Domingo, 3 de Janeiro de 2010
Mais um comentário. Este numa perspectiva diferente, mas interessante.
comentário:
Pergunto-me o que aconteceria se alguma vez se tivesse posto a questão do Médico-Bibliotecário por ser alguém que conhece bem as questões com que se debate a profissão, as suas necessidades e a burocracia própria ligada ao meio hospitalar...
Suponho que, no mínimo, havia bombas atiradas pela Ordem dos Médicos.
Com certeza vêem a similitude de situações. Eu não tenho dúvidas de que haverá professores que cumprem a missão de bibliotecário muito melhor do que alguns profissionais do sector. O que é pena é dar-me conta de que todas essas pessoas, provavelmente, erraram a profissão.
Os médicos tiveram a sorte de os deixarem fazer o que eles querem e gostam de fazer. O mesmo se passa noutros sectores de actividade.
E se deixassem os professores SER PROFESSORES?
Porque é que lhes atiram para cima com uma imensa série de tarefas e funções que não são leccionar, incluindo ser o bibliotecário da escola? E porque é que ninguém está contra esta realidade, que só os desmerece?
Para aprender quais são os problemas e como se mover nos meandros da Educação, há a partilha de informação. É assim que o bibliotecário de um hospital trabalha (isto para usar o exemplo acima).
Os professores são os primeiros interessados em ter um centro de I&D com aquilo que precisam em cada caso a funcionar decentemente. Tal como acontece com profissionais de outras áreas em cujo local de trabalho existe um centro de documentação, biblioteca, arquivo etc., gerido por um profissional de informação.
Eu até acho bem que se aproveitem as infraestruturas de redes de informação existentes e mal usadas. Mas isso não pode ser desculpa para se continuar a tercerizar os agentes de desenvolvimento das BE's dentre a população docente, numa espécie de "voluntariado à força".
Termino que o comentário já vai longo.
E, já agora, vou também postá-lo no meu blog, com a devida menção da sua natureza.
Obrigada por terem lido.
Sou professora e neste momento professora bibliotecária.
Gosto de ser professora e à primeira vista não me parece um desmerecimento ser também bibliotecária, até porque continuo a ser professora.
É, no entanto, uma tarefa árdua ser as duas coisas ao mesmo tempo.
Ter um bibliotecário na Biblioteca Escolar seria uma mais valia mas nunca sem um professor ao lado com formação pedagógica para dar cumprimento à missão que a Biblioteca Escolar tem no contexto da Escola. Não me parece que o bibliotecário fosse capaz de direccionar a actividade da Biblioteca Escolar para o currículo e para a realização de aprendizagens que a Escola deve proporcionar...
Ser professor bibliotecário deverá ser uma opção e não uma imposição, mas a exigência de que este possua formação em ciências documentais deve persistir pois de outra forma o desempenho das suas variadíssimas funções tornar-se-ia muito mais difícil.
Maria Rodrigues
De Anónimo a 4 de Janeiro de 2010 às 21:15
Lembro que durante muitos anos, certamente não muito distante, muitos professores que não tinham horário, professores com problemas de diversa ordem, nomeadamente, relacionamento com alunos e outros, eram colocados na Biblioteca escolar. Era a prova da desvalorização que este local ( tão importante enquanto ponto de encontro, divulgador e mobilizador do saber) se confundia com qualquer outro de menor dimensão. Os tempos parecem ser mudança de paradigma na forma de olhar para este recurso . Há necessidade de envolver rigor e cientificidade a este local , sem nunca se perder de vista a sua função pedagógica. Em relação ao professor bibliotecário ser um professor, acho bem . SE ele tem ou não de deixar a sua dimensão docente porque deseja experimentar outras dimensões também é não há nada de mal, é até positivo, mas não poderemos dizer que é sempre assim. Há professores que pensaram várias vezes em deixar ou manter uma turma como a lei prevê.
Continuo a dizer que este apoio técnico, mais preciso, poderia ser dado pelos técnicos das Bibliotecas Municipais, uma vez que já estão em rede. É importante o apelo ao trabalho colectivo e partilhado num país tão pequeno, não apenas para a optimização dos recursos, do kow how existente mas ainda para deixarmos de pensar de forma tão individualista.
Arcelina Santiago
De Armanda Quintela a 9 de Janeiro de 2010 às 11:20
Resposta ao comentário a Cristina Mouta:
"E se deixassem os professores SER PROFESSORES?"
Relembro que não é obrigatório ser-se professor-bibliotecário. Os professores do quadro é que se candidatam aos lugares.
E se se candidatam é porque têm vontade de o fazer.
E se se candidatam é porque têm formação na área.
E quando se tem formação na área das Ciências de Informação eu garanto que não se quer ser outra coisa ... porque somos bibliotecários ... somos formadores ... somos agentes de desenvolvimento tecnológico ... somos professores ... somos promotores da literacia .... somos agentes de conhecimento ....
O que eu lamento no meio de isto tudo é que existam professores que vão para a biblioteca escolar sem o mínimo de motivação e sem perceberem afinal qual o seu papel neste tipo de bibliotecas.
Armanda Quintela
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