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(Crónicas de um Porto Vintage 1 )
Os campos agrícolas entremeados por pequenas fábricas e oficinas iam cedendo faixas para construção de minúsculas casas. Corredores de casas alinhadas com áreas de 20 metros quadrados que aninhavam recém camponeses feitos operários na cidade que os atraíra. Que plantava salsa nos vasos à entrada das portas e comia toucinho ás refeições da noite e reparava de madrugada a marmita do almoço na fábrica. Onde a prole fazia do pátio o quarto dos brinquedos e todos partilhavam a latrina comum à fileira de casas em taipa. A água começava a ser canalizada mas ainda havia os fontenários que anteriormente abasteciam os lugares de água potável. A Fonte do Regado está localizada a escassos metros do rio que nasce na Arca D´Água que também não fica longe. Nas redondezas há ainda ruínas de uma fábrica de consideráveis dimensões para a época. Conheci, ainda a funcionar, uma fundição e uma carpintaria.
A cidade está hoje muito mudada. Mais urbanizada. As “Ilhas” cresceram em altura, modernizaram-se, estão maiores, mais confortáveis, mais salubres. As fábricas e oficinas foram para as periferias industriais. Os espaços verdes desapareceram. Mas a Fonte do Regado permanece.
António Borges Regedor
Este foi o estádio onde treinei atletismo. Onde aprendi como fazer a passada para a corrida mais rápida, menos desgastante e mais eficiente. Um miúdo que na escola tinha descoberto ter alguma competência na corrida de resistência. Uma oportunidade para o Futebol Clube do Porto ensinar a correr meio-fundo na especialidade de corta-mato. Beste estádio foram muitas horas de treino a subir e descer as bancadas, a correr em terreno acidentado à volta do estádio e algum treino na pista também. Foi neste estádio que calcei pela primeira vez na vida sapatos de pregos para experimentar a pista. A pista que era também a pista de obstáculos com a famosa vala de água. Neste estádio onde após os treinos os atletas eram compensados com generosas canecas de chá quente super-adoçado. Eu achava o chá delicioso e uma manifestação de enorme consideração do clube para com os atletas. Como também achava um especial orgulho treinar com o equipamento fornecido pelo clube. Vestir aqueles calções, camisola azul e branca e sapatilhas ou uma ou outra vez sapatos de pregos era um privilégio a que os que treinavam nas Antas tinham acesso. Fiz algumas provas com a camisola listada de azul e branco. Nos terrenos da Arroteia, onde hoje é o Instituto Politécnico do Porto, ganhamos um campeonato regional por equipas. Participei nesse título. Obviamente que sinto grande contentamento com essa participação.
António Borges Regedor
Há revistas e jornais que mantêm o hábito de publicar a lista dos livros mais vendidos.
Deixei de valorizar, considerar e verificar os top de livros desde que em Salamanca estudei Industria Editorial. Uma das temáticas de estudo era a produção de Bestsellers. E a indústria editorial não deve ser confundida com edição literária. Pouco tem de literária. É essencialmente uma indústria que produz uma mercadoria denominada livro. Uma mercadoria que se pretende de consumo rápido para poder lar lugar a nova venda no mais curto espaço de tempo. E nesta indústria começa por se prestar muita atenção ao autor, e essencialmente ao seu impacto público. A influência que o autor tem no público vende muito mais do que aquilo que ele possa escrever. Ou ele, ou um ghostwriter. Sim, porque muito do que é publicado e assinado por escritor famoso é escrito pelos escritores fantasmas. Os assalariados que ficam na sombra e alimentam a indústria e os consagrados. Importante é também a escolha dos temas. Se possível os que estão na moda ou que de momento atraem a atenção da maioria do público alvo. A produção também é importante. O formato, cor, desenho da capa, os apelos subliminares do produto que se apresenta em banca. Mas o mais importante de tudo será a promoção. Os artigos de crítica, entrevistas, publicidade, eventos e principalmente a polémica que deverá ser criada. Por toda a gente a falar do produto, bem ou mal é apelo para a venda. E é isso, um bestseller é só um livro que tem muita venda. Uma obra literária é outra coisa, e bem melhor.
António Borges Regedor
Mais uma leitura de um romance de Carlos Vale Ferraz. Desta vez o “Gémeo de Ompanda”. Já tinha lido “Nó Cego”, a “Última Viúva de África”, “Que fazer Contigo Pá?” e “Angoche”. Neste livro o tema da colonização e do colonialismo, o tema da missionação e das missões laicas ou religiosas, o tema da cultura ou das culturas. Neste livro desfilam perante a nossa leitura os protagonistas Atsu, negro, gémeo, amaldiçoado e que irá ser médico virologista. Francisco Boavida, filho ilegítimo de “boas famílias do regime”, mas escondido na condição de vagabundo rico e jogador bolsista em Nova Iorque, e Aliene filha de missionários laicos, funcionária da ONU e directora de um campo de refugiados e portuguesa branca nascida em Angola. Deles diz o autor: “…são as que criei para contar uma história sobre a colonização e o colonialismo português em África…”. Tudo a postos e com vários ingredientes para um romance de emoções, reflexões e sentimentos díspares. E mais que todos a história de Aliene que “passou a constituir um trio com Atsu e Xico Boavida, sem adivinhar o que tornava Atsu diferente dos outros jovens africanos e o porquê de Xico Boavida ter sido ostracizado pela matilha das famílias mais importantes de Portugal”.
António Borges Regedor
Havendo referência que já em 1145 havia uma pequena ermida no local, mas não exactamente determinado, temos que em finais do século XII as Terras de São João da Foz sejam pertença do Mosteiro de Santo Tirso. Foram-lhe doadas por Soeiro Mendes da Maia um dos homens de uma das famílias mais importantes do Condado Portucalense dessa época. Os monges instalaram-se nas proximidades da igreja até à conclusão do Mosteiro e nova Igreja.
Miguel da Silva, abade do Mosteiro Beneditino de Santo Tirso e Bispo de Viseu mandou construir a antiga igreja de São João Baptista (1527-1548) igreja de estilo renascentista pelo mesmo arquitecto do Farol de São Miguel-o-Anjo que se situa na proximidade.
Em 1570, no reinado de D. Sebastião, foi construída uma estrutura abaluartada envolvendo as construções já existentes. O Mosteiro-Hospício e a Igreja.
No período da Guerra da Restauração a fortificação foi remodelada com as obras a iniciarem em 1642. Foi demolida a igreja velha e as obras terminaram em 1653.
Em 1759 aquando da extinção da Companhia de Jesus, serviu de prisão para 227 Jesuítas.
Em 1832 no contexto da guerra civil e extinção das ordens religiosas a igreja passa para o clero secular e os monges são expulsos. A fortificação protegeu o abastecimento ao Cerco do Porto durante a guerra Civil da revolução Liberal.
Tem também uma ligação às artes por ter sido residência de Florbela Espanca, esposa de um dos oficiais.
Atualmente sedia o Instituto da Defesa Nacional.
Portal em estilo neoclássico do forte de São João da Foz
Dalio, Ray – Princípios para Lidar com A Nova Ordem Mundial
"A ordem internacional segue muito mais a lei da selva do que o direito internacional" p. 218
Interessante livro para compreender os tempos em que nos encontramos.
Logo na página 38 a frase: “O que mais afecta as pessoas é a distribuição da riqueza”. E assim é. O livro refere diacronicamente as moedas que já foram moeda de reserva, o que remete igualmente para alguns impérios.
O autor faz várias abordagens do ponto de vista económico. Aborda as determinantes da riqueza e poder dos Estados, a Moeda e o endividamento. Ao endividamento dedica boa parte do seu livro. Endividamento e desvalorização da moeda. E neste aspecto lista historicamente grandes desvalorizações.
O Poder é outro dos temas com larga reflexão. Elenca um quadro com as fases do poder, refere os populismos e até os tipos de guerra e até considerações sobre os motivos que levam os líderes à guerra. Não resisto a fazer uma citação da página 235: “As potências rivais apenas vão para a guerra quando o poder de ambas é aproximadamente comparável (caso contrário, seria estupidamente suicida para a potência que, como é obvio, seria mais fraca)”.
O autor não deixa também de se referir à questão das sanções internacionais.
Ainda sobre os poderes dos Estados não deixo de citar o autor que sobre as opções políticas refere o caso do Imperador Chinês Yougle da Dinastia Ming que em 1400 tinha a maior e mais sofisticada frota do mundo e que optando por uma política de potência terrestre incendiou e a destruiu completamente.
Naturalmente o autor refere os vários conflitos europeus e mundiais que conduzem à actual liderança mundial e obviamente e inevitavelmente refere a China na sua evolução histórica e económica. A sua filosofia e mentalidade, o modo como estabelecem relações com os outros povos e Estados. E termina referindo a inevitabilidade da mudança futura.
Dalio, Ray – Princípios para Lidar com A Nova Ordem Mundial. 2022
António Borges Regedor
Recentemente surgiu uma notícia de propaganda ao processo de produção de energia através da fusão nuclear.
A investigação científica tem sonhado com este processo que até agora consome mais energia do que a que consegue produzir.
Quer-se ter agora como novidade, ser a primeira vez que uma experiência terá produzido mais energia do que a que consumiu. No entanto não se disse quanto mais. Deduz-se que essa diferença nem sequer foi significativa, porque a ser, teria tido o maior dos relevos na notícia. Significa que simplesmente a notícia não passa de propaganda sem fundamento.
O que na realidade o programa nuclear quer é banalizar a expressão a abrir caminho à aceitação do nuclear clássico que todos já perceberam ser caro, ineficiente e principalmente perigoso como se torna cada vez mais evidente em clima de guerra.
É no entanto uma boa ocasião para colocar a questão, importante.
António Borges Regedor
Mais um excelente livro de Ana Cristina Silva. Um história que na ficção seria difícil de pensar, mas que acontecendo na realidade a ficção tratou de colocar em forma de livro. Clara é filha do responsável máximo da vigilância e perseguição aos que pensavam de forma diferente do regime. E ela mesmo vai afastar-se e apaixonar-se por uma revolução, por um ideal e por um país que em tudo era o contrário do que o seu pai pensava, defendia e protegia. A filha do chefe da PIDE foge para o seio da revolução Cubana. A história deu lugar a outras duas histórias. Uma contada numa série de televisão, e outra contada por Ana Cristina em livro que é distinta da história da televisão. Haverá então e provisoriamente três histórias. A contada magnificamente por Ana Cristina que nos prende ao livro e só nos liberta quando o acabamos de ler. E mesmo assim com vontade de saber mais dessa história de paixão pela revolução onde se dança salsa no Malecon. Onde se percorrem as ruas de Havana e se vai à praia a Varadero. A protagonista do livro frequenta tanto os comités de defesa da revolução como a embaixada de Portugal. Tanto está numa recepção com os dirigentes cubanos como num jantar familiar com o embaixador português. Tanto expressa o amor ao pai como à revolução que este abomina. É a doença que porá fim a este conflito insanável. A leitura torna-se obrigatória.
António Borges Regedor
Recorrentemente vão surgindo umas notícias da treta, e estas de agora são de uma hipotética obtenção se energia de fusão em que a energia que se obtém é pela primeira vez superior à que se consome. Isto para esconder que neste processo a manutenção do plasma consome mais energis do que a que teoricamente se conseguiria. E como em todos os casos o saldo é negativo continuam a rotular a maravilha do nuclear, porque na verdade o que estes lobistas querem é vender o nuclear de fissão com o rol de perigos que comporta e que são cada vez melhor conhecidos e percebidos.
É no entanto uma boa ocasião para colocar a questão, importante.
Nota final: O hidrogénio entrará na equação da discussão dos modos de mobilidade. É outra conversa.
António Borges Regedor
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