
Como nas outras situações, tais como uso de equipamentos de protecção, utilização de espaços públicos, restaurantes, entre outros, a Direcção Geral de Saúde terá de emitir normas orientadoras do melhor uso da praia em período balnear.
A Norma, terá de ser da Direcção Geral de Saúde, que tem conhecimento científico para o fazer, não de qualquer outra voz interessada ou de um qualquer autarca a pensar com os pés na areia como já se ouviu.
São já vários meses em contexto de pandemia, várias semanas em confinamento e em diversas restrições à vida social. A maior capacitação do Serviço Nacional de Saúde, o abrandamento na progressão da infecção e especialmente o bom tempo e cansaço de estar confinado são um enorme factor de pressão para o uso tradicional da praia.
Mas como a pandemia não terminou, os comportamentos em praia deverão ter essa realidade presente e condicionadora. É natural e necessário reflectir em que condições o uso da praia não prejudicará o esforço de contenção da pandemia.
Desde logo é necessário ter em conta que a grande apetência pela praia decorre da vantagem para o exercício físico e também para o bem estar psicológico.
É importante conhecer os riscos que a praia possa comportar, nomeadamente os riscos de aglomeração. Não parece sensato querer concentrar todos os veraneantes nas praias concessionadas. Conhecemos a realidade e sabemos que a maior parte das pessoas nem se posiciona nesse tipo de praia. Desde logo por serem poucas, pequenas e estarem lotadas. A maioria está fora delas.
Sendo que a recomendação é a de afastamento e que o comportamento dos cidadãos tem dado na sua esmagadora maioria prova de responsabilidade nesse cumprimento, também aqui no uso da praia o princípio deve ser esse. E isso implica que os veraneantes utilizem as praias com menos aglomeração, o mais afastados possível, o que terá necessariamente de comportar a maioria da paria que não é concessionada.
O que se deve pedir é que não se abrande o afastamento social, que não se façam grupos e que mesmo nos membros da família haja cuidados devidos. Deve continuar a pedir-se responsabilidade social e defesa da saúde de todos.
Sendo que parece ser consensual o poder caminhar na praia, e o praticar desporto, não se entende a proibição de apanhar sol numa toalha com afastamento social. Há mais contacto no jogo de bola do que estar numa toalha. Gostaria de ver a explicação científica para o maior risco de apanhar sol numa toalha de praia. Se a razão for apenas a de acautelar a tendência para a permanência, e se querer pela mobilidade reduzir a permanência, então terão de proibir as zonas de permanência fixa nas praias concessionadas. Será bom que a regra seja clara e cientificamente alicerçada.
Ainda não há directiva da Direcção Geral de Saúde, e já pelo menos um autarca em bicos de pés anunciou a atitude autoritária e repressiva de colocar grades e drones a vigiar. É um indivíduo já conhecido por tendências securitárias e de contornos fora da lei com intervenção tida já noutra ocasião.
Seria mau se esta questão menor, viesse estragar a paz social existente num período tão difícil e que demonstrou enorme maturidade cívica.
António Borges Regedor