativa de controlo da vida e do pensamento dos cidadãos.
A Internet quebrou o ponto único de emissão. Produziu uma ruptura no modelo de emissor único para a totalidade da massa receptora. Este modelo surgiu no contexto histórico da sociedade industrial e de consumo de massas. Proporcionou a constituição dos monopólios e das multinacionais. Foi útil para a formação do pensamento único.
Hoje, na sociedade da informação e do conhecimento a Internet proporciona a comunicação de todos para todos. Quebra o monopólio. Potencia a liberdade de expressão de pensamento e de opinião. É isso que faz vários governos tentar controlar a Internet. Um estudo da OpenNet Initiative denuncia casos de censura online em 25 países. As motivações políticas, os conflitos de ideais, a sexualidade e a diferenças culturas são alguns dos temas sujeitos a bloqueio na rede. Convivem mal com a liberdade dos indivíduos. A Internet contém todos os tipos de riscos que existem fora dela. Nem mais nem menos. A ética na sociedade física não é diferente da que se exige na Internet. O que temos é que estar preparados para nova dimensão da nossa vida. O que não é admissível é que se usem os falsos pretextos da política, das ideias, do sexo ou das culturas para restringir a liberdade dos cidadãos.
António Regedor
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