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Todos conhecemos histórias dos que se achavam espertos e queriam comprar telefones e levaram tijolos, ou casacos de couro e levaram molhos de jornais. Todos conhecemos histórias de parvos que se julgando espertos foram vigarizados.
Pois o mesmo acontece com a moda das criptomoedas. Já não nos basta ter prescindido do padrão ouro como garantia da moeda, o de prescindir de sentir o tilintar das moedas ou o volume das notas de papel. Até há quem esteja disposto a prescindir do registo da moeda de plástico mais ou menos garantida pelos reguladores e Estados.
A criptomoeda anda em terras de ninguém, por lugares escuros e esconsos a resvalar para o crime, o embuste ou no mínimo o risco.
São valores que a CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários) tem dificuldade em enquadrar, daí que se alguém perder, for vigarizado ou simplesmente vir desaparecer o que comprou, não se queixe à CMVM. Amanhem-se. A Dona Branca e o Pedro caldeira também davam muito dinheiro a ganhar.
António Borges Regedor
Na Grécia antiga, a mais antiga inscrição em escrita alfabética é datada de cerca de 750 a.c. diz: “O bailarino que dance com maior destreza…”.
Homero descreveu na Odisseia competições festivas com banquetes, jogos e danças. (Vallejo, 2020).
Para quem dança, não deixa de ser significativo que esta arte seja merecedora de atenção tão antiga. E que a dança esteja registada numa das inscrições alfabéticas mais antigas.
Fonte: Vallejo, Irene – O infinito num junco. Lisboa: Bertrand, 2020.
António Borges Regedor
Em final de Agosto e princípio de Setembro, mais uma feira do livro no Porto e em Lisboa.
A do Porto é de hoje, 27 de Agosto a 12 de Setembro nos jardins do Palácio de Cristal.
Recordo-me de feiras em Abril com dias de chuva que perturbavam imenso. Este tempo torna agradável o usufruto do exterior e nomeadamente de espaços agradáveis, arborizados, com diversos tipos de apoio e complementares. Os Jardins do Palácio permitem a visita à feira, mas também os passeios e o contemplar das belas imagens do Porto para o rio e para a foz, no enfiamento do rio com imagem da ponte da Arrábida do cabedelo, Afurada, baía de S. Paio e foz do Douro. Há também no palácio espaços lúdicos para a infância. Havia em tempos onde almoçar. E há a ligação ao jardim romântico da Quinta da Macieirinha para explorar. E especialmente a Biblioteca de leitura pública Almeida Garrett e galeria de Arte. Não faltam boas razões para ir ao Palácio de Cristal e visitar a Feira do Livro.
A abertura é aos fins de semana e domingo às 11 horas e à semana às 12h30. O encerramento à semana e domingo é às 21h30 e às 5ª, 6ª e sábado encerra mais tarde, pelas 11horas.
Há novidades, mas também a oportunidade de comprar na oferta com desconto dos “livros do dia”. Pode ser que esteja também por aí a oportunidade de encontrar mais barato um livro que interesse. Mas não se fica por aí o interesse da feira. Há um aspecto que actualmente considero importante para mim. É a oportunidade do contacto com o autor, do seu autógrafo e da relação de privilégio que com ele estabeleço nessa individualização do livro.
A minha biblioteca, para além das edições de estudo e referência, é hoje cada vez mais uma biblioteca de autógrafos. É com esses que fico. Muitos dos outros ofereço.
António Borges Regedor
A Igreja românica de São Pedro de Rates é o que resta de um mosteiro beneditino cluniacense.
É referência pelo estilo românico, e pelo bispo Pedro, primeiro Bispo de Braga primaz das Espanhas, ou seja, Península Ibérica.
Os vestígios mais antigos são da época romana.
Terá havido um templo pré-românico no período suevo-visigórico. As sucessivas construções conventuais terão sido desenvolvidas desde o século VI.
e a igreja datará do período asturiano-leonês, dos finais do século IX. Foi sendo alterado ao longo dos tempos.
Nos finais do século XI foi renovado por ordem do Conde D. Henrique. Este terá doado a ruina do mosteiro de Rates ao Priorado de la Charité sur Loire. Este priorado estava ligado à beneditina Ordem de Cluny. De referir que o Conde Henrique era sobrinho neto do poderoso Hugo abade de Cluny e que a regra beneditina era muito influente.
O Conde D. Henrique deu Couto das terras ao Mosteiro e este recebeu também mais rendas de D. Afonso Henriques.
Posteriormente nos séculos XII e XIII em que se dá a modificação em estilo românico. O prolongado tempo de realização de obras leva várias influências estilísticas.
A importância de Rates foi muita chegando a “Medida de Rates” ser padrão nas feiras no Baixo Minho.
Merece atenção o tímpano. A igreja tem planta de três naves, cinco tramos e transepto. É notória a qualquer pessoa a diversidade estilística bem visível nos arcos, colunas, capiteis e diversas irregularidades.
A lenda acerca de S. Pedro de Rates é construída apensa no século XVI, e não passa disso, lenda. Foi nesta época que o mosteiro foi extinto e as suas rendas entregues à Ordem de Cristo.
Tinha Foral desde 1205 dado por D. Sancho I e Foral Novo Manuelino em 1517. Os símbolos do Concelho, Pelourinho e Casa da Câmara, ainda existem.
A reforma liberal de 1836 extinguiu o Concelho e integrou-o no da Póvoa de Varzim.
Não se deve perder a oportunidade de visitar este belo exemplar do românico até porque está no caminho de Santiago e de Fátima e tem acesso por uma excelente ecopista que dá acesso por Póvoa de Varzim a 13 Km e por Famalicão a 15 Km.
António Borges Regedor
Tresminas foi uma enorme zona de exploração mineira que se calcula tenha abastecido o Império Romano de grande quantidade de ouro extraído nesta região de Vila Pouca de Aguiar.
O Território de Vila Pouca de Aguiar é atravessado pela falha geológica de Penacova-Régua-Verin, a que estão associados granitos. A zona de Tresminas é de xistos e grauvaques. Estas rochas resultam de fenómenos geológicos com a verificação de existência de ouro.
É provável que anteriormente aos Romanos as populações já extraíssem ouro nas areias dos rios da região. Os Romanos passaram a extrair ouro nesta região, no primeiro século d.C..
Para organizar e vigiar a exploração aurífera terá estado um destacamento da Legião VI vitrix de León ou da X gemina de Astorga. Mais tarde foram substituídos pela Legião VII gemina.
O processo de extracção assemelha-se de alguma forma ao usado em “Las Médulas” Leão, Espanha, mas sujeito à condicionante da diferença geológica. Nas médulas a característica geológica é a de rochas sedimentares de conglomerados e argilas.
Supõe-se que os romanos utilizassem trincheiras e galerias para prospecção e nos locais onde iam seguindo o filão. Este seria denominado ouro canalício. No caso da quantidade de ouro se encontrar mais disseminado, faziam o desmonte da toda a montanha num processo que localmente se denomina de cortas. A técnica era a de colocar estacas de madeira nas fissuras das rochas que com água se faziam inchar e dessa forma fracturar a rocha. Com fogueiras aqueciam as rochas que calcinadas e com água fracturavam por choque térmico. Assim sucessivamente iam desmontando a montanha.
Obtida a rocha da frente de desmonte, era triturada para separação do xisto estéril e da restante ganga. Posteriormente moído em pisões que são grandes martelos movidos a água ou mesmo em moinhos de mós circulares. Depois de moído era lavado, depositando-se o ouro por gravidade.
Esta exploração aurífera romana faz parte de uma longa linha de mineração de que conheço o “Fojo da pombas” na Serra de Santa justa em Valongo, “Jales”, perto de Vila Real mas já no Concelho de Vila Pouca de Aguiar que são ambas minas em galeria e “Tresminas” aqui referida e “las medulas” em Espanha que são minas essencialmente a céu aberto por técnica de desmonte.
O que mais fascina é o esforço do trabalho braçal necessário, as técnicas adequadas a cada tipo de terreno, bem como a capacidade de organização, controlo da extracção e transporte do ouro para Roma.
António Borges Regedor
É difícil um outro castelo em ponto tão alto e em enorme cabeço rochoso. É impressionante e penosa a subida a esta fortaleza natural onde foi edificado o castelo. Mas no final, no cimo do castelo, na acrópole, a vista é deslumbrante.
Hoje em dia a entrada no castelo faz-se pela “ porta da traição” e não pela entrada principal. Do que resta da muralha podemos imaginar as funcionalidades e os vários espaços. Na parte mais alta do castelo ainda se pode entrar numa estrutura coberta com lajes de granito que poderá ter sido uma cisterna.
Não se conhece a data da sua origem, mas sabe-se que teve função até ao século XVI. a região terá ocupação desde a pré-história, mas é no período romano que é mais significativa com a exploração de ouro na região e concretamente nas minas a céu aberto de “Tresminas”.
O castelo tem já existência no tempo da independência de Portugal, testemunhado pelo cerco por tropas leonesas dado o seu tenente ser fiel a D. Afonso Henriques.
A freguesia onde se localiza é Telões que recebeu foral de D. Afonso III em 1255. O Concelho foi integrado no Foral de Aguiar da Pena em 1515.
Está na Rota da EN2 e tal como “Tresminas” é imperdível a visita a estes dois lugares.
António Borges Regedor
Excelente ecovia. Toda em piso asfaltado. Estão de parabéns as Câmaras Municipais de Póvoa de Varzim e de Famalicão. É uma ciclovia muito frequentada. Ao longo de toda a ecovia cruzamos com grupos de ciclistas e algumas famílias. Também há muitas pessoas a caminhar. A própria ciclovia tem marcada uma faixa para peões em toda a sua extensão. A ciclovia inicia a poucos metros da estação terminal de Metro na Póvoa de Varzim e também termina antes da estação de caminho de ferro de Famalicão. Tem um elemento que valoriza muito a ecopista, que é o passar junto à igreja de Rates, o que resta do Mosteiro beneditino. Aqui justifica-se a paragem para a visita à igreja exemplar do românico, e à própria Vila que já foi Concelho Medieval. O Restaurante “Da Villa” recebe bem, é simpático e situa-se muito perto da igreja.
A ecovia tem no entanto um grande factor de risco que merece muita atenção e cuidado dos ciclistas e deveria ter muito mais dos automobilistas. A ciclovia tem do lado da Póvoa de Varzim muitas travessias de ruas e estradas nacionais. Cruza em Rates com a EN 205. Em Gondofelos cruza com a EN 206 e já quase a chegar a Famalicão com a EN 204. Pelo meio há outros atravessamentos a merecer muito cuidado. Nada que não ajude a acalmar a marcha e descansar.
Os declives são suaves, a paisagem é rural e nesta altura do ano tem muita cultura de milho. A vegetação torna-a agradável mesmo nas temperaturas altas próprias do verão.
António Borges Regedor
São cinquenta e dois anos de distância e parece ainda soar a música de Woodstock. O enorme rumor de milhares de jovens e outros nem tanto.
Em destaque Jimi Hendrix. Parece que ainda estou a ouvir no vinil os sons metálicos, que fazia do hino dos estados unidos da américa, produzidos nas cordas da sua guitarra. Destaque também para Grateful Dead e Janis Joplin com direito a foto.
Três dias de paz e música. No dia 15 de Agosto de 1969 era uma sexta-feira. O cartaz anunciava Joan Baez, Arlo Guthrie, Richie Havens, Sluy and The Family Stone, Tim Hardin, Nick Benes, Swetwater. No dia seguinte, sábado 16 o programa prometia Canned Heat, Credence Clearwater, Grateful Dead, Janis Joplin, Jefferson Airplane, Santana, The Who e ainda Jack Harrison. Para o último dia, 17, a lista de subida ao palco seria The Band, Jeff Beck Group, Blood Sweat & Tears, Joe Cocker, Crosby Stills & Nash, Jimi Hendrix, Iron Butterfly, Ten Years After e por ultimo Jonny Winter.
Assistiram ao festival de três dias quinhentas mil pessoas. Os contratempos e atrasos não incomodaram os assistentes. Tudo em paz e amor. Vivia-se a contestação à Guerra do Vietnam em que os americanos se viam envolvidos desde 1965. O muro de Berlim tinha sido construído em 1961 e vivia-se a guerra fria. O catolicismo tinha virado uma página da história em 1962 com as mudanças resultantes do Concílio Vaticano II. Em 1967 iniciava-se a televisão por satélite. E nesse ano de 1969 tomou posse o Presidente Nixon, o homem pousou na Lua e os Beatles lançaram “Yellow Submarine. É neste caldo de cultura, ciência e movimentos sociais que se destaca o movimento hippie que dá corpo a Woodstock, à contestação à guerra e constitui significativa mudança cultural e social.
António Borges Regedor
Muitos portugueses conhecem bem os nefastos efeitos do nuclear. Entre eles estão as famílias dos mineiros da Urgeiriça que ainda hoje sofrem doenças relacionadas com a mineração feita nessas minas de urânio portuguesas. A associação AZU ( Associação das Zonas Urâniferas) tem sido porta-voz destas populações. Na generalidade os portugueses sempre tiveram uma posição de recusa do nuclear. Isso foi notório nas lutas que desenvolveram contra Ferrel, contra Sayago, perto de Miranda do Douro, contra Aldeadavila ou contra Almaraz, e mais recentemente cotra as minas de Retortillo.
Vários movimentos locais portugueses e espanhóis agrupados no MIA (Movimento Ibérico Antinuclear) desenvolvem permanente informação, reuniões e acções de defesa do ambiente e saúde das populações contra o nuclear.
Recentemente o Conselho de Segurança Nuclear Espanhol decidiu negar a autorização para a abertura de uma mina de urânio em Retortillo que se situa a cerca de 50 KM de Portugal, na zona do Parque Natural do Douro Internacional. Esta posição do Conselho de Segurança Nuclear constituirá mais um obstáculo a uma eventual decisão favorável do Governo Espanhol quanto à possibilidade de autorizar esta mina de urânio.
Não podem os ambientalistas anti nuclear ficar menos atentos apesar da nota de esperança que leve ao encerramento total da fileira nuclear na Península Ibérica.
António Borges Regedor
A independência de Portugal foi muito difícil de conseguir. Levou vários anos até que a entidade de reconhecimento à época, O Papado, reconhecesse Afonso como rei de Portugal. Apesar de sua mãe sempre o pretender e se equiparar e rivalizar com sua irmã Urraca. O mesmo com Afonso Henriques e a permanente rivalidade com o seu primo Afonso VII, rei da Galiza desde 1111, de Leão 1126 e de Castela e Toledo desde 1127. Perante o crescendo de importância do seu primo rival será compreensível a preocupação de Afonso de Portugal que apenas Conde, pretende ser rei e isso implica preparar as defesas do reino pretendido.
O seu pai morre em 1112 e a disputa do Condado com a sua mãe dá-se em 1128 no episódio de São Mamede. Dois anos depois, em 1130, decide dotar Lapela de uma fortificação encarregando Lourenço Gonçalves de Abreu de a erguer e de ser o seu primeiro Alcaide-Mor. Este fidalgo, próximo de Afonso Henriques, era já senhor do Couto de Merufe, de Lapela e outros lugares.
A torre que é o que resta da fortificação, foi construída muito mais tarde. Apenas entre 1367-1383. É de secção quadrada com 10 metros de lado e paredes com três metros de espessura. Eleva-se a 35 metros e só permite a entrada por uma porta, à altura de seis metros, aberta na parede norte.
No reinado de D. Manuel (1495-1521) beneficia de reforço da estrutura.
Após a restauração da independência a importância militar do castelo medieval da Lapela vai perder a favor da fortificação de Monção, para onde é levada pedra do castelo da Lapela, o que acarreta o seu desmantelamento, em 1706, no reinado de D. João V. Ficou apenas a Torre que hoje podemos ver e visitar. O que vemos é já produto das intervenções realizadas pela ditadura com alterações como a construção de ameias.
Em 2016, numa louvável iniciativa da Câmara Municipal de Monção, sofreu obras de beneficiação para ser núcleo museológico e comportar uma exposição referida à sua história cujos dados também contribuíram para a realização deste texto.
António Borges Regedor
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