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(Crónicas de um Porto Vintage 1 )
Os campos agrícolas entremeados por pequenas fábricas e oficinas iam cedendo faixas para construção de minúsculas casas. Corredores de casas alinhadas com áreas de 20 metros quadrados que aninhavam recém camponeses feitos operários na cidade que os atraíra. Que plantava salsa nos vasos à entrada das portas e comia toucinho ás refeições da noite e reparava de madrugada a marmita do almoço na fábrica. Onde a prole fazia do pátio o quarto dos brinquedos e todos partilhavam a latrina comum à fileira de casas em taipa. A água começava a ser canalizada mas ainda havia os fontenários que anteriormente abasteciam os lugares de água potável. A Fonte do Regado está localizada a escassos metros do rio que nasce na Arca D´Água que também não fica longe. Nas redondezas há ainda ruínas de uma fábrica de consideráveis dimensões para a época. Conheci, ainda a funcionar, uma fundição e uma carpintaria.
A cidade está hoje muito mudada. Mais urbanizada. As “Ilhas” cresceram em altura, modernizaram-se, estão maiores, mais confortáveis, mais salubres. As fábricas e oficinas foram para as periferias industriais. Os espaços verdes desapareceram. Mas a Fonte do Regado permanece.
António Borges Regedor
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