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BIBVIRTUAL (sapo.pt) Começou como experiência na emergente sociedade da informação.
Uma experiência quanto ao modo de comunicar. Foi realizada em contexto académico, com os alunos e em modo de experiência colectiva dado a novidade em que consistia. Igualmente revestiu um projecto didático e pedagógico. Uma ferramenta de apoio ao ensino/aprendizagem e um método de participação no acto de aprendizagem, construção de conhecimento. Muito colaborativo nessa experiência pedagógica, e posteriormente mais pessoal e reflexivo. Os primeiros post não tinham imagem e eram essencialmente bibliografias, discussão e comentários dos alunos. Durante muito tempo manteve o objecto centrado na ciência da informação. Mais tarde alargou o âmbito para outros temas da Filosofia, História, Religião, Ambiente, e talvez mais recentemente um pouco de tudo. No entanto as keywords, os conceitos, ou mais vulgarmente as tags, ainda denotam a predominância dos temas iniciais. As mais destacadas são, biblioteca, leitura, livro. Ainda se nota algum destaque em ciência da informação. A partir daí há de tudo um pouco. Actualmente é mais um repositório daquilo que é objecto da minha reflexão.
António Borges Regedor
Como vi Istambul
Visitei Istambul há cerca de quinze anos. O primeiro impacto da chegada a Istambul pelo aeroporto foi muito forte. Não as habituais filas para controlo de segurança e passaportes, mas a enorme diversidade de passageiros. E entre estes grupos de mulheres caucasianas enquadradas por homens que seguravam nas mãos as dezenas de passaportes que lhes pertenciam. E na porta, já fora do aeroporto, saíam uma a uma para entrar em determinados carros que lhes eram indicados pelos homens que as controlavam. Eis a melhor imagem da cidade que é a porta que liga o Oriente ao Ocidente. Assim, de imediato e em relâmpago, fica claramente visto.
Já na cidade, o transito caótico tem regras de prioridade imperceptíveis para o europeu. A língua é uma dificuldade dado o reduzido número de turcos que falem inglês. Também a poderia considerar a cidade dos gatos, tal é a quantidade destes felinos que a habita e deambula pelas ruas prestando o importante trabalho de a patrulhar e defendendo os montes de lixo da invasão de ratos. Como todas as cidades islâmicas o mercado é o centro, o local mais importante. A expressão da vitalidade económica e social da cidade.
Mas o centro da cidade de Istambul, a que historicamente corresponderá a Constantinopla, é a parte que constitui a cidade turística e é impressionante. Não é difícil recuarmos no tempo e imaginarmos a cidade romana. O hipódromo é explícito. É hoje um grande espaço aberto onde num topo há um oblisco que se impões como marca da Praça. É um Oblisco construído no Egipto, em Karnak, e transportado para Constantinopla por ordem do Imperador Teodósio. Sensivelmente a meio do hipódromo fica a Mesquita azul. Enorme, imponente. A marca do poder do Islão a que nenhum crente fica indiferente. No extremo oposto do Oblisco e já separada da Praça Sultanahmet por um jardim fica a Igreja de Santa Sofia. Construída entre 532 e 537 em estilo Bizantino e dedicada, como o nome indica, à sabedoria.
Na época em que lá estive, esta cidade islâmica mas ainda muito laica, tinha na Praça Taksim a sua expressão mais ocidental. Mais recentemente esta praça foi palco de violentos confrontos. No aspecto nada a distinguia de uma qualquer praça europeia. Hoje, depois do golpe de estado que marca a viragem para o islamismo e contra o laicismo, a Praça não terá o seu aspecto cosmopolita, desinibido, arejado sociologicamente diverso. Um outro espaço de forte presença turística era a Rua das Flores. Aí concentravam-se grande número de restaurantes, onde antigamente a rua era o ponto de encontro da prostituição.
A visita aos palácios permite perceber a estratificação e organização social. Permite perceber a condição de vida da mulher, o seu mundo e poder na estrutura dinástica otomana. Não dependendo a sucessão de linhagem familiar directa, mas do juízo que o Sultão faça do melhor capacitado dos seus filhos, cabe à mulher a preparação do sucessor e portanto de garantir a sua ascendência no poder.
Tive a sorte de estar em Istambul em tempo de Ramadão. E a experiência foi magnífica. A noite era um ambiente de festa, felicidade. O hipódromo era um enorme parque de restaurantes, diversões, música. Famílias passeavam. Muitas crianças com guloseimas. Momentos de muita alegria num tempo de jejum.
Anttónio Borges Regedor
É dado como certo que já no ano 145 os Chineses escreviam em papel. E que imprimiam livros já no século VI, por altura do ano 593. Ainda antes, portanto, do designado incêncio da biblioteca de Alexandria que terá sido em 641. Mas não apenas a técnica do livro era conhecida na China, também em 748 se regista o primeiro jornal impresso nesta parte do mundo. A transferência do conhecimento desta técnica de fabricar papel, só veio a acontecer pela disputa de território entre a Dinastia Tang e os Abássidas em confronto no rio Talas, em 751, perto de Samarcanda no actual Uzbekistão. Daí ser conhecida pela batalha de Samarcanda. O confronto foi favorável aos muçulmanos que entre os prisioneiros estavam vários artesãos qualificados na produção de papel.
Conhecida a técnica, rapidamente o fabrico de papel se espalhou pelo mundo muçulmano. Cidades como Samarcanda, Bagdad, Damasco, Cairo passaram a fabricar papel. Produto mais barato que o arcaico papiro e o tradicional mas muito caro pergaminho. Bagdad chegou a ser a principal cidade exportadora de papel no mundo, em boa parte da idade média. O fabrico de papel entra na Europa através da península ibérica. A primeira fábrica europeia de papel foi localizada em Xativa, hoje denominada Valência. O passo seguinte na evolução qualitativa da escrita já só foi em 1448 com o uso de caracteres móveis por Gutemberg. E mesmo assim o que se pretendia com os livros fabricados na prensa era que imitassem os manuscritos. A esses livros que imitavam os manuscritos, é-lhes dado o nome de “incunábulos”. Assim se chamam os livros impressos até ao ano de 1500. Só depois dessa data se designarão “Livro Antigo”.
António Borges regedor
Mas que raio de cidade que muda de nome quando muda de dono.
De Mégara partiram uns gregos à aventura para fundar mais uma de tantas colónias que habitualmente formavam. Saíam dessa maneira de uma terra em grande parte montanhosa de poucos recursos, de fraca agricultura que pouco mais dava que vinho e azeite. Era preciso levar o que tinham para trocar pelo que precisavam. Assim, os de Mégara fundaram Bizâncio há vinte e oito séculos atrás. Bem situada. Mesmo na passagem da Asia para a Europa. Nessa parte do mundo onde se falava o grego dos primeiros colonizadores, a mudança de donos da terra ditou a mudança de nome. Passou a Constantinopla, capital do Império Romano do Oriente. Assim se conservou até 1453 quando os Otomanos a conquistaram. O nome mudou novamente em 1930 para ser Istambul. A que agora conhecemos ainda por este nome e que foi retratada em texto pelo Nobel Orhan Pamuk em 2003 numa edição portuguesa da Presença.
Ao cidadão comum impressiona ver a mulher islâmica caminhar de véu, atrás do homem, carregando o estigma, a inferioridade, a submissão, a dependência e segregação de género, por vezes acompanhada das outras três em igual condição.
Não é que nós, os mais velhos, não tenhamos visto alguns destes aspectos em tempos mais recuados da nossa vivência, ou seja, até cerca dos anos sessenta do século passado. Mas a laicização da sociedade, a afirmação dos direitos humanos e da igualdade de género tornaram, ainda que lentamente, a vida das mulheres mais digna.
O feminismo como movimento social, também contribuiu para a mudança de mentalidade, de costumes e de respeito pelas mulheres. Também alguma influência do feminismo ocidental se fez sentir no mundo islâmico. Nomeadamente pela influência britânica no Egipto ainda no século XIX. A opressão da mulher islâmica é entendida no uso do véu, em ter de aceitar a poligamia, na reclusão da mulher, na submissão enquanto esposa e na diferenciação dos papeis de género.
As concepções feministas ocidentais tiveram a simpatia de Huda Sharawi, que fundou a União Feminista do Egíto, e em Duriyya Shafiq , que foi fundadora da União das Filhas do Nilo.
Apesar de querer o acesso à profissão das mulheres islâmicas, Huda Sharawi afirmava não pretender mudar a sharia.
Já Zainab al-Ghazali, fazia parte da Irmandade Muçulmana, e apesar de alguma influência ocidental, nunca admitiu contradizer a religião. Entendia apenas que a mulher também deveria ocupar espaço no plano público e político, mas devia fazê-lo no contexto do corão e da sunnah dando prioridade ao seu papel de mãe e esposa. Zaibab nunca colocou em questão a forma como o islão trata a mulher.
Zainab em 1917 fez inicialmente parte da União Feminista do Egipto, para logo de seguida, e em ruptura, criar a associação da Mulher Muçulmana. A sua influência religiosa é a de um exegeta corânico e teórico do Islão político chamado Said Qutb. Esta figura é também ideólogo da Irmandade Muçulmana do Egipto. Foi influenciador da Revolução Iraniana de 1979 e da Al-Qaeda. Politicamente Zainab foi activista da Irmandade Muçulmana.
Para Zainab a mulher era fundamental para a criação de uma sociedade islâmica forte. Como mães e professoras deviam ser íntegras e religiosas. Deviam conhecer o corão, a sunnah, a política e a geografia mundial.
O feminismo hoje em dia é mais diversificado. Há exemplos de protestos feministas em mesquitas dos EUA contra a divisão dos sexos na oração. Há também o movimento Musawah de acabar com a poligamia no islão.
No fundamental as várias tentativas de melhor exprimir os pontos de vista da mulher no islão, estão sistematicamente inquinadas pelo peso do corão, da sharia e da sunnah na estrutura cultural, da mulher muçulmana.
No geral a consciência do respeito pela mulher, pela igualdade de direitos e contra os preceitos segregacionistas, de clausura da mulher e da sua menorização é muito fraco no mundo islâmico.
Ninguém espere que os homens islâmicos um dia acordem de boa consciência para estabelecer a igualdade e respeito entre homem e mulher. Os homens do islão serão sempre barreira, mas há ainda outra barreira. A das próprias mulheres incapazes de aspirar à sua identidade ontológica. Essa é a principal barreira. A que está na cabeça das mulheres islâmicas.
António Borges Regedor
Já todos ouvimos falar de normas ISO para os mais diversos produtos. Essas normas são traduzidas para a Comunidade Europeia e para os vários países. Há normas para quase tudo. É isso que compatibiliza os produtos independentemente dos produtores. É como que uma linguagem que todos combinam usar e com que todos se entendem.
A documentação também tem as suas próprias normas. Em Portugal são as NP Normas Portuguesas com correspondência com as ISO . Juridicamente são “Portarias”, publicadas em Diário da República e de aplicação obrigatória.
Claro que NP-1 fixa a designação e numeração das normas portuguesas.
As normas passam por três fases. O estudo, o Inquérito e a Norma definitiva. Há até a obrigatoriedade de as publicar em papel branco. O seu tamanho é em A4 (210mmx297mm).
Os subscritos, vulgarmente envelopes de correio têm dimensão normalizada pela NP-7 que se baseia na ISSO 269 de 1976.
A NP-9 regula a escrita dos números. É a que permite separar os números em grupos de três algarismos e usar a virgula para a separação da parte inteira da parte decimal.
Aquelas fichas que conhecemos para bibliografias, registos biográficos ou notas são reguladas pela NP-10.
Até a maneira de escrever um documento tem norma. A NP-113 é a que nos indica como se deve dividir um documento em partes, capítulos e secções e como os numerar progressivamente. A parte deve ser indicada com algarismo romano precedida da palavra “Parte” e centrada em relação ao texto e com título na linha imediata e também centrado. Os números do capítulo devem ser escritos por extenso precedidos da palavra “Capítulo”. E as secções numeram-se com a série natural dos números em algarismos árabes.
A legenda bibliográfica destina-se a facilitar a ordenação e identificação dos fascículos de revistas. Corresponde à ISO R30.
Até as abreviaturas dos títulos dos periódicos têm a norma NP-139 para permitir identificar com facilidade os periódicos e a língua em que estão escritos.
E obviamente há a NP-380 que se destina a dar às publicações periódicas, particularmente às científicas, técnicas e culturais uma apresentação que facilite a sua utilização.
Ainda nas publicações periódicas a NP 417 destina-se a fixar os elementos que devem constar do sumário. É harmonizada com a ISO 18 e foi publicada em 1993.
As análises bibliográficas e os resumos de autor têm na NP-418 o conjunto da regras a que devem obedecer.
A apresentação de artigos em publicações periódicas seria uma impossibilidade de entendimento e percepção caso não houvesse normas. Imaginem cada um a fazer de forma diferente. Obviamente que ninguém se entenderia. Para melhorar o acesso à informação contida nas publicações periódicas existe a norma 419 de 1995. E não havendo indicações específicas de cada periódico, deve ser seguida a norma quanto aos elementos de identificação que são: O título que deve ser uma representação concisa. Separado por dois pontos quendo for o caso, este só para informações complementares. O nome dos autores deve conter sempre o apelido e nome próprio, e só deve ter abreviaturas se for muito extenso.
E já que estamos a falar de publicações periódicas, a norma 712 regula as estatísticas destas edições.
Para quem se lembra dos catálogos de fichas bibliográficas em gavetas, também asseguramos que estas obedeciam à norma portuguesa 586.
Chegados às publicações não periódicas, as monografias, a NP 738 regula o sua folha de título. A folha de título num livros deve conter os elementos fundamentais de identificação, que são: Nome dos autores, título, número da edição caso não seja a primeira, local de publicação, editor e data de edição. Tudo isto no rosto. No verso da página de título deve conter ainda o número de Depósito Legal, o ISBN (número internacional normalizado do livro) entre outros elementos facultativos.
A norma 739 define índice como sendo uma lista de elementos identificadores do conteúdo de uma publicação, de modo a serem localizados no texto. Ou seja, o descritor do conteúdo e o número da página onde se encontra. E os índices podem ser de autores, assuntos, pessoas e colectividades, nomes geográficos, figuras e quadros, citações, anunciantes. E deve sr colocado no fim da publicção. (ponto 5.1 da norma).
A norma portuguesa 817 regula a forma de indicar os símbolos de línguas, países e autoridades competentes.
A numeração das semanas é regulada pela NP 951.
O número internacional normalizados das séries (ISSN) as publicações periódicas é regulado pela NP 2023.
Os sumários analíticos da publicações em série obedece à NP 3388.
Chegamos agora à denominada indexação. Trata-se doo método para a análise de documentos, determinação do seu conteúdo e selecção de termos de indexação. Tudo isto tem na NP 3715 o instrumento da sua normalização. E na sequência da análise dos documentos, a NP 4036 apresenta as directivas para a construção e desenvolvimento de Tesauros monolingues. Os termos dos documentos audiovisuais são regulados pela NP 4285-1, os documentos icónicos a NP 4285-2. A aquisição, identificação e análise de documentos e de dados pela NP 4285-3. As linguagens documentais pela NP 4285-4.
É esta a listagem do conjunto de normas que respondem aos principais problemas da documentação e que é de todo conveniente normalizar. É o que fazem as normas descritas.
António Borges Regedor
O jornal Expresso foi alvo de um ciber ataque que lhes destruiu cinquenta anos de arquivo histórico.
O ataque ao Expresso levanta pelo menos três problemas
Este tipo de crimes são muito graves. É uma forma de criminalidade sofisticada, perigosa, que põem em causa diversos direitos fundamentais do nosso modelo civilizacional e do Estado de Direito. O roubo de dados económicos e principalmente os pessoais, para com eles chantagear e exigir resgates, pões em causa o direito à privacidade dos cidadãos, à protecção das suas informações pessoais, quer sejam fiscais, económicas, de saúde ou quaisquer outras.
O ataque ao Expresso, que aqui uso como exemplo e pretexto para reflexão, não é caso único. Sabemos que ocorrem ataques similares a este frequentemente a diversas instituições. Públicas, de soberania, de segurança, fiscais, de saúde, empresas, e muitas outras. O ataque às instituições é extensivo ás pessoas que dependem ou interagem com essas instituições. É portanto um ataque a todos. E um crime contra toda a sociedade deve ser tratado como tal.
Actualmente os arquivos da maior parte das instituições estão na “cloud”, que não e mais do que um servidor que armazena os dados de memória das instituições. É fornecido por empresas privadas, com inconvenientes que pode acarretar.
O armazenamento da produção digital de todo o tipo de informação para memória histórica deve merecer a maior confiança e não deve ser exclusivo. Para esta questão, tal como existe para os documentos analógicos (livros, jornais, discos e outros) deve colocar-se com grande rigor o problema do Depósito Legal (Lei que obriga os editores a depositar numa instituição do estado uma cópia da sua produção informativa.
A Lei do depósito legal para os vários documentos analógicos sempre foi uma garantia de memória.
A produção digital, deve merecer muita atenção quanto à sua preservação. Para além da questão de segurança coloca-se também a fragilidade do digital em manter, conservar e preservar a memória documental que produz. Fica evidente a necessidade de um repositório público em condições de segurança para memória futura. Para que a História se possa fazer.
Toda a actividade social, económica, de saúde, segurança, académica está assente em plataformas digitais. É a plena sujeição ao risco de colapso por falha dos sistemas, por acção criminosa, ou terrorista, ou ambiental. É um enorme risco estarmos dependentes exclusivamente do suporte digital. Risco por toda a nossa vida, em casa, no emprego, na segurança, na saúde, estar suportada em sistemas informáticos que quando menos se espera podem ter uma quebra, e em cadeia provocar um enorme blackout.
António Borges Regedor
Ainda não percebi porque em alguns países preferem comer o peixe sem cabeça. Fazem-no de forma industrializada. Em filetes tipo “douradinhos”, ou processados tipo “delícias do mar”.
O melhor do peixe está na diversidade dos sabores da cabeça. O que de mais interessante tem o peixe é o retirar cirurgicamente as espinhas e apreciar os sabores. E saber o que se come. Se faneca ou bacalhau, embora sejam da mesma família. Se salmão ou sável embora de mesmos hábitos de desova. Se lampreia ou enguia, apesar de famílias diferentes. Se linguado ou solha, apesar de serem ambos chatos.
E se possível, grelhados.
António Borges Regedor
Mais um romance de Arturo Pérez-Reverte. Depois de se descobrir o autor, a vontade é ler mais. Ler tudo e ficar atento ás novidades. Descobri Pérez-Reverte com “A Rainha do Sul”. O livro encantou-me. De seguida alguém me emprestou “O Hussardo” e logo depois li “O Pintor de Batalhas” e “O Cemitério dos barcos sem Nome”. Fascinou-me o belíssimo “O Tango da Velha Guarda”. Livro fabuloso. Uma história cativante, instrutiva, bela, dinâmica. Faz-nos sentir no ambiente da história, imaginamos os locais, coloca-nos nos acontecimentos. Partilhamos as acções, emoções, conversas. Dançamos também o tango da velha guarda. Seguiu-se no roteiro das minhas leituras “Falcó” e “Eva”. Chegou a novidade. “Sidi”. Não tem subtítulo, apesar de a capa ter uma legenda que indicia já um dos aspectos do romance.
O romance é inspirado na figura do cavaleiro medieval “El Cid”. Apresentando-o como um cavaleiro da aristocracia, “o pai tinha-o enviado para ser educado como pajem do Infante D. Sancho” irmão de Afonso VI de Castela. No romance terá confrontado o Rei Afonso, pretendendo que jurasse nada ter a ver com a morte do irmão. E essa será a razão do seu desterro. Eis como é apresentado o perfil de homem leal. E reforça na frase de El Cid “Afonso VI desterrou-me…Mas ele continua a ser o meu rei…”. Mais uma característica de carácter que o define como um homem de princípios medievais. O de vassalagem para além dos já referidos.
Assim se apresenta o homem que vai vender os seus serviços de guerra a soberanos que lhe paguem a si e ao grupo dos seus fiéis e mercenários. Sejam eles cristão ou muçulmanos
A lenda é consequência.
António Borges Regedor
( Ciclo memórias do Porto 3)
Este foi o estádio onde treinei atletismo. Foram muitas horas às voltas na pista. Quatrocentos metros circundavam o relvado destinado ao futebol. As bancadas não circundavam completamente o terreno. Esse espaço entre bancadas era denominado a zona de peão. Nos dias mais pequenos, as luzes acendiam e o treino era feito à luz artificial. Um dos treinos consistia em subir e descer as bancadas, ziguezagueando e de forma contínua. Não era ainda o tempo das cadeiras. Um lanço comportava a zona de sentar e uma faixa onde se colocavam os pés. A corrida consistia em fazer de uma só passada esse conjunto de distância. Aí se testava a força nas pernas e a bombada do coração. Outras vezes a corrida era nos terrenos de cascalheira à volta do estádio. Aprontava-se a resistência para o corta-mato. Foi na pista de atletismo do Estádio das Antas que pela primeira vez vi e experimentei sapatos de pregos usados para as corridas de velocidade. Também aí aprendi a saltar barreiras e a fazer a corrida e obstáculos e com a vala cheia de água. Quem sabe se isso também me ajudou ao desempenho nos exercícios no serviço militar. Em todo o caso, guardo as melhores recordações desses treinos no Estádio das Antas. E ainda hoje sinto a satisfação de como se era bem tratado. De chegar ao roupeiro e receber equipamento azul e branco. Do banho quente depois do treino. Da caneca de chá quente e exageradamente adoçado com que no final do treino éramos recompensados.
António Borges Regedor
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