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Dois anos depois do início das emissões de televisão em Portugal, a 4 de Setembro de 1956, na Fundação Calouste Gulbenkian, iniciava-se um novo serviço de educação, de acordo com a vontade testamentária do seu fundador, Calouste Sarkis Gulbenkian.
Em 1958, da sede da fundação, em Lisboa, partiam as primeiras carrinhas com cerca de três mil (3.000) livros cada uma. Iniciava-se assim o Serviço de Bibliotecas Itinerantes da FCG.
Uma instituição privada arranca com um programa inovador. À época, o país mantinhase mergulhado no analfabetismo e sem bibliotecas na maioria do território. A taxa de analfabetismo era de 40,3%.
“A princípio, e face ao atraso cultural do País, apostou-se primacialmente na criação de uma rede de unidades móveis, suscetíveis de levar o livro a populações isoladas que com ele de outro modo não teriam contacto. E logo então pioneiramente se praticaram os princípios de livre acesso às estantes e de empréstimo domiciliário que na altura não vigoravam em quase nenhumas outras bibliotecas portuguesas.” (Gulbenkian, 1994)
Regedor, António Borges - Bibliotecas, Informação, Cidadania. Políticas Bibliotecárias em Portugal. Séculos XIX-XX. Tese de Doutoramento. Porto, 2014.
É bom saber que o nosso trabalho merece destaque.
O meu blogue "bibvirtual" foi destaque pela "SAPO".
O post foi o que refere os mal conseguidos caminhos pedestres das serras do Porto
António Borges Regedor
A imagem mostra uma forma de resolver o problema das escadas para quem utiliza bicicleta. É colocado um carril na escada para facilitar a subida ou descida com a bicicleta em situação de menor esforço. Este é em Portugal. Está nas escadas da Ponte de Pedra-Matosinhos. Liga a estrada ao nível da margem do rio por onde segue uma ecopista. Em muitos países este sistema é muito frequente. E há ainda melhores sistemas em países com pendentes significativas. É o caso da Suíça onde as pendentes são resolvidas com sistemas mecânicos. Uns carris e uns apoios para os pés e dessa forma é feita subida como se fosse um tapete rolante.
António Borges Regedor
Vão-se Catar na corrupção a troco de um jogo de bola.
O www.portoenorte.pt gastou dinheiro dos contribuintes a editar um pretenso guia de ciclovias, ecopistas e ecovias. Quem o fez nada percebe de bicicletas e de mobilidade suave. É um produto de propaganda mas não tem nenhuma utilidade para quem faz da bicicleta ferramenta de mobilidade, nem para quem a usa como lazer ou turismo.
Conheço algumas das pistas assinaladas que já fiz, e é isso que me leva a dizer que a informação é fraca, nalguns casos é gato por lebre e noutros é mesmo logro.
Entre informação mais ou menos útil, falta-lhe o essencial. O perfil da pista que é fundamental para a escolha do sentido da sua realização quando não se trata de percurso circular. Outro elemento fundamental é a informação sobre o piso. É que há bicicletas e pneus diferentes para pisos diferentes.
O guia tem logo azar na primeira ciclovia que apresenta. A de Alfândega da Fé com uns ridículos 250 metros e um piso inadequado. E uns tantos outros exemplos em várias localidades de menos de um kilómetro ou pouco mais.
Há percursos que merecem ser feitos como a Ecopista do Tâmega de Amarante a Arco de Baúlhe, ou a ecopista do Rio Minho em Monção. São percursos agradáveis e que dão grande satisfazção a quem as utiliza. Há casos em que o estado do piso é importante que seja dito, como é o exemplo da ecopista do Corgo que no Concelho de Vila Real que é em terra batida e que no de Vila Pouca de Aguiar é em betonilha suave. Escolher uma ou outra faz a diferença.
E há casos como o de Espinho que que é um embuste chamar ecovia aos caminhos do parque da cidade, sujos, cheios de infestantes e sem qualquer valor paisagístico. Ou chamar de ecovia os habituais passadiços de beira mar em que o cruzamento de bicicletas e pessoas se faz de forma insegura porque os passadiços não foram pensados para ciclovias.
António Borges Regedor
Um professor universitário, um livreiro, um ourives copista, um padre de paróquia. “Ah, meus amados antigos helenos! Sabíeis que usavam o teatro para ensinar e educar o povo sobre questões políticas? Nada que ver com estes nossos tempos, onde apensa se procura manter a populaça entretida, ocupando a sua cabeça com idiotices que lhe embotam a mente...” pagina 252 in Roca, Eduardo – A oficina dos livros proibidos: o conhecimento pode mudar o mundo. Trad. Oscar Mascarenhas. Barcarena: Marcador Editora. 2013. Original de 2011, Ed. Planeta Madrid.
Nota sobre a imagem: A prensa pode ser uma ferramenta para a ilustração ou para a tortura.
António Borges Regedor
Não queria deixar de assinalar este dia do centenário de José Saramago. Fui ao meu blogue Bibvirtual repescar alguns post e alguns títulos de Saramago que aí refiro.
Presumo estar certo ao considerar José Saramago um escritor essencialmente de alegorias. É o que acontece em “A Caverna” que acabei de ler recentemente apesar da primeira edição ser já do ano 2000. Utilizando a alegoria da caverna, de Platão.
José Saramago – “A Viagem do Elefante”. João III e D. Catarina da Áustria oferecem um presente ao primo Maximiliano. É o elefante Salomão que será acompanhado pelo cornaca.
“Memorial do Convento” de Saramago. O livro que me iniciou na leitura do romance histórico.
Mas o livro de que mais gosto, é o “In Nomine Dei”. Pouco referido, mas uma história acerca dos anabaptistas.
No local onde hoje é o Mosteiro de Leça do Balio deve ter havido no século I uma ocupação romana e igualmente um templo romano. Findo o Império Romano a ocupação sueva e visigoda não deixou registos.
No século X é edificado um pequeno Mosteiro no contexto da reconquista. Em 1003 há uma doação a D. Unisco Mendes, padroeira do Mosteiro, e é beneficiário também a seu marido D. Tructesindo Osores. O Mosteiro manteve-se na família passando para os filhos do casal em 1021.
Só em 1094 foi transmitido à Sé de Coimbra por D. Urraca I de Leão e Castela e seu marido D. Raimundo de Borgonha, Conde da Galiza.
É ainda em 1180 que D. Gualdim Paes promove obras com renovação da igreja do mosteiro dedicado a Santa Maria.
Foi D. Afonso Henriques que doou o Couto de Leça à Ordem dos Hospitalários que estabeleceu a Casa Capitular da Ordem no antigo Mosteiro. Posteriormente foi sede de diversos Bailiados que eram funcionários judiciais privados por nomeação e representação do Rei.
Como se compreende pelo período que se vive de reconquista e por ser capítulo dos Hospitalários, o Mosteiro recebe ampliações que lhe dão um carácter militar, o que ainda hoje é observável e marca a nossa impressão visual. É um belo exemplo da arquitectura religiosa fortificada. Resulta hoje numa conjugação de estilo românico com estilo gótico, fruto dos trabalhos de renovação dos edifícios monacais e do claustro, por iniciativa do Prior da Ordem, D. Frei estevão Vasques que se iniciaram em 1330 e se prolongaram até 1336. A Igreja possui ameias e contrafortes e tem na fachada uma varanda também com ameias e matacães. A planta é de três naves. A torre de 28 metros de altura possui também ameias, matacães e seteiras de clara expressão militar.
Aqui se casaram em 1372 D. Fernando I de Portugal e D. Leonor Teles de Meneses e cujos contornos refiro em Casamento de Fernando I de Portugal com Leonor Teles de Menezes - BIBVIRTUAL (sapo.pt) .
Nessa altura o prior do Mosteiro era Álvaro Gonçalves Pereira, pai de Nuno Álvares Pereira. que no contexto da crise de 1383-1385 passou pelo Mosteiro.
Com a extinção das ordens religiosas em 1834 em resultado da revolução liberal e da guerra civil que se lhe seguiu, o Mosteiro foi integrado em 1385 no Concelho de Bouças, actualmente designado Matosinhos.
Na década de 1939 sofre obras de intervenção sob orientação dos Monumentos Nacionais, e novamente em 1996 mais obras de beneficiação por Mecenato da fábrica vizinha Unicer.
António Borges Regedor
Casamento de Fernando I de Portugal com Leonor Teles
Chama à atenção a peça escultórica em frente ao Mosteiro que quando observada de costas se vê o homem a abraçar a mulher. “Um casamento real, assim com abraço, só podia ser por amor”. E sim, a estátua marca o casamento do Rei D. Fernando (1367-1383) com D. Leonor Teles de Menezes.
Fernando Rei de Portugal era filho de D. Pedro I e de Constança Manuel. Era ainda bisneto de D. Sancho IV de Castela. Essa condição levou-o em alguns momentos e ousar disputar o trono de Castela, sem que tenha tido consequência.
O Rei apaixona-se por Leonor Teles de Menezes que já era casada e segundo o cronista Fernão Lopes era “louçana e aposta e de bom corpo (…), com suas fremosas feições e graça”. Leonor era sobrinha do Conde de Barcelos, João Afonso Telo de Meneses pessoa de grande influência no reino. Por parte do seu pai Martim Afonso Telo de Meneses descendia do Rei Fruela II das Astúrias e Leão. E por parte de Aldonça Anes de Vasconcelos, sua mãe, descendia de Teresa Sanches, filha bastarda do Rei D. Sancho I de Portugal.
Leonor Teles era casada com João Lourenço da Cunha que era filho de Inês de Castro e de D. Pedro I. Deste casamento teve o filho Álvaro da Cunha.
O Rei D. Fernando de cognome “O formoso” era tido como “amador de mulheres e chegador a elas” no dizer do cronista Fernão Lopes. Também numa biografia de João Macdonal é dito que D. Fernando tinha uma obsessão com a caça a fidalgas, lebres e pombos.
A louca paixão do Rei por D. Leonor implicou a anulação do primeiro casamento com João Lourenço da Cunha. A vontade do Rei em se casar com Leonor levou a contestações em Lisboa. Entre outros argumentos que desaconselhavam o rei da sua pretensão, dizia-se que Leonor Teles e João Lourenço da Cunha formavam um casal feliz.
Esse clima de contestação e o mal estar que produziu a vontade do rei, deve ter sido motivo suficiente para D. Fernando se afastar da Corte que o contestava, e decidir pelo casamento no Mosteiro de Leça do Balio a 15 de Maio de 1372. Nessa altura o prior do Mosteiro de Leça do Balio da Ordem do Hospital era Álvaro Gonçalves Pereira, pai de Nuno Álvares Pereira. Nove meses depois nasce em Fevereiro de 1373 a Infanta Beatriz.
Leonor Teles teve o cognome de “aleivosa”. Terá concebido um plano para casar o Infante D. João (1346-1400), (filho de D. Pedro I e de Inês de Castro), com a sua filha Beatriz. O infante D. João tinha casado com a sua irmã Maria Teles de Meneses, que teria de ser afastada no plano traçado por Leonor Teles. Para isso insinuou que sua irmã seria adúltera. O Infante João matou a mulher, foi acusado de homicídio, preso e exilado. Estava assim afastado um rival do trono. Em 1382 Leonor Teles mandou prender outro cunhado, desta vez D. João, mestre de Avis e que viria a ser o Rei João I de Portugal. Foi solto por influência do Conde de Cambridge tio de Filipa de Lencastre com quem João viria a casar.
Leonor Teles, após a morte do marido Rei D. Fernando em 22 de Outubro de 1383, assumiu a regência do Reino e passou a viver com João Fernandes Andeiro, o que viria a ser defenestrado, e que era já assinalado como amante da rainha ainda D. Fernando era vivo.
No contexto da crise de 1383-1385 e da morte do Conde Andeiro, e como Lisboa apoiasse D. João Mestre de Avis, a rainha e regente refugiou-se primeiro em Alenquer e depois em Santarém que a apoiavam. Acabou por abdicar a favor de João I Rei de Castela e da sua filha Beatriz casada como rei de Castela. Este internou-a no Mosteiro de Tordesilhas onde se pensa que tenha morrido em 1386, ou a acreditar no cronista castelhano López de Ayala terá vivido até 1390 ou mesmo 1406.
Um episódio da História de Portugal que contém todos os ingredientes para fazer uma série ou filme de época.
António Borges Regedor
Muita publicidade sobre os percursos pedestres das serras do Porto motivaram-ma alguma curiosidade. Também o facto de em jovem fazer percurso pedestres nessa zona de Couce e Rio Ferreira contribuíram para a vontade de regressar a esses locais. E mais recentemente o interesse pelos percursos nas zonas auríferas de exploração do período romano ditaram que escolhesse o percurso dos fojos. Está assinalado como Trilho das Minas de Antimónio e Ouro.
O interesse paisagístico do trilho é miserável. Decorre todo entre plantações industriais de eucalipto. O percurso serpenteia desnecessariamente. Tem troços de dificuldade desnecessária entre eucaliptal e sem serem alternativos. Decididamente não é para todos e por isso não querem as famílias a fazer percursos pedestres, nem querem promover a saúde e qualidade de vida para todos. O traçado não tem qualquer interesse botânico, ecológico ou paisagístico. A informação é fraca. Minas e referências não existem ou são sumárias e sem adequada interpretação. A sinalização do percurso a dado momento desaparece e não tem manutenção. Um projecto que é um fiasco, ou que foi feito por uns engraçadinhos, ou pior. A não continuar por estes maus caminhos.
António Borges Regedor
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