No Dia Mundial do Livro olhei de modo diferente para a minha estante. Os livros que ela suporta, são também suporte da minha vida. De um dos lados, está a filosofia como formação de base. Do outro a história da educação (Rómulo de Carvalho, ou António Gedeão para os poetas). A educação constitui hoje o maior tempo da minha vida profissional. Eu, que já trabalhei em tantas outras coisas. No meio está a minha tese, mais corolário que projecto de vida. Da filosofia destaco os pré-socráticos e o pensamento de Platão que enforma a cultura ocidental. Até chegar ao livro (McMurtrie) que representa boa parte da minha vida de bibliotecário e professor. Os clássicos, imprescindíveis, sem os quais a nossa vida é incompleta. Também está presente alguma coisa do que produzi. O Manual para a formação de técnico de informação e a revista de que fui elemento do Conselho Científico. A meio da estante está “April”. 20 anos de intervenção cívica no âmbito desta associação. Na minha estante está “ Logos e Racionalidade” tese do Francisco Sardo, camarada, professor e amigo, infelizmente já falecido, mas com quem muito aprendi. E estão também livros de outros amigos, colegas e alunos, alguns autografados, que são os poucos que ainda vou guardando. Estão os dos amigos Francisco Louça com autógrafo, do António Eloy companheiro de lutas da ecologia, do Zé Eduardo Agualusa amigo já de antes de ser escritor, dos alunos Luís Norberto Lourenço e da Alexandra Vidal, ambos autografados. Dos colegas Henrique Barreto Nunes e Otília Laje. Mas também da literatura de que gosto, como a de Ana Cristina Silva e Carlos Vaz Ferraz ( pseudónimo de um dos militares de Abril, Carlos de Matos Gomes). Mas também livros que conheci por razões de trabalho, como Manuel Laranjeira e José Marmelo e Silva.
A estante de uma pessoa, é o testemunho da sua vida.
António Regedor