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(Ciclo Memória do Porto 1)
Lugar da minha infância. Adolescência e juventude.
Daí a saída da cidade é feita pela rua do Monte dos Burgos. O largo estreita para dar lugar à rua Oliveira Monteiro. Por uma e outra passava a linha número seis do carro eléctrico. Vinham do centro da cidade. Da Praça da Liberdade e alguns revertiam a marcha no Carvalhido, outros ainda seguiam ao Monte dos burgos. Termo da cidade que se fechava numa estrada de circunvalação. A muralha moderna da cidade no tempo do automóvel.
Em perpendicular à linha do eléctrico, o autocarro da carreira “C” ligava o carvalhido à Avenida dos Aliados.
O Carvalhido é uma centralidade. Além do eléctrico e do autocarro tem a saída pelo Monte dos Burgos para Matosinhos. Por Francos para a zona industrial da via rápida e Ramalde. Pela Avenida de França à Rotunda da Boavista e Palácio de Cristal. A Ramada Alta e Cedofeita pela Rua 9 de Julho.
Mas também tinha vida própria. A Igreja marcava a centralidade. Ao domingo era o cosmos de toda a vida e extratos sociais locais. Sapataria, confeitaria, farmácia, mercearia, padaria, tascas e cafés. Estabelecimentos de todos os tipos. Engraxadores, cauteleiros e ardinas. Muita beata vigiando as filhas e muita rapaziada assistindo ao santo sacrifício da saída da missa. O largo do Carvalhido ia-se despindo dos fatos de domingo chegando a hora de almoço e ficava ermo nas tardes em que se rumava a Vidal Pinheiro testemunhar os feitos do salgueiral amigo.
Há algo no Carvalhido que não deixou de ser desse tempo.
António Borges Regedor
(Cciclo memórias do Porto 2)
O topónimo não deixará muita dúvida quanto à função daqueles terrenos. A sua função agrícola. A Fonte que ainda vi deitar água está na Rua Nova do Regado. A paralela mais a poente é a Rua da Bica Velha. Hoje são ruas resultado das pequenas indústrias e das “ilhas” que surgiram no século XX no Porto que se industrializava.
Ainda conheci terrenos de cultivo por estas bandas. Num desses que deixou de ser lavrado corri muito, treinei muitas vezes perto de casa em complemento ao treino de atletismo que fazia no F. C. Porto por quem fui ateleta de meio fundo.
Da Rua de S. Dinis até à Fonte do Regado o passeio era uma rampa acentuada onde aprendi a equilibra-me encima de uma coisa de madeira parecida com uma bicicleta. Era um triângulo em madeira com duas rodas, sem pedais nem travões.
As “ilhas” já quase todas demolidas. As fábricas fechadas. Os prédios plantados nos terrenos de agricultura. Permanecem os nomes das ruas. A fonte ainda lá está, sem serventia.
António Borges Regedor
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