Nem todos os livros publicados terão de figurar nos clássicos imprescindíveis. Nem todos os livros terão de ser bestsellers. Nem todos os escritores terão de receber prémios de todos os seus livros. Mas é bom que os recebem. E é bom que haja prémios para dar notoriedade a um livro e a um escritor. Os prémios fazem distinguir os autores e as suas obras. E dão-nos pistas para a compra.
Quando a Fundação Calouste Gulbenkian tinha a rede de bibliotecas, tinha também um painel de especialistas que lhe fornecia recomendações de compra. Agora temos de encontrar outras formas de recomendação. O critério das editoras não é viável, porque o livro já não é apenas um objecto de literatura. No tempo do Garrett o livro passava primeiro pelo crivo do folhetim em jornal. Aí era afinado, reformulado ou alterado de acordo com os comentários e a audiência. Só depois passava a livro. Hoje esse crivo funciona algumas vezes e pela acção das séries em televisão ou cinema. O livro actualmente é uma mercadoria como qualquer outra. Vende-se para ser consumido rapidamente e dar lugar a outra venda o mais rápido possível. Não basta ser bestseller porque há muita má qualidade que se vende. Não é suficiente aparecer nos mais vendidos porque essas listas são feitas por critério comercial e não de qualidade. Não é seguro decidir apenas pela exposição em montra ou lugar de destaque porque também aí o critério não é a qualidade. O melhor critério de escolha do que comprar para ler é do gosto pessoal e o conhecimento do autor e da obra, mas não podemos comprar tudo para escolher o que gostar de ler. Precisamos de referências. E os amigos e as suas recomendações são a melhor opção. E há também a tomada em consideração por muito criticável que seja é a das distinções. Há no mínimo um júri que leu e considerou distinguir. Ou então ter muito dinheiro e tempo para andar à descoberta.
António Borges Regedor