
Não é minha intenção lançar algum tipo de descrédito na Ciência.
A ciência, é ainda a forma de melhor observar, interpretar, explicar e organizar o mundo e as relações entre os humanos.
Mas a ciência, nestes tempos de pouca ou nenhuma regulação ética, corre também alguns riscos.
A quantificação da produção científica como único critério de financiamento, sob o paradigma neoliberal, leva ao risco de sobrevalorizar a quantidade à qualidade. Ao risco da redundância e subestimação da inovação. Ao risco da replicação em desfavor da reflexão e ponderação.
O fenómeno da mercantilizar da produção cientifica está intimamente ligado à proletarização da actividade investigadora.
O financiamento não é apenas a forma de influenciar o que investigar, é muito mais perigoso quando influencia o que se investiga. A entidade financiadora da investigação facilita a produção de artigos encomendados pela indústria, que de forma isenta não seriam produzidos. Isto configura uma forma de manipulação económico-social da produção científica. . Daí até à falsificação da produção científica é um passo, um pequeno passo.
E é a consciência destes riscos que se deve ter em conta e que deve orientar para as correcções necessárias ao modo de financiamento, ao modo de avaliação da produção científica, ao modo de publicação, e de acesso ao editado e aos dados .
Passos importantes têm sido dados com as políticas de repositórios de acesso livre e de acesso livre aos dados de investigação. Mas pode não ser suficiente. A montante estão as políticas de orientação da investigação, da avaliação e financiamento.
António Regedor